segunda-feira, 1 de outubro de 2012


Lição 1- Primeiro Conselho de Paulo: Experimentem a vontade de Deus!
Texto: Romanos 12.1,2

O capítulo 12 marca o início da segunda parte da Carta de Paulo aos Romanos. Normalmente aceitamos que, na primeira parte (capítulos 1 a 11), Paulo tratou das questões de natureza teológica ou doutrinária. Já na segunda parte (capítulos 12 a 16), o apóstolo cuidou de assuntos práticos ou vivenciais. Uma outra forma de analisar isso seria dizer que a primeira é a parte da ortodoxia[1] paulina, e a segunda, a parte da ortopraxia[2]. Na metade inicial Paulo apresentou o fundamento, a base para os conselhos pragmáticos que ofereceu na metade final.
É precisamente do início da parte prática da Carta que extraímos o primeiro conselho de Paulo para a vida cristã: Experimentem a vontade de Deus!
Nesta primeira lição nós vamos considerar o significado deste conselho e sua observância em nossos dias.

Chega de conversa fiada!
Depois de toda uma ampla exposição sobre a doutrina correta, Paulo iniciou a aplicação à vida dos seus leitores originais (os cristãos que viviam em Roma) com um apelo veemente: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus…” (v.1). Em outras palavras: “Eu insisto que vocês, com a ajuda de Deus, ajam da seguinte maneira…”.
Vale a pena observarmos como Paulo era corajoso expositor das Escrituras. Assim como foi perseguidor corajoso dos cristãos, nos tempos da cegueira farisaica, agora tornou-se expositor intrépido da Palavra de Deus. É papel de quem ensina ou prega a Bíblia, não apenas apresentar suas verdades, mas também apontar as áreas da vida nas quais tais verdades se aplicam e como se aplicam. Pois é na hora da aplicação que a teologia se transforma em vida. O Dr. Martin Loid Jones disse: “Precisamos ter luz e calor, sermão e pregação. Luz sem calor jamais afetará a quem quer que seja; calor sem luz não tem valor permanente. No que consiste a pregação? Em lógica pegando fogo! Em raciocínio eloquente! Em Teologia em chamas!”
Se a Carta de Paulo aos Romanos terminasse no capítulo 11, não passaria de discurso teológico, de sermão sem pregação, de lógica fria e teologia molhada. Mas os 5 últimos capítulos atearam fogo na teologia. Paulo mostrou-se profundo na ortodoxia e contundente na ortopraxia.
Como precisamos disso em nossos dias! Quanta falta faz-nos o púlpito ungido, corajoso, contundente; quanto necessitamos de professores de EBD com a capacidade de ensinar lições banhadas em mensagens relevantes, oportunas e incômodas ao nosso eu secularizado.
Vivemos dias difíceis, quando o palavrório religioso está roubando o lugar do ensino fervoroso; quando o blá-blá-blá evangélico está ocupando o espaço da influência benfazeja de cristãos maduros sobre a vida de discípulos iniciantes. Eis o conselho de Paulo para a nossa igreja hoje: Chega de conversa fiada! Está na hora de vocês, cristãos, mostrarem o verdadeiro evangelho por meio de ações concretas, subsidiadas por condutas íntegras e posturas corajosas, brilhando como estrelas, diante de uma cultura relativista e malignamente em desordem (veja Fl 12-16). Na trilha para experimentar vontade de Deus passamos necessariamente pelo desafio de romper com a religiosidade do discurso e enfrentar o mundo com os valores do evangelho.

É pegar ou largar!
Paulo entende que a vontade de Deus não era para ser apenas entendida, debatida ou discutida; precisava ser experimentada. “… para que experimenteis…” (Rm 12.2). Experimentar aqui (como traz a versão Revista e Atualizada da SBB, bem como a Versão Revisada da IBB), é tradução do grego ‘dokimazo’, que significa: Testar, examinar, provar, verificar, reconhecer como genuíno etc.  Eugene Peterson ousou uma tradução alternativa: “… Descubram o que ele quer de vocês e tratem de atendê-lo…”(A Mensagem). Notemos que o sentido apontado é o da vida prática, da realidade cotidiana, da concretude em que precisamos decidir fazer o que entendemos ser correto diante de Deus e então verificarmos os resultados desta nossa decisão.
Neste ponto o cristão vai precisar fazer uma escolha: ou estaciona numa religiosidade contemplativa e meramente teórica, que em nada altera e nada impacta a vida e a história; ou avança corajosamente, pela fé, para uma práxis cristã libertadora (do comodismo farisaico) e construtora (de uma personalidade mais semelhante a Cristo e de uma sociedade mais consentânea com os propósitos de Deus). Não existe meio termo: é pegar ou largar.

Acertando o alvo!
Para experimentar a vontade de Deus nas áreas e nas questões bem práticas do nosso dia a dia, vamos precisar praticar a dedicação integral das nossas vidas a Deus. Isso se dá por meio de três atitudes bem simples, mas extremamente profundas:

1.     Precisamos dedicar a Deus as nossas ações (Rm 12.1)
Tudo o que fazemos é por intermédio do nosso corpo. É por ele que vivemos, pragmaticamente falando. Todas os nossos atos são concretizados pelos membros do nosso corpo. Assim, ‘apresentar o corpo’ significa praticar ações que subam até as narinas de Deus como cheiro suave (veja Levítico 29.8); implica adorar o Senhor com todas as nossas ações.
A pergunta é: As nossas ações são dignas de serem apresentadas a Deus como adoração e louvor?

2.     Precisamos dedicar a Deus os nossos pensamentos (Rm 12.2a)
Renovação da mente implica substituição de paradigmas. Os conceitos, princípios e valores errados que jazem em nossas mentes, depositados ali sorrateiramente pelo Diabo, pai da mentira (Jo 8.44), precisam ser substituídos pelas verdades eternas da Palavra de Deus. Chamamos de libertação o resultado desta substituição (Jo 8.32,36), que se dá em nossas vidas pelo processo que chamamos de santificação. À medida que a Palavra de Cristo vai habitando em nós e nos libertando das mentiras de Satanás, forma-se em nós a mente de Cristo (1Co 2.16).
Se por um lado tudo fazemos por meio do corpo, por outro lado é a mente que comanda o corpo. Logo, o corpo é servo da mente. Como pensamos determina o que fazemos e até quem somos (Pv 23.7). Assim que, se a impureza e o mal dominarem a nossa mente, o nosso corpo será instrumentalizado para o pecado e para a maldade. Por isso mesmo, o próprio Paulo nos adverte a cuidarmos bem e sermos seletivos em tudo o que pensamos (Fp 4.8).
A pergunta agora é: Que tipo de ações são prenunciadas pelos pensamentos que permitimos habitar em nós?

3.         Precisamos dedicar a Deus as nossas intenções (Rm 12.2b)
Se o corpo é controlado pela mente, os nossos desejos também deveriam ser. Mas o pecado, que marca a nossa natureza humana, luta tenazmente para que os nossos desejos carnais controlem a nossa mente.
Mas é exatamente quando dedicamos a Deus as intenções e desejos do nosso coração  que a mente de Cristo, em formação em nós, prevalece sobre a nossa vontade má, imperfeita e amarga, contrastante com a de Deus, que é boa, perfeita e agradável.
De forma que, mesmo desejando ou tendo alimentado a intenção de conseguir algo que colide com o querer divino, eu sigo o exemplo de Paulo e também  “… esmurro e reduzo-o à escravidão…(1Co 9.27).
Aqui a pergunta a ser feita é: na nossa vida, as nossas paixões têm controlado a nossa mente e, por isso, determinado as nossas ações?
Esta dedicação total, de intenções, pensamentos e ações a Deus, nos fará experimentar a sua vontade em cada área da nossa vida. Quer no contexto conjugal e familiar, quer em nossos relacionamentos, na nossa vida profissional e também na nossa vivência eclesiástica.
O primeiro conselho de Paulo para a vida cristã é que vivamos uma vida linda, sempre dedicando nossos desejos, pensamentos e ações ao senhorio de Cristo, que nos esquadrinha por sua Palavra viva e operosa (Hb 4.12); encarando, dia após dia, o desafio de experimentar a vontade de Deus em cada aspecto e em cada área da nossa vida.
Que consigamos vencer todas as barreiras, para seguir este abençoado conselho, parando de conversa fiada, dedicando todo o nosso ser a Cristo.

Leituras diárias:
segunda- feira
1 Coríntios 6.19,20
terça-feira
Filipenses 1.20,21
quarta-feira
Gênesis  22.1-24
quinta-feira
Efésios 4.17-24
sexta-feira
2 Coríntios 3.18
sábado
1 João 2.15-17
domingo
Efésios 6.5,6


[1] Ortodoxia –”Termo aplicado em qualquer religião ao conjunto de doutrinas e escrituras em conformidade com os livros sagrados e os ensinamentos das autoridades religiosas”. 
[2] Ortopraxia (do grego, ὀρθοπραξία: orthopraxia, "ação correta") é a ênfase na conduta, tanto ética quanto litúrgica.

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