quarta-feira, 27 de julho de 2016

“O TEMPO NÃO PARA”

Eclesiastes 3.1-22

De fato, o tempo não dá trégua para ninguém.
O tempo é algo preciso, é algo milagroso, é algo que não pode ser desperdiçado.
O tempo é:
 1) Inelástico: não aumenta e nem diminui;
 2) Indispensável: é necessário para que aconteçam todas as demais coisas, e
 3) Irreversível: não volta atrás. O tempo é o mesmo para todos, já a sua administração
é outra coisa. É pessoal e intransferível!
Cada ano que recebemos de presente para vivermos possui:
1) 31.536.000 segundos; 2) 525.600 minutos; 3) 8.760 horas, e 4) 365 dias. Olha quanto tempo
recebemos na virada de cada ano! E só de pensar sobre isso, o tempo vai passando.

1 – Tudo tem o seu tempo determinado.

Deus é a causa incausada, disse o filósofo Aristóteles. O motivo pela qual tudo existe e está fundamentado. Todas as coisas são conhecidas previamente pelo Eterno, estão rigorosamente debaixo do seu controle e há tempo para tudo acontecer. Tudo tem o tempo próprio, a hora adequada, o momento certo, a situação apropriada. Há tempo para plantar e colher (v. 2), há tempo de derrubar e de edificar (v.3), há tempo para ajuntar pedras e espalhar pedras (v. 5), há tempo de guardar e tempo de jogar fora (v.6), e há ainda tempo para muitas outras coisas. “Tudo tem o tempo determinado” refere-se às estações tanto da natureza quanto da vida humana (zeman, isto é, tempo determinado).
É o mesmo termo usado em Neemias 2.6. Seja a natureza ou qualquer outra coisa, todas as coisas
estão dispostas diante de Deus e sob seu Senhorio.
A arte da vida não está em saber disso, porque isso é simples.
A grande questão da nossa vida está em sabermos lidar com o tempo, pois requer de nós sabedoria e
discernimento. Há muitas pessoas que vivem sem regras e sem leis, pois não acreditam na soberania
absoluta do Criador e o Seu relacionamento conosco.
Olhar como os mais vividos fizeram, orar a Deus a fim de encontrar serenidade na alma e buscar orientação em Suas palavras podem nos ajudar a trilhar o nosso caminho na vida, no tocante à administração do tempo.
Receita pronta ninguém tem para saber administrar o tempo com perfeição, pois o mesmo é um fenômeno que passa necessariamente por três exercícios interessantes:
paciência, esperança e fé. O tema do tempo é filosófico, subjetivo, no entanto, ninguém pode correr
dele. Nossos caminhos serão felizes quando desenvolvermos a habilidade de discernir o tempo para
todas as coisas.

2 – O tempo para todo propósito debaixo do céu.

Tempo e propósito não estão numa batalha. Pensar sobre o tempo é pensar também sobre a razão,
o propósito de todas as coisas. A palavra propósito é a tradução da palavra hebraica cheephetz, que
significa desejo, inclinação, desígnios, intenções humanas. À medida que correspondemos ao Criador, descobrindo o propósito para a vida, vamos vivendo bem.
Em Eclesiastes 3.11 vemos que “tudo fez Deus no seu devido tempo”, e acrescenta no versículo 14:
“tudo quanto Deus faz durará eternamente”.
Podemos, então, dizer que Deus fez “tudo” certo e da “melhor” maneira. Nada ficou para ser
feito, melhorado ou acabado.
Precisamos pensar em três princípios para a boa administração do tempo:
1) Alvo: fazer a coisa certa;
2) Prioridades: fazer na hora certa;
3) Planejamento: fazer da maneira correta.
A maneira como tocamos a nossa vida é influenciada pelos nossos alvos. Os alvos que projetamos são influenciados pelas nossas prioridades.
E, para atingirmos isso, devemos ter planejamento. Quando esses princípios estão em dia, podemos vislumbrar caminhos seguros e equilibrados. A orientação divina deve ser o nosso alvo. Nossas prioridades serão influenciadas com isso. O nosso planejamento não irá faltar, pois nossa fé não é burra.
O tempo que temos usado com propósito nos ensina a sermos prudentes (Ef 5.15), a saber aproveitar as oportunidades (Ef 5.16) e a administrar bem o próprio tempo (Sl 90.12).

3 – O tempo de todas as coisas.

1. Tempo de nascer e de morrer –
É comum ouvirmos nas mais diversas doutrinas religiosas que o dia do nascimento e da morte de uma
pessoa já está determinados. Salomão, que depositava no Criador a sua forma de enxergar todas as
coisas, entende que a vida humana está guardada em Deus. Ainda sobre nascer e morrer, temos a realidade do plantio: “tempo de plantar e tempo de arrancar o que plantou”.
Na agricultura, obedecer as estações estabelecidas pelo Criador é de vital importância para um bom
plantio. Todas as coisas acontecem e Deus previamente conhece. A vontade do Eterno sempre acontece! Nascer e morrer, bem como, plantar e arrancar são experiências determinadas por Ele.
2. Tempo de matar e tempo de curar – Todos nós sabemos que as nossas guerras político-religiosas
e de outras naturezas preservam esse tempo de matar por toda a parte, mas a realidade do tempo
de curar não pode ser ignorada. Os judeus acreditavam muito na cura divina, sem o uso de medicamentos, a cura pela cura, tendo Deus como a causa. Temos também aqui o tempo de derribar e o tempo de edificar. Podemos fazer um paralelo: há várias construções e edificações (curar), mas também o tempo de destruir e derribar (matar).
Construir e destruir são marcas da humanidade decaída pelo pecado!
3. Tempo de chorar e tempo de rir – Chorar pelas calamidades, tristezas, enfermidades e decepções
fazem parte da vida, uma vez que são consequências inevitáveis do pecado. Todavia, rir faz parte
dos planos divinos para a nossa vida. Quantas e quantas vezes sorrimos e até choramos de alegria?
Aqui também temos o tempo de prantear e tempo de saltar de alegria.
Nossa vida é ciclo após ciclo repleta dessas experiências!
4. Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras – Em toda construção é preciso espalhar
pedras de um terreno pedregoso e apenas usar as realmente adequadas ao empreendimento. Não dá
para construir uma vida com qualquer pedra, precisamos selecionar as mais firmes, para não tombarmos diante dos ventos e tempestades.
O sábio também percebeu na vida o tempo de abraçar e o tempo de se afastar do abraço, isto é,
de construir relacionamentos e de romper com os mesmos.

5. Tempo de buscar e tempo de perder – Aqui o sentido é puramente material, ou seja, ganhar
ou perder vantagens, aproveitar ou não as oportunidades, perder ou ganhar riquezas. Aqui temos
também o tempo de guardar e o tempo de lançar fora. Esses são os períodos que vivemos em nossa
vida: ora aproveitar o que conquistamos, ora perder aquilo que suamos para conseguir. Eis as
contradições do tempo!
6. Tempo de rasgar e tempo de remendar – Os termos aqui são familiares à prática da costura, no
entanto, se aplica a tudo o que na vida podemos começar, por algumas razões parar, mas novamente
recomeçar. Nossa vida é repleta deste ciclo. Mas também temos o tempo de falar e o tempo de ficar
calado. Precisamos desenvolver o equilíbrio entre o momento em que se deve falar, sem nos esquecer do momento que é melhor o silêncio.
7. Tempo de amar e tempo de odiar – É impossível não vivermos o tempo de amar, sobretudo, amar
os nossos familiares, os que nos fazem muito bem e estão conosco para o que der e vier. Infelizmente,
também vivemos a experiência do aborrecimento, da briga, do ódio, de vivermos dias de lutas. Esse
ódio é a causa do tempo de guerra, enquanto o amor é a causa do tempo de paz. A vida é feita de ciclos de amor, mas também de aborrecimentos.
Que nunca nos falte o amor e a paz!

Para pensar e agir:

1 – Como está o seu tempo? O tempo é uma medida que não muda. É igual a todos. O que muda
não é o tempo, mas o uso que fazemos dele, a forma como o compreendemos, a ideia que temos dele.
Nós somos os únicos responsáveis pelo nosso tempo.
2 – Como você tem tratado o seu tempo? Tempo é dádiva. É milagre. É oportunidade. É trabalho. Para vivermos bem, não podem faltar: planejamento, alvo e prioridade, buscando sempre em todas essas coisas a orientação do alto. Olhando a vida dos nossos pais na fé, homens fracos e falhos, mas dependentes e experientes, homens e mulheres de batalha e de fé!
3 – Seu tempo hoje é sinônimo de felicidade, apesar das lutas? O tempo que temos precisa ser tratado
com sabedoria, investindo o máximo possível em construções eternas, onde podemos reclinar a
nossa cabeça no travesseiro da felicidade!

A INUTILIDADE DE CORRER ATRÁS DO VENTO

Eclesiastes 1.1–2.26

        A palavra Eclesiastes vem do termo hebraico ת לֶ הֶֹ֣ק , ou seja, “reunir” ou “juntar”, e a sua forma
sugere algum tipo de cargo público. Era, possivelmente, um status eclesiástico de alguém que
convocava uma assembleia ou falava perante ela. A raiz da palavra Eclesiastes é a mesma usada
para o termo “igreja” ou “congregação”
Eclésia. O título do livro que estamos refletindo pode ter diversas traduções: “o Pregador, o Orador, o Presidente, o Porta-voz, o Filósofo, o Professor”.
O autor do livro é o rei Salomão, defendido pela tradição. Era conhecido pela sua sabedoria – “Palavra do Pregador, Filho de Davi, rei de Jerusalém” (Ec 1.1). A temática do livro pode ser resumida assim: “Vaidade de vaidades” diz o Pregador; “vaidades de vaidades! Tudo é vaidade” (Ec 1.2).
Ao lermos o Eclesiastes, temos a impressão de que Salomão, em um dia que não tinha muita coisa
a fazer, sentou em seu trono real e começou a meditar na vida, em tudo o que já havia feito, chegando
à conclusão de que sua vida era inútil, pois gastou muito tempo com coisas inúteis.
De fato, é um tema interessante. Em minha opinião, perece que o autor está sem otimismo, cau17
sando em nós também certo desânimo diante da vida. Reflitamos um pouco mais adiante.

1. A vaidade do ter (Ec 2.1-11)

Salomão foi um homem extremamente rico. Um pouco da sua fortuna está explícita em 1Reis
10.14-29. O capítulo 2 do Livro de Eclesiastes descreve que o mesmo investiu muito em coisas e em
pessoas: casas, jardins, bosques, gado, terras, cantores, escravos, etc. Está registrado: “Tudo quanto
desejaram os meus olhos não lhes neguei” (Ec 2.10).
Conta-se a história de certo rei que era muito infeliz. Ele consultou os sábios do seu palácio querendo
que o ajudassem a encontrar a felicidade. Os sábios lhe disseram que a única maneira de ser feliz
seria usando a camisa de um homem feliz. Então o rei mandou mensageiros por todo o reino, a
fim de encontrar um homem feliz e comprar sua camisa a qualquer preço. Eles viajaram por diversas
cidades, mas não encontraram ninguém que fosse verdadeiramente feliz. Por fim, quando já estavam
desistindo da missão, ouviram um homem cantarolando e nadando alegremente num riacho ali perto.
Eles pararam e perguntaram: “O senhor é feliz?”. Ele respondeu: “Claro que sou! Acho que sou até
o homem mais feliz do mundo! Não tenho quase nada, mas tenho a liberdade de vir para cá sempre
que quero. Aqui posso tocar meu violão, posso cantar à vontade, posso pescar, posso nadar, posso
ver o pôr do sol e os pássaros me fazem companhia”. Então, os mensageiros do rei desceram do cavalo, pegaram uma grande quantia de dinheiro e disseram ao homem: “O rei precisa da sua camisa e ele quer comprá-la”. Aquele sujeito começou a sorrir e disse: “Diga ao rei que o homem mais feliz do mundo não tem camisa”.
Sobre a temática do conto acima, o Cristo nos ajuda dizendo: “porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lc 12.15). Salomão chegou também a esta conclusão.
Vejamos: “Mas, quando pensei em todas as coisas que havia feito e no trabalho que tinha tido para conseguir fazê-las, compreendi que tudo aquilo era ilusão, não tinha nenhum proveito. Era como se eu estivesse correndo atrás do vento” (Ec 2.11 - NTLH).

2. A vaidade da sabedoria (Ec 2.12-17)

Você saberia me informar quantas horas tem um ano? Sabe quantos segundos tem um dia?
Sabe quantos dias dura a primavera? Sabe qual é o diâmetro da terra? Que perguntas esquisitas
a essa hora – você pode pensar – mas se soubesse respondê-las, na ponta da língua, eu diria que
você é um gênio. Essas informações para Salomão era fácil, pois ele era muito sábio.
A Bíblia relata que “de todos os povos vinha gente a ouvir a sabedoria de Salomão” (1Rs 4.34). Relata também que um dia recebeu uma visita ilustre, a rainha de Sabá. Vejamos o texto: “A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão e foi até Jerusalém a fim de pô-lo à prova, com perguntas difíceis...
quando se encontrou com Salomão, ela lhe fez todas as perguntas mais difíceis que podia. Ele respondeu a todas; não houve nenhuma que fosse difícil demais para ele responder” (2Cr 9.1-2 – NTLH).
A rainha ficou impressionada, simplesmente encantada com tudo o que ouviu e viu, e declarou: “Eis
que não me contaram nem a metade da grandeza da tua sabedoria” (2Cr 9.6). Salomão era “o cara” da
sua época! O que devemos perceber de interessante em tudo isso é que apesar de toda sabedoria, ele descobriu que é tolice se esforçar demais para adquirir conhecimento (Ec 2.15-17), pois o final da vida do sábio é o mesmo da vida de quem não sabe nada – ambos caem no esquecimento.
O sábio teria dito assim: “De que me adiantou gastar anos e anos para descobrir o diâmetro
da Terra, se tanto eu como aqueles que nem sabem que a Terra tem diâmetro, vamos todos acabar no
mesmo buraco, debaixo da terra?”. Mas o que fazer diante disso tudo? Deixar de estudar e buscar a
sabedoria? Claro que não devemos agir assim. Salomão desabafa. Assim como todos nós, quando
vivemos aqueles dias de crises e muitas reflexões.
Devemos buscar, sim, a sabedoria e o conhecimento, pois vale a pena adquirir. No entanto, a sabedoria que precisamos buscar é a de Deus. A sabedoria do alto é eterna e experiencial. É construída na vida. Não vem pronta ou enlatada. É processual! É gradual! É existencial!
Sobre a sabedoria, a carta de Tiago registra: “A sabedoria que vem do céu é antes de tudo pura;
e é também pacífica, bondosa e amigável. Ela é cheia de misericórdia, produz uma colheita de boas
ações, não trata os outros pela sua aparência e é livre de fingimento” (Tg 3.17 – NTLH).

3. A vaidade do trabalho (Ec 2.18-26)

Chegando à parte final da sua vida, Salomão realmente entendeu o quanto “correu atrás do vento”.
Ele “ralou” a vida toda para adquirir conhecimento, riqueza e fama, mas percebeu que, enquanto juntava seus “tesouros”, não tinha tempo para desfrutá-los e, no fim de tudo, outras pessoas iriam esbanjar o que ele “a duras penas” conquistou. Por isso, exclamou: “Tudo o que eu tinha e que havia conseguido com o meu trabalho não valia nada para mim. Sabia que teria de deixar tudo para o rei que ficasse no meu lugar. E ele poderia ser um sábio ou um tolo – quem é que sabe? No entanto, ele seria o dono de todas as coisas que eu consegui com o meu trabalho e ficaria com tudo o que a minha sabedoria me deu neste mundo. Tudo é ilusão” (Ec 2.18-19 – NTLH).
Trabalho não é castigo! O trabalho é uma dádiva de Deus concedida ao homem antes mesmo da
rebelião do pecado (Gn 1.28-30 e 2.19-20). No entanto, o trabalho deve ser um meio para a vida
e nunca um meio para a morte.
É trabalhar para viver e não viver para trabalhar. O trabalho é o meio pela qual contribuímos para por o mundo em ordem. Precisamos do trabalho, mas o nosso semelhante precisa mais de mim do que qualquer outra coisa. Com o meu trabalho, abençoo o meu vizinho e torno o nosso mundo mais habitável!

Para pensar e agir:

1 – De que precisamos para sermos felizes? De onde vem a felicidade? É possível ser feliz? Podemos
concluir que o homem não tem capacidade de encontrar a satisfação por seus próprios méritos, por mais que se esforce, pois “tudo é vaidade; tudo é correr atrás do vento”.
2 – Será que o seu sonho de riqueza não tem tornado sua vida um pesadelo? Será que hoje, você
não se resume apenas ao trabalho? A maneira para um viver equilibrado
está justamente quando as conquistas da criatura não dispensam o Criador; quando os alcances
de nossos conhecimentos não nos trazem arrogância de uma vida isolada, sem darmos o devido valor ao semelhante.
3 – Será que você não está correndo atrás do vento? A vida feliz passa por essas reflexões, mas
precisamos parar de correr atrás do vento e encontrarmos os caminhos que nos ajudarão a responder
o propósito de nossa existência!
4 – A sua sabedoria se resume apenas a conhecimentos e descobertas humanas ou materiais?
Como é a sabedoria de Deus para você? Você acha que é possível a felicidade pela sabedoria divina? A sabedoria divina é a educação necessária no uso de nossas habilidades e conhecimentos e descobertas humanas ou materiais?
Como é a sabedoria de Deus para você? Você acha que é possível a felicidade pela sabedoria divina? A sabedoria divina é a educação necessária no uso de nossas habilidades e conhecimentos conquistados!

 

COM A PALAVRA, O SÁBIO!

Texto Bíblico: Eclesiastes 1.1


           O nome Eclesiastes vem da tradução para o grego do nome hebraico que consta no primeiro
verso do livro: ת לֶ הֶֹ֣ק (qōheleṯ). O nome qōheleṯ vem da raiz da palavra qahal que significa “aquele que convoca uma assembleia” provavelmente com o intuito de pregar para ela. Daí, algumas traduções deste livro para “O Pregador”.
         A tradição bíblica cristã, na sua grande maioria, identifica como sendo de Salomão, a autoria dos três livros: Cântico dos Cânticos, Provérbios e Eclesiastes. Alguns já acham que apenas foi o grande inspirador dos mesmos, no entanto, outra pessoa escreveu. Sendo uma coisa ou outra, Salomão está em destaque, com sua vida e sua sabedoria.
       As lições pretendem elucidar em forma de reflexões os capítulos do Eclesiastes, não pretendendo
entrar em questões técnicas, como linguística, etc. A proposta é tratar o Eclesiastes como o diário de um sábio, analisando a nossa vida hoje pelos indicativos do pregador.  Salomão tem, ao longo do seu
diário, uma certa oscilação de humor. Alguns capítulos, por exemplo, quase nos levam a crer que
existe uma contradição instaurada. Não sei por que, mas me identifico por demais com esse diário.
       Vejo que a distância de épocas não consegue suprimir características centrais da humanidade: dias que preferimos não ter acordado, momentos que nunca desejaríamos ter vivido.

1 – O ambiente histórico

       A linguagem e o aparecimento de algumas palavras persas situam o livro firmemente no período
pós-exílico. Alguns comentaristas recentes optam pelo início do período helênico, entre 300 e 200 a.C., quando os Ptomoleus do Egito incluíram a Palestina como parte de seu império. Esses reis ptolemaicos exploravam o país com impiedosa eficiência. Deram continuidade ao sistema econômico persa anterior de se apossar da riqueza dos povos aos quais governavam, especialmente por meio de seu sistema fiscal, iniciado pelos persas e mantido sob o governo desses reis egípcios. O sistema requeria dos pequenos fazendeiros o pagamento de impostos, não com produtos agropecuários
porcentagens da colheita ou dos rebanhos ovinos e bovinos.
Em vez disso, esses reis helênicos exigiam o pagamento anual de uma soma fixa em moeda corrente,
qualquer que fosse o produto da lavoura ou da criação.
A introdução dessa economia monetária na Palestina teve um efeito devastador sobre a vida e a condição da população judaica. Em períodos de seca, de pestes, ou de redução das chuvas, muitos pequenos proprietários tinham de hipotecar ou vender sua propriedade. Às vezes, tinham até de vender a si mesmos e a família como escravos, para obter o dinheiro necessário ao pagamento dos impostos exigidos. Aumentou a distância entre os pequenos proprietários e fazendeiros e a rica classe aristocrata. Esta minoria abastada se compunha de funcionários estrangeiros que haviam se instalado tanto no país, como fora dele. Também incluía os agentes e os colaboradores desses estrangeiros, judeus de classe alta.
Muitos pequenos fazendeiros e suas famílias se viram privados de suas propriedades, enquanto que
a elite opulenta acumulava áreas cada vez maiores para si e/ou para os agentes das potências dirigentes estrangeiras, primeiro da Pérsia e depois do grupo de reis e nobres ptolemaicos. Os fazendeiros e pastores, despossuídos, agora trabalhavam a terra como meeiros ou diaristas.
Os antigos valores e relacionamentos baseados nos laços familiares e de parentesco tinham promovido a ajuda e o apoio mútuos. Mas com a nova economia monetária em expansão, essas redes de consanguinidade e de apoio começaram a se desfazer. Membros da mesma família ou do mesmo grupo viram-se separados em estratos econômicos diferentes e opostos.
Os valores e padrões mais antigos, fundados na lealdade e na compaixão humana, haviam dado lugar a valores mais materialistas de riqueza e influência, com a chegada das forças dirigentes estrangeiras
e de seus representantes.
Logo, muitas pessoas já não podiam compreender o mundo e a maneira como ele estava agora organizado, uma vez que estava estranho ao que estavam educados.
É nesse contexto de incerteza que podemos situar Coélet. Diante dessa confusão política e econômica
sob o tacão de um regente opressor, Coélet e muitos de seus companheiros judeus devem ter tido uma sensação de impotência e incapacidade de melhorar as coisas. É nessas circunstâncias, e com essas limitações, que ele se empenha em sua busca da maneira mais “sábia” de levar a vida.
Coélet responde as crises econômica, política e religiosa de seu povo de duas formas. De um lado,
volta-se como pastor compassivo para seu povo, moldando para ele uma espiritualidade marcada pelo
mais rigoroso ascetismo. Do outro, ataca os fundamentos intelectuais, a chamada “sabedoria” da economia monetária helênica, que estava causando tamanha destruição na vida de seus companheiros judeus.

2 – A estrutura do Coélet

Os estudos de Addison Wright demonstram a unidade do livro e a progressão do pensamento. O
livro tem uma estrutura simples e descomplicada, na qual estão em ação dois padrões complementares.
As palavras-chave e refrões dividem o livro em seções.
Na primeira metade do livro, Coélet descreve sua investigação da vida. Essa primeira metade se divide em oito seções, sendo cada uma delas encerrada com a fugaz “vaidade das vaidades“ e/ou “uma corrida atrás do vento”. Coélet apresenta algumas conclusões das investigações que fez.
A segunda metade também se divide em oito seções. As quatro primeiras seções terminam com o verbo “descobrir” (ou equivalente) e as quatro últimas são concluídas com o verbo “saber” (ou equivalente).
Essa estrutura, baseada nos refrões e na repetição de palavra-chave, é confirmada e complementada
pela identificação que Wright fez de padrões numerológicos que controlam a extensão do livro. Tal como no Livro dos Provérbios, o valor numérico das letras das palavras-chave parece determinante no que se refere à extensão do livro e de vários de seus segmentos.
O padrão mais óbvio se constrói a partir da palavra hebel, “vaidade”, que ocorre trinta e sete vezes. O
valor numérico das consoantes em hebel também é trinta e sete. O número de versículos de cada metade do livro é cento e onze, ou três vezes trinta e sete. Observe que os “refrões” de 1.2 e de 12.8 contém, cada um, três hebels. Wright identificou outros padrões matemáticos além desses. Porém,
basta dizer que esses padrões coincidem com as indicações estruturais proporcionadas pelos
refrões repetidos. Em outras palavras, é óbvio que o autor elaborou a obra com extremo cuidado e deu uma forma consciente e proposital ao livro, tanto em termos de extensão como de organização.

Para pensar e agir:

1 – O diário de um sábio não quer ser um guia moral para a sua vida.
Aqui não é autoajuda, psicologia barata, ou qualquer outra tentativa de moldar sua vida. Apenas acompanharemos o diário de alguém considerado o mais sábio de sua época. Retire os óculos de sua forma de ver as coisas. Tente ver além do que está escrito, enxergue além do jeito como sempre enxergou todas as coisas.
2 – O diário de um sábio pretende demonstrar a estranheza de ontem e de hoje da nossa vida. Pretende comparar como somos falíveis e, em muitos aspectos, iguais. Como
somos fracos, e também sem ação.
Como cansamos do faz de conta da religiosidade. E como desistimos até mesmo do que acabamos
de falar.
3 – O diário do sábio quer que você se sinta à vontade, se sinta bem à mesa, se sinta em casa, a
ponto de refazer e fazer, de ver e não ver, de aprender e desaprender, de vislumbrar ou não de quem
sabe desenvolver a sabedoria, de quem sabe apreender o que ainda não havia, de quem sabe construir
novas possibilidades, de quem sabe ser abençoado à luz dos desabafos e discursos do grande pregador e sábio que iniciou o seu diário com as polêmicas palavras: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade!...”.
As lições que você tem em mãos, deseja sintetizar percepções de um jovem pastor, escritor, esposo,
filho, neto, amigo, irmão, cunhado, falho, pobre, simples, pecador, desacreditado com algumas coisas, andarilho, discípulo, amante da filosofia, servo do bem. Seja bem-vindo ao diário do sábio vaidoso; do rei invejável, mas do amigo da sabedoria!

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