segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O alívio da asma

Os novos tratamentos e aparelhos que ajudam a evitar as crises da enfermidade

Michel Alecrim
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INTERVENÇÃO
A solução para tratar as crises das gêmeas
Natália e Isabela foi submetê-las a uma cirurgia
Conviver com as formas mais graves da asma tem um preço alto para a qualidade de vida. A comerciante Cleusa Nunes, 57 anos, de Porto Alegre, por exemplo, perdeu a conta das noites passadas no pronto-socorro e das internações para tratar crises constantes e intensas. Novos medicamentos, aparelhos e tratamentos, porém, estão mudando a vida de pacientes na mesma condição. Cleusa, por exemplo, foi submetida a um procedimento inovador, chamado de termoplastia brônquica, testado em um estudo pioneiro com 45 voluntários feito no Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

A nova terapia consiste na introdução de uma cânula muito fina, com um eletrodo na ponta, pela garganta do paciente até chegar ao interior dos pulmões. Lá dentro, o eletrodo emite ondas de calor. “Elas diminuem o espessamento da musculatura ao redor das vias respiratórias, causado pela força que o asmástico faz para tentar respirar e tossir”, explica o médico Adalberto Rubin, que coordenou a pesquisa no País. O método já foi aprovado nos Estados Unidos e começa a ser usado em pacientes americanos.

No Brasil, a técnica aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para fazer parte do arsenal dos médicos. “Fizemos parte de uma pesquisa mundial que comprovou a eficácia do método, mas ainda não podemos oferecê-lo aqui por causa da burocracia”, lamenta o especialista. Para Cleusa, a terapia foi revigorante. “Ainda uso a bombinha, mas vivo melhor, vou à academia e consigo até correr na esteira”, diz ela. Procurada pela reportagem, a Anvisa não se pronunciou.
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Outra novidade é o aparelho de fabricação sueca Airsonett, que elimina inimigos como a poeira e os ácaros enquanto fica ligado em local próximo à pessoa. Na área das medicações, um dos avanços mais recentes foi a utilização, para as pessoas muito afetadas pela enfermidade, de uma substância chamada omalizumabe, disponível há um ano para os pacientes brasileiros. O remédio se destina a conter a produção excessiva de anticorpos que deflagram a crise. A dona de casa carioca Marcleide Cabral, 31 anos, que participa de um programa de assistência a asmáticos no Hospital Universitário Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, começou a receber injeções desse medicamento há três meses. “Nas últimas semanas, eu me livrei das crises e estou conseguindo levar uma vida normal”, comemora.

Segundo o médico Eduardo Costa, do Hospital Pedro Ernesto, no Rio, o omalizumabe é um medicamento a ser dado apenas depois que foram esgotadas todas as possibilidades de terapia com os remédios existentes. “O principal problema é o custo de cerca de R$ 5 mil das aplicações. Mas compensa se levarmos em conta que a pessoa vai parar de gastar com internações rotineiras”, afirma o especialista.

Na maioria dos casos, o acesso a essa medicação tem sido obtido na Justiça, por liminar. O uso de drogas chamadas anticolinérgicas, que agem sobre os nervos que desencadeiam a reação alérgica, também mostrou bons resultados em pesquisa realizada pelo Imperial College, da Inglaterra.

Em algumas situações, o alívio ao sofrimento imposto pela doença pode vir também na forma de uma cirurgia. A administradora Mara Souza, 41 anos, de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, decidiu submeter as filhas gêmeas Natália e Isabela, 4 anos, a uma operação de retirada da adenoide – um tecido de dentro da narina que pode infeccionar e bloquear a respiração. Foi a solução para as crises. “Depois desse procedimento elas estão muito bem e até ganharam peso”, diz Mara.
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Na opinião da pneumologista Márcia Pizzichini, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, não há um tratamento padrão para a doença. É necessário avaliar a intensidade do problema e observar a reação do paciente às terapias até encontrar a combinação de técnicas mais adequada. A maioria se beneficia com a inalação do medicamento corticoide associado a um broncodilatador. “Hoje em dia praticamente não trazem efeitos colaterais”, afirma Márcia. Há casos, porém, que não se resolvem com esses recursos. Por isso novas opções são tão bem recebidas.
Fonte: Ministério da Saúde
Fotos: João Castellano/istoe


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