sábado, 28 de janeiro de 2012


VASO PARA DESONRA
O apóstolo Paulo é enfático em especificar quem são os vasos para honra: "Somos nós", ou seja, os vasos para honra é a igreja (corpo) do Deus vivo! "Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade" ( 1Tm 3:15 ). Os vasos para honra também são designados "vasos de misericórdia": "... nos vasos de misericórdia, que para a glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem chamou, não só dentre os gentios?" ( Rm 9:22 -24).

Quem são os vasos para honra e quem são os vasos para a desonra? Quem é o barro e quem é o oleiro?
Muitas questões doutrinárias surgiram ao longo da história da igreja por causa da má interpretação deste versículo. Porém, estas questões são facilmente respondidas quando o leitor compreender o real significado de cada figura presente no versículo.
Deus é o Oleiro e Ele tem poder sobre o barro. Ou seja, não há como o homem questionar a soberania e o poder de Deus "Ai daquele que contende com o seu Criador! O caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? Ou a tua obra: Não tens mãos?" ( Is 45:9 ).
Quem é o barro? Todos os homens são descritos como barro. O homem foi criado do pó da terra, e por isso, a figura do barro remete ao homem, uma das criaturas de Deus.
O profeta Isaias evidência as diferenças entre o homem e o Criador utilizando as figuras do oleiro e do barro:"Vós tudo perverteis, como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Nada sabe" ( Is 29:16 ). É evidente que Deus é o oleiro, e o homem, o barro.
Estas figuras foram utilizadas várias vezes no Antigo Testamento: "Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai; nós o barro e tu o nosso oleiro; e todos nós a obra das tuas mãos" ( Is 64:8 ).
A primeira parte do versículo é facilmente respondida: "Ou não tem o oleiro poder sobre o barro...?" ( Rm 9:21 ). Sim! Deus tem total poder sobre os homens (barro)! O oleiro representa a pessoa do Criador, que de uma mesma massa (barro) cria vasos para uso diverso (honra e desonra).
Deus tem poder sobre os homens, mas, quem são os vasos (homens) para honra e quem são os vasos (homens) para desonra?
A bíblia apresenta algumas figuras em pares antagônicos. Observe: 
  • Porta larga e porta estreita;
  • Caminho largo e caminho estreito;
  • Árvore má e árvore boa;
  • A planta não plantada pelo Pai e a planta que o Pai plantou;
  • Filhos das trevas e filhos da Luz;
  • Servos do pecado e servo da justiça;
  • Semente corruptível e semente incorruptível;
  • Carne e Espírito;
  • Vasos para desonra e vasos para honra.
As perguntas se avolumam diante do quadro acima: Quem é a porta larga? Quem é, ou o que é o caminho largo? Quem é a árvore boa; Quem são as plantas que o Pai não plantou? Quem são os filhos das trevas? Quem são os servos do pecado? Qual é a semente corruptível? Quem é carnal? Quem são os vasos para desonra?
É certo que Deus tem poder sobre o barro! Porém, o versículo demonstra que Deus pega de uma mesma massa (barro) e faz vasos para honra e vasos para desonra "... para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" ( Rm 9:21 ).
Como é possível de uma mesma massa serem feitos vasos para honra e vasos para desonra? O que diferencia os vasos para honra e os vasos para desonra não é a massa (barro) que foram moldados. A diferença está na utilidade dos vasos (vasos para honra e vasos para desonra).
Através dos elementos apresentados no parágrafo anterior é possível esclarecer outro ponto: tanto os vasos para honra, quanto os vasos para desonra são moldados (feitos) de uma mesma massa (barro). Ou seja, a distinção entre vasos para honra e vasos para desonra não é proveniente da massa que os vasos são moldados. De uma mesma massa Deus faz vasos (homens) para honra e desonra.
Podemos dizer que há homens para honra e homens para desonra, sendo que, todos são provenientes de uma mesma massa (barro).
Quem são os homens (vasos) para honra, e quem são os homens (vasos) para desonra? Quando eles são feitos?
Os três versículos seguintes são esclarecedores:
"E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para a glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem chamou, não só dentre os gentios?" ( Rm 9:22 -24).
Paulo é enfático em especificar quem são os vasos para honra: "Somos nós", ou seja, os vasos para honra é a igreja (corpo) do Deus vivo! "Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade" ( 1Tm 3:15 ).
Os vasos para honra também são designados "vasos de misericórdia": "... nos vasos de misericórdia, que para a glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem chamou, não só dentre os gentios?" ( Rm 9:22 -24).
Através do versículo anterior foi possível determinar quem são os vasos para honra! São os cristãos, homens (vasos) que Deus chamou dentre todos os povos.
Agora, quem são os vasos para desonra?
Eles representam uma seita? Uma organização? Uma igreja? É o anticristo? São os Falsos profetas?
Os vasos para desonra também foram designados por Paulo como "vasos da ira", e eles foram preparados especificamente para a destruição. O apóstolo Paulo demonstra que Deus suportou os vasos criados para desonra com muita paciência!
A resposta sobre quem são os vasos para desonra está nos versículos seguintes:
"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus" ( Rm 3:23 -26).
Deus suportou com paciência os vasos da ira (desonra) ( Rm 9:22 ), e, concomitantemente, propôs através do sangue de Cristo, propiciação pela fé a todos (vasos para desonra) que cometiam pecado sob a paciência de Deus ( Rm 3:25 ).
Deus "... suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição" ( Rm 9:22 ), para "... demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus" ( Rm 3:25 ).
Que entrave para a mente humana! Você, que hoje é vaso para honra por meio da fé em Cristo, outrora já foi um dos vasos para desonra.
Isto demonstra que, os vasos da ira, ou os vasos preparados para a perdição, são todos aqueles que pecaram e foram destituídos da glória de Deus. Por que vasos da ira? Porque são filhos da ira e da desobediência ( 1Co 15:22 ).
Isto leva a seguinte conclusão: todos pecaram em Adão, ou seja, os vasos para desonra (ira) são provenientes da semente corruptível de Adão.
É possível construir o seguinte paralelo entre Adão e Cristo:
Adão (O primeiro Adão)
Cristo (O último Adão)
Porta larga
Porta estreita
Caminho largo
Caminho estreito
Árvore má
Árvore boa
Planta não plantada pelo Pai
Planta que o Pai plantou
Filhos das trevas
Filhos da Luz
Servos do pecado
Servos da justiça
Semente corruptível
Semente incorruptível
Carne
Espírito
Vasos para desonra
Vasos para honra

Paulo demonstra que 'todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus' Rm 3: 23. Verifica-se que todos pecaram em Adão, e que em Adão os homens são feitos vasos para desonra "Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição veio por um homem" ( 1Co 15:21 ).
De igual modo, os homens que crêem são justificados pela redenção que há em Cristo ( Rm 3:24 ) "Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem" ( 1Co 15:22 ).
Isto por si só demonstra que os vasos para desonra são feitos (criados) em Adão. Todos os nascidos segundo a vontade da carne, a vontade do varão e do sangue são vasos de desonra preparados para ira. São filhos da ira e da desobediência de Adão ( Jo 1:12 -13).
Deus utiliza a mesma massa que dá forma aos vasos para desonra para fazer vasos para honra. A 'matéria prima' (massa) que Deus utiliza para fazer a nova criatura (vaso para honra) é a mesma que foi utilizada para fazer os vasos para desonra.
O homem nascido de Adão é criado um novo homem por meio da fé em Cristo. Ou seja, a mesma massa utilizada para fazer os vasos para perdição (homens nascido de Adão), agora é utilizada para fazer vasos para honra (homens nascidos da água e do Espírito).
Não é possível apresentar qualquer outro tipo de interpretação às figuras apresentadas no quadro acima. O primeiro Adão é alma vivente, é da terra e é homem carnal.
Os vasos para honra são feitos (criados) em Cristo, o último Adão. Ele é Espírito vivificante ( 1Co 15:45 ). Ele é homem espiritual e é de cima (céu).
Todos que crêem em Cristo, conforme diz a Escritura, são feitos vasos para honra em Cristo Jesus. São vasos de misericórdia. Deixaram a condição de vaso para desonra, pois alcançaram misericórdia.
A mesma massa que foi utilizada para fazer vasos para desonra em Adão, agora é utilizada para fazer vasos para honra em Cristo. É da mesma massa (homens nascidos em Adão) que Deus faz vasos para honra (homens nascidos do último Adão).
Isto demonstra que Deus tem poder sobre a massa para fazer vasos para honra e vasos para desonra. É por isso que, aqueles que crêem, recebem poder para serem feitos (cridos) filhos de Deus.
Os vasos preparados para a destruição que crerem Naquele que o Pai enviou serão feitos (criados) vasos para honra segundo o poder de Deus que operou em Cristo ressuscitando-o dentre os mortos ( Ef 1:19 ).
As figuras dos vasos para honra e vasos para desonra também são utilizadas pelo apóstolo dos gentios ao escrever a Timóteo:
"Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra" ( 2Tm 2:20 -21).
Ao escrever a seu filho na fé ( 2Tm 2:1 ), Paulo estava tratando de questões relativas à igreja (local) que estava sob o cuidado de Timóteo.
A igreja (corpo) de Jesus Cristo é constituída somente de vasos para honra, porém, no ajuntamento solene de pessoas, há vasos para honra e vasos para desonra (crentes e descrentes).
Este versículo trata especificamente do ajuntamento solene de pessoas, onde várias pessoas reúnem-se (crentes e descrentes).
Quando o apóstolo estabeleceu o comparativo entre uma grande casa e o ajuntamento solene de pessoas crentes e descrentes, ele torna evidente que não há somente vasos de ouro e prata nestes ajuntamentos (reuniões), mas que também há vasos de pau e barro.
Ora, se em uma grande casa há vários tipos de vasos feitos de materiais diferentes (ouro, prata, pau e barro), da mesma forma o ajuntamento solene, que congrega varias pessoas, é um misto de pessoas com valores culturais diferenciados.
Sobre as qualidades e méritos de cada indivíduo que compõe a igreja local, Paulo é bem claro: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós" ( 2Co 4:7 ). Paulo sabia qual o valor do conhecimento humano perante o evangelho de Cristo ( 1Co 3:15 ).
O apóstolo Paulo falava a sabedoria proveniente de Deus, para que a fé dos irmãos não estivesse alicerçada em valores provenientes da sabedoria humana ( 1Co 2:5 ).
Ou seja, o apóstolo Paulo pregava o evangelho de maneira dissociada de suas qualidades pessoais. Isto porque ele não pregava a si mesmo "Pois não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus..." ( 2Co 4:5 ). Ele tinha plena consciência de que era vaso de barro.
E quanto a nós? Você se considera que tipo de vaso?
Em Cristo Jesus o cristão é vaso para honra, mas há aqueles que ousam classificar ou medirem a si próprio"Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento" ( 2Co 10:12 ).
Enquanto Paulo considerava ser um vaso de barro por causa da excelência de Deus, havia aqueles que consideravam ser vasos de ouro e prata, por considerarem a si mesmos como mestres, doutores, pastores, graduados, etc. O que Paulo considerou como escória para ganhar a Cristo, eles (maus obreiros) consideravam como forma de evidenciar uma posição de honra e destaque perante a igreja local ( Fl 3:8 ).
Não é o ser vaso de ouro e prata (qualidades pessoais) que torna o homem vaso para honra. E não é o ser vaso de pau e barro que torna alguém vaso para desonra.
É Deus que tem poder sobre o homem (barro), para constituí-los vasos para honra, e não importa as suas qualidades pessoais (ouro, prata, pau ou barro), pois, é Ele quem faz vasos para honra em Cristo.
Os vasos para desonra moldados em Adão não são provenientes da vontade de Deus, mas da vontade do homem, da carne e do sangue. Não importam quais são as qualidades dos homens nascidos em Adão, é preciso ser feito vaso para honra. Nicodemos é um exemplo claro de um vaso para desonra que possuía vários méritos e qualidades pessoais, etc.
De quais coisas é necessário ao homem purificar-se para ser um vaso para honra? Das contendas de palavras e dos falatórios inúteis que produzem maior impiedade ( 2Tm 2:14 e 16). Este era o caso de Himeneu e Fileto, que não conservaram o modelo das sãs palavras de Cristo e se desviaram da verdade do evangelho ( 2Tm 1:13 e 18).
Crer conforme o modelo das sãs palavras de Cristo, ou seja, crer conforme a Escritura torna um vaso preparado para desonra e que foi destinado à destruição em um vaso de honra e misericórdia.
Mas, se o homem não guardar o modelo das sãs palavras do evangelho, será vaso para desonra e sujeito a ira de Deus.
Quem não segue o caminho de Fileto e Himeneu é separado para uso exclusivo de Deus (santificado). É idôneo para uso, uma vez que é participante da herança dos santos na Luz ( Cl 1:12 ). Foi criado para toda a boa obra ( Ef 2:10 ).
Com base no que foi exposto, vem a pergunta: você é vaso para honra ou vaso para desonra?
Se você creu em Cristo conforme diz a Escrituras e guarda o modelo das sãs palavras do evangelho (persevera), você foi criado um novo homem (vaso) para honra e louvor ao nome de Deus ( Ef 1:11 -12).
Mas, aquele que não crê na mensagem do evangelho ou que transtorna a doutrina do evangelho, é vaso para desonra, preparado para a perdição, visto que, 'não crê no nome do unigênito Filho de Deus', e, por tanto, já está debaixo de condenação.
Isto demonstra que Deus não predestinou os homens nascidos em Adão à perdição (embora eles sejam preparados para a destruição), visto que, os cristãos eram filhos da ira e da desobediência, mas foram suportados por Deus com muita paciência ( Rm 9:22 ).
Aqueles que eram preparados para perdição, mas que ao ouvirem a palavra do evangelho e creram, foram remidos dos pecados dantes cometidos sob a paciência de Deus, e tornaram-se vasos para a honra ( Rm 3:25 ).
Agora, compreendendo esta verdade, não tenha um sentimento de soberba, achando que você é melhor que os demais (vaso de ouro, prata), antes guardem este tesouro, sabendo que é vaso de barro, criado em Cristo para toda boa obra ( 2Co 4:7 ).
Agora, ao analisar o contexto do capítulo 9 de Romanos, temos que os israelitas confiavam da carne que eram filhos de Deus. Não atinavam que os nascidos segundo a carne são carnais. Não era porque eram descendentes de Abraão que eram seus filhos (filho de Abraão é o mesmo que filho de Deus).
Para ser filho de Abraão é preciso a mesma fé que teve o crente Abraão, que creu na promessa de Deus. Os judeus cofiavam da carne que eram filhos de Deus, porém, segundo a carne eram filhos de Adão. Continuavam na condição de filhos da ira e da desobediência.
Eles (judeus) eram vasos de desonra como os demais gentios, pois todos os homens são gerados segundo a carne por causa de Adão. Tanto judeus quanto gentios precisam nascer de novo para serem feitos filhos de Deus, tornando-se vaso para honra.
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O QUE ENTENDER SOBRE JUGO DESIGUAL?
A servidão na antiguidade também era denominada de jugo. Vemos que Hesíodo, citado por Aristóteles, já dizia que uma família era formada de uma casa, uma mulher e um boi, visto que o boi (animal sobre o qual a canga é colocada) é o escravo do pobre (Aristóteles, A Política, Tradução Nestor Silveira Chaves, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011, pág. 20, § 6).
Em breve será lançado o primeiro livro impresso do articulista Claudio Crispim. O lançamento está previsto para o termino do mês de fevereiro do corrente ano, sob o título "A obra que demonstra amor a Deus".
"Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso” ( 2Co 6:14 -18)
Certo dia minha esposa fez a seguinte pergunta: o jugo desigual que o apóstolo Paulo vetou aos cristãos de Corintos refere-se a casamento? Após a pergunta não pude descansar enquanto não analisei a questão.
É consenso entre os evangélicos, protestantes e católicos que o jugo desigual do qual o apóstolo Paulo fez referência na sua carta aos cristãos de Corintos refere-se a casamento, ou seja, que o apóstolo estaria orientando aos cristãos a não se casarem com pessoas não cristãs. Em função da má leitura deste verso o casamento entre crente e não crente tornou-se amplamente divulgado como jugo desigual!
Ao ler a segunda carta do apóstolo Paulo aos Corintos foi surpreendente verificar que o apóstolo dos gentios não trata de questões relativas a casamento.
Na primeira carta aos Corintos o apóstolo aborda questões matrimoniais, porém, quando ele analisa o assunto e passa aos cristãos, o apóstolo Paulo tem o cuidado de informar que não estava impondo mandamento algum, antes como por permissão, estava dando o seu parecer sobre a questão em pauta ( 1Co 7:6 e 40).
No versículo 14 de 2Co 6, a questão é de outra ordem, pois temos um mandamento específico: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis”, que se aplicado a casamento, contrariaria completamente o posicionamento inicial do apóstolo de expor somente o seu parecer, ou seja, o de não impor aos cristãos mandamento algum.
Outro aspecto do verso é que a mensagem tem como público alvo a igreja como um todo, ou seja, não visa somente os solteiros, pois o alerta para os casados foi específica na primeira carta ( 1Co 7:12 ). Também chama a atenção o fato de que, se fosse uma questão de matrimônio, porque o apóstolo faz alusão ao suposto pretendente utilizando se do plural? – infiéis -, se a regra social é ter um só cônjuge o correto seria: ‘não vos prendais a um jugo desigual com um infiel’ ( 1Tm 3:2 ; 3:12 ; 5:9 e Tt 1:6 ).
Caso o apóstolo estivesse determinando aos solteiros que não se casassem com descrentes (a ordem não incluiria os casados), ao menos o suposto pretendente seria descrito como infiel, e não como se apresenta: com os infiéis.
Por outro lado, faz-se necessário considerar se o instituto do casamento é tido por jugo ou prisão, pois a ordem é clara: “Não vos prendais a um jugo desigual...”.
O jugo diz de uma espécie de canga que se coloca em uma junta de animais que passam a andar conjugado um ao outro. Ou seja, para labutar com apenas um animal não é necessário o jugo.
A servidão na antiguidade também era denominada de jugo. Vemos que Hesíodo, citado por Aristóteles, já dizia que uma família era formada de uma casa, uma mulher e um boi, visto que o boi (animal sobre o qual a canga é colocada) é o escravo do pobre (Aristóteles, A Política, Tradução Nestor Silveira Chaves, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011, pág. 20, § 6).
Seria o casamento uma espécie de jugo, de escravidão?
Analisando algumas passagens bíblicas do Antigo Testamento que abordam questões relativas a jugo (servidão), vê-se que em nenhuma delas o matrimônio é abordado.
Certa feita o apóstolo Paulo citou a lei ao defender o seu direito de apóstolo dizendo: “Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?” ( 1Co 9:9 ; Dt 25:4 ). Ou seja, o adágio que consta na lei foi expresso de modo a indicar que Deus estava cuidando dos homens, mesmo dos transgressores, pois era vetado ao juiz lesar o culpado ( Dt 25:3 ), de modo que o provérbio que consta da lei visava proteger os homens, e não os animais (bois).
Tratando da honra devida aos presbíteros, o apóstolo escreve a Timóteo e, novamente cita a mesma passagem da lei que cita animais: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário” ( 1Tm 5:17 -18), de modo que as citações da Escritura aplicam-se estritamente às questões de honra e mérito, pois o apóstolo Paulo utiliza as passagem para defender o seu apostolado e a honra dos presbíteros "Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário do seu trabalho" ( Jr 22:13 ).
Quando foi dito: “Com boi e com jumento não lavrarás juntamente” ( Dt 22:10), a lei expressa um cuidado para com quem havia de utilizar os animais para realizar um trabalho e, subsidiariamente, os animais também eram beneficiados, porém, o cuidado não era específico para com os ‘bois’.
Tais textos do Antigo Testamento aplicam-se ao casamento? Não! Porque o instituto, ou o contrato de casamento, segundo a visão do homem da antiguidade, não comportava dois iguais, antes por causa da autoridade que possuía sobre a mulher, o homem exercia o cuidado e a mulher, por sua vez, lhe devia obediência.
Esta era a visão das sociedades antigas acerca do matrimônio: “Cada um, senhor absoluto de seus filhos e de suas mulheres, distribui leis a todos...” (Homero apud Aristóteles, A Política, 2011, pág. 21). Na mesma obra, Aristóteles complementa: “O pai de família governa sua mulher e seus filhos como a seres livres, mas cada um de um modo diferente: sua mulher como cidadã, seus filhos como súditos (...) Quanto ao sexo, a diferença é indelével: qualquer que seja a idade da mulher, o homem deve conservar sua superioridade” (Idem).
Ora, se o marido é a cabeça da mulher, não há como considerar o casamento como jugo, pois no matrimônio as funções são distintas, e a condição de ambos na relação também. Assim como Cristo em relação à igreja é a cabeça por exercer o cuidado, o marido em relação à mulher é a cabeça, pois tem a função de cuidado do corpo “Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo” ( Ef 5:23 ).
Dentro deste mesmo aspecto, caso a mulher compartilhasse com o marido de um jugo, ser-lhe-ia impossível submeter-se ao cuidado de seu marido “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor” ( Ef 5:22 ).
Diante das objeções acima poderíamos continuar afirmando que a determinação do apóstolo em 2co 6.14 tem referência a casamento?
Se a determinação paulina da segunda carta aos Coríntios 6, verso 14 não possui relação com casamento, do que trata, então?
Embora o jugo seja termo utilizado para denominar a canga posta sobre animais de parelhas, o termo também foi utilizado para fazer alusão à condição de sujeição dos escravos aos seus senhores ( Jr 28:2 ) e, subsidiariamente, como figura, é utilizado para fazer referência à condição do homem sob a égide do pecado (Rm 7:14 ).
Todos os homens em função da transgressão e filiação de Adão tornaram-se pecadores, ou seja, passaram a ser servos, escravos do pecado ( Rm 3:23 ). Por descenderem de Adão, um escravo do pecado, todos os homens passaram a servir ao pecado de modo que estava posto sobre os ombros de todos os homens um jugo. O pecado exercia domínio sobre todos os homens, logo, ser pecador diz de uma condição semelhante à condição de escravo.
O domínio do pecado é um jugo de opressão e a humanidade sem Deus é descrita como oprimida, cansada, sobrecarregada, etc. Entretanto, os profetas anunciaram que haveria um tempo de refrigério. O profeta Isaías anunciou que: “O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz (...) Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão do seu ombro, e a vara do seu opressor, como no dia dos midianitas” ( Is 9:2 -4).
Isaias profetizou acerca dos gentios que, apesar de andarem em trevas e habitarem nas regiões da morte, resplandeceu-lhes a luz, de modo que o jugo da carga, o bordão que estava sobre o ombro e a vara do opressor foi quebrado. Para quem vivia sem Deus e sem esperança no mundo ( Ef 2:12 ), raiou a luz da vida, de modo que, os que crêem em Cristo, são transportados do domínio das trevas para o domínio da luz “O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” ( Cl 1:12 ).
Quando Jesus oferece aos seus ouvintes o seu jugo e o seu fardo, ele se identificou como Senhor, e qualquer que O obedece se sujeita a um jugo suave e toma sobre si um fardo leve. Basta aos ouvintes de Jesus reconhecer que está cansado e oprimido em decorrência do jugo do pecado, que há de ser aliviado do cansaço e da opressão: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” ( Mt 11:28 -30).
A proposta de Cristo é conforme as promessas preditas pelos profetas: “Julgará os aflitos do povo, salvará os filhos do necessitado, e quebrantará o opressor” ( Sl 72:4 ), portanto, para ser alcançado pela promessa, os ouvintes de Cristo devem reconhecer a sua condição e confiar em Cristo como o Senhor que resgata o homem do pecado “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” ( Sl 51:17 ).
Ao crer em Cristo, dá-se o explicado pelo apóstolo Paulo: “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça” ( Rm 6:16 -18).
Ora, através da leitura, fica patente que há somente dois senhores, dois jugos. Há os servos da obediência e os servos do pecado. Os servos da obediência são aqueles que foram gerados de novo segundo a vontade de Deus segundo o último Adão, que é Cristo, e os servos do pecado, que vem ao mundo sob o jugo decorrente da desobediência de Adão ( 1Co 15:22 -23 e 1Co 15:45 ).
Aos homens só é possível estar em uma destas condições: ou se é servo da justiça ou se é servo do pecado, ou se está sob o jugo da justiça ou sob o jugo do pecado, conforme declarou Jesus: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom" ( Mt 6:24 ).
Há apenas dois senhores e o nascimento determina a quem o homem servirá. Se nascidos da carne de Adão são servos do pecado, se nascidos de novo, servem a justiça ( Sl 58:3 ; Sl 51:5 ).
Todos os homens estavam em igual condição diante de Deus por serem descendentes de Adão, mas os judeus consideravam que haviam deixado tal condição por serem descendentes da carne de Abraão. Não consideraram que para serem filhos de Abraão era essencial que tivessem a mesma fé que Abraão, pois ser gerado da carne de Abraão, em última instância era o mesmo que ser descendente de Adão "Teu primeiro pai pecou, e os teus intérpretes prevaricaram contra mim" ( Is 43:27 ); "Mas eles transgrediram a aliança, como Adão; eles se portaram aleivosamente contra mim" ( Os 6:7 ).
O maior problema de Israel estava em não reconhecer que estavam sob a mesma maldição que todos os homens “Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não, nem sequer um. Acaso não têm conhecimento os que praticam a iniquidade, os quais comem o meu povo como se comessem pão? Eles não invocaram a Deus” ( Sl 53:2 -4).
Por ser descendente da carne de Abraão, Deus deu ao povo de Israel a lei como aio para conduzi-los a Cristo, porém, quando Cristo veio, os judeus se apegaram a letra da lei e rejeitaram a mensagem de Cristo. Era necessário que mudassem de concepção (metanóia=arrependimento), pois Cristo era o descendente prometido a Abraão em quem todas as famílias da terra seriam benditas.
Por causa desta condição de Israel foi que o apóstolo Paulo escreveu: “Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência” ( Rm 9:7 -8).
Tanto judeus quanto gentios estavam alienados de Deus em virtude de serem descendentes de Adão, portanto, filhos da ira e da desobediência. Ao desobedecer, Adão tornou-se escravo do pecado e todos os seus descendentes passaram a compartilhar de igual condição.
Com a vinda de Cristo, Ele obedeceu ao Pai em tudo, de modo que ao ser crucificado, morto e sepultado, ressurgiu dentre os mortos pelo poder de Deus. Ora, todos que creem em Cristo, tornam-se participantes da sua carne e sangue, ou seja, são crucificados, mortos, sepultados e, pelo poder de Deus ressurgem uma nova criatura.
Em virtude de estarem em uma nova condição diante de Deus: servos da justiça, é que o apóstolo Paulo ordena: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?” ( 2Co 6:14 -).
A mensagem à igreja em Corintos é a mesma anunciada aos Gálatas: “Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres. Estai, pois, firmes e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da escravidão” ( Gl 5:1 ).
O jugo dos infiéis é o jugo do pecado, e o jugo dos fiéis é o jugo da justiça. Se o cristão é liberto do Senhor, deve permanecer livre, firme, e não mais retornar a submeter-se ao jugo da escravidão. Como é possível a um homem liberto do Senhor, conforme na carta aos gálatas, voltar a se sujeitar ao jugo da servidão? Buscar ser justificado pelas obras da lei, como o submeter-se à circuncisão do prepúcio da carne.
Antes de dar a determinação aos cristãos de Corintos, o apóstolo Paulo relembra que o ministério de Cristo é segundo a misericórdia ( 2Co 4:1 ) e que ele, o apóstolo, não era falsificador da palavra de Deus como alguns faziam ( 2Co 4:2; 2Co 2:12 ), para tanto, o apóstolo Paulo contrasta a lei com o evangelho ( 2Co 3:6 ), de modo similar ao que foi feito com os cristãos da Galacia.
Em razão de haver obreiros fraudulentos entre os Corintos e, que se impunham sobre os cristãos apresentando como base da autoridade deles o serem descendentes da carne de Abraão, o apóstolo Paulo replica demonstrando a inutilidade da base da autoridade que eles invocavam, porque em Cristo todos morreram ( 2Co 5:14 ). Como Cristo morreu, segue-se que todos morreram e, se todos morreram e ressurgiram com Ele, certo é que ninguém mais deve ser conhecido ou honrado segundo a carne (descendência, nação, povo, sangue, etc), pois todos em Cristo são novas criaturas.
De modo que o alerta imperativo do verso 14 do capítulo 6 tem por foco alertá-los de jamais se submeterem as prescrições daqueles que se apresentavam como apóstolos de Cristo, porém, eram falsificadores da palavra ( 2Co 2:17 ). Compartilhar da doutrina e das práticas dos obreiros fraudulentos, que se louvavam a si mesmos, eram astuciosos e gloriavam-se da aparência, da carne 2Co 4:2 e 5; 2Co 5:12 e, 2Co 10:2 à 12 ).
Qualquer que aderisse à doutrina dos falsos apóstolos ( 2Co 11:11 -15), estava se prendendo a um ‘jugo desigual’, o jugo que é pertinente aos infiéis. Do mesmo modo que o apóstolo Paulo questiona aos Gálatas se eles não caíram da fé por se deixarem circuncidar, o apóstolo questiona aos Corintos se não havia caído da fé ( 2Co 13:5 ), em função de terem aderido ao ensinamento dos aproveitadores do evangelho, homens que não cuidava do rebanho, antes cuidava de arrematar os bens do rebanho para si ( 2Co 12:13 -15).
Da mesma forma que é descabido a um liberto do Senhor voltar às práticas da lei apregoadas pelos judaizantes, é descabido aos cristãos tolerarem os insensatos que os induzia a submeterem-se a um jugo para devorá-los “Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos. Pois sois sofredores, se alguém vos põe em servidão, se alguém vos devora, se alguém vos apanha, se alguém se exalta, se alguém vos fere no rosto” ( 2Co 11:19 -20).
Se não há sociedade entre a justiça e a injustiça; Se não há sociedade entre a luz e as trevas; Se não há acordo entre Cristo e o inimigo; Se os fiéis não hão de herdar juntamente com os infiéis; Se o templo de Deus, que eram os cristãos, não possuía consenso com a rebelião ( 2Co 6:14 -), porque deveriam se prender ao jugo de apóstolos infiéis? Tal comunhão é proibida, vetado, ou seja, um jugo desigual.
O apóstolo não estava vetando os cristãos de negociarem, conviverem ou relacionarem com os infiéis, antes vetou que comungassem das mesmas práticas em virtude da divergência que há entre a doutrina e vaidade dos falsos apóstolos e o zelo do que é honesto e da doutrina do evangelho de Cristo ( 2Co 8:21 ).
O ensino do apóstolo Paulo visava o estipulado na primeira epístola: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade” ( 1Co 5:7 -8).
De modo que, quando ele aponta que é jugo desigual (proibido) os fiéis prenderem-se aos infiéis, não tinha em vista os devassos do mundo, antes aos que se diziam irmãos, porém, eram falsificadores da palavra de Deus"Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais" ( 1Co 5:10 -11).
Observe que o foco principal do alerta do apóstolo Paulo na primeira carta não é o comportamento moral desregrado (embora seja salutar um bom proceder social), antes a doutrina daquelas pessoas que estavam levedadas pelo fermento da maldade e da malícia, que contrasta com os asmos da sinceridade e da verdade ( 1Co 5:8 ).
Quando o apóstolo veta: não vos associeis com os que se prostituem, ele se refere às pessoas como aquelas que Tiago tratou: Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade com Deus ( Tg 4:4 ; 1Co 5:9 ). Enquanto o público de Tiago diz daqueles que faziam festas com o fermento velho (lei), o apóstolo trata de alguns que faziam festa com o fermento da maldade e da malícia, pois eram astuciosamente falsificadores da palavra de Deus.
Portanto, a determinação paulina não tem relação com casamento, união conjugal entre crentes e descrentes, pois ao tratar de casamento, o apostolo falou por permissão, não impondo mandamento.
Há equívocos nos seguintes pensamentos que têm por base 2Co 6:14: “É impossível que a pureza do cristão e a contaminação do pagão sejam postas num mesmo jugo”, e ainda: “A passagem em sua totalidade é uma intimação para que não exista nenhum tipo de comunhão com os não crentes” (Barclay, William, Comentário do Novo Testamento, Tradução Carlos Biagini, 2 Coríntios 6:14-18—7:1), ou: “A ordem pode ser traduzida assim; "parem de se ligar heterogeneamente com os incrédulos". O princípio reverte à legislação mosaica (cons. Lv. 19:19; Dt. 22:10). Os cristãos são "novas criaturas" (II Co. 5:17); não devem se ligar espiritualmente com os incrédulos mortos (cons. Ef. 2:1)” (Moody, Comentário Bíblico Moody, Moody Bible Institute of Chicago; 2Co 6:14-16).
O que o apóstolo Paulo trata no verso em comento não impôs aos cristãos abandonarem os seus empregos, sociedades, vida social, laços de família ou casamentos que tinham com descrentes, antes tratou de alertá-los dos falsos obreiros que queriam prende-los a um jugo que lhes desse ocasião para devorá-los ( 2Co 11:12 compare com 2Co 11:21).


ALEGRIA NA INTEGRIDADE

Texto Bíblico: Filipenses 1.27-30

O apóstolo Paulo está compartilhando com a igreja de Filipos como a alegria no coração dele brotou dos efeitos da adversidade da sua prisão. E ele desafia a igreja com as marcas de Cristo a viver uma vida com as marcas de Cristo. “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho. E em nada vos espanteis dos que resistem o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas, para vós, de salvação, e isto de Deus. Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele, tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim”. Filipenses 1.27-30

1- VIVENDO A ALEGRIA DA INTEGRIDADE

Na igreja da integridade, o foco é a qualidade de nossa vida em todos os momentos. A nossa integridade gera alegria. É preciso entender um pouco do contexto da igreja em Filipos, mais do que isso, a própria cidade de Filipos, no tempo em que o apóstolo Paulo escreveu essa epístola.
Paulo escreveu de Roma essa carta aos filipenses entre os anos 62 e 65, no primeiro século da era cristã. No ano 64, Nero estava no poder em Roma e, em seu gesto de loucura, manda seus servos colocarem fogo na cidade e coloca a culpa daquele incêndio monstruoso nos cristãos. Ele desencadeia uma perseguição sem comparação na história da igreja até aqueles dias. Todos que viam um cristão o tinham como alguém culpado do fogo tocado na cidade de Roma, pelo mandado de Nero.
Nesse contexto de domínio romano, acontece uma guerra. Dois grandes comandantes, Otaviano e Antônio, um grego e um romano, estão num campo de batalha e eles entram em confronto. Os romanos vencem aquela guerra e porque vencem, transformam a cidade de Filipos numa espécie de reduto romano, de condado romano. Na verdade, eles, pela lei, decretam que Filipos passe a ser colônia de Roma e aqueles que ficaram do lado de Antônio na guerra passem a morar em Filipos. A igreja que Paulo organizou em Fillipos está agora vivendo numa situação muito complicada porque eles estão subjugados, sendo gregos, pelos romanos. Por outro lado, ficam em situação delicada os crentes romanos, convertidos em Filipos, que faziam parte da igreja e agora passam a conviver com os gregos debaixo do mesmo teto espiritual mas sob um sistema político que os colocava como opressores dos demais.

2- VIVENDO A ALEGRIA DE NÃO SE CONTAMINAR

Paulo vai trazer em sua carta algumas nuances culturais daquele tempo porque havia certo orgulho em função de Roma estar no poder, em função de os romanos estarem dando as cartas no mundo inteiro. Então, os gregos em Filipos tinham certo orgulho de terem se tornado colônia de Roma. Estavam, agora, em ostentação: “nós somos também parte do domínio do Império Romano”. Eis que o poder de Roma chegou até nós e agora, diziam os filipenses, estamos em um novo status, porque estamos no time que está ganhando.
Então, Paulo escreveu a carta mostrando para os filipenses que, assim como César Augusto, que exercia comando político naquela época, tinha um decreto, uma ordem dada aos romanos, que, embora vivendo na Grécia, embora morando em Filipos, não deviam se contaminar com as coisas que já haviam contaminado os gregos, mas deviam preservar a sua postura de cidadãos romanos, os crentes observassem que deviam tomar o que estava acontecendo lá como exemplo daquilo que Deus queria deles. “Por que vocês só serão abençoados, só serão felizes, só conquistarão a verdadeira alegria se entenderem que estão vivendo neste mundo mas não pertencem a este mundo. Vocês são cidadãos dos céus.” E Paulo vai deixar isso claro no capítulo 3.20,21. Ele mostra, explicitamente, que vocês são cidadãos do céu: “mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”.


3- VIVENDO UMA ALEGRIA GENUÍNA

Paulo continua sua epístola à igreja de Filipos alertando que existem algumas coisas que podem roubar a alegria do crente, que podem impedir que sejamos alegres de verdade, possuir uma alegria autêntica, genuína, não uma pseudoalegria, não uma máscara, não uma maquiagem de alegria.
Em viagem para os Estados Unidos, visitei um lugar muito interessante. Um cemitério. Naquele cemitério, havia algo muito curioso. Pessoas famosas estavam sepultadas ali. E as pessoas estavam sepultadas da maneira mais interessante que os irmãos possam imaginar. Havia, por exemplo, o túmulo de uma senhora que deixou escrito que, depois que ela morresse, queria ser sepultada dentro da Ferrari dela. Então, o túmulo era no formato de uma Ferrari e ela estava embalsamada no volante da Ferrari. Não sabemos sobre a vida espiritual dela, mas, pela mostra do desejo dela, ela foi numa Ferrari a 600 km/h para o inferno diretamente. E sem passar no box, antes. Nesse mesmo cemitério, havia muitos outros túmulos pitorescos.
Havia, ainda, uma sala de maquiagem. Mas para quê uma sala de maquiagem num cemitério? É porque, quando morre o marido, a esposa entra nessa sala de maquiagem e diz aos artistas com que imagem ela quer o marido. Se ela quer como um anjo, então eles fazem aquela maquiagem com a cara de anjo. “Ah, eu quero o meu marido sorrindo”, então, eles aplicam todos os recursos nele e, então, ela tem um marido sorrindo, lá no túmulo.
O apóstolo Paulo não está falando de uma alegria produzida por maquiagem, de uma alegria forçada, de uma alegria artificial, de uma alegria feita por mãos humanas; está falando daquela alegria que germina na adversidade, nos problemas, nas tribulações, naquela alegria que produz fruto. E o apóstolo acrescenta: olhem, tomem muito cuidado, porque vocês estão aí mas vocês são cidadãos dos céus; como os romanos, que estão em Filipos mas são cidadãos romanos. Vocês estão na terra, mas são cidadãos do céu. Eu quero que vocês abram os olhos porque algumas coisas podem impedir que vocês sejam felizes.

4- VIVENDO A ALEGRIA NA DEFESA DO EVANGELHO

O mesmo que o apóstolo Paulo alertou aos filipenses que podia impedir a alegria na vida deles continua operando até hoje impedindo a alegria na vida de muitas pessoas, até mesmo dentro das igrejas. No capítulo 1.7, o Paulo diz algo muito precioso sobre o evangelho. Ele afirma que o evangelho precisa ser defendido pelos cristãos. “Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho.”
Eu estou no time de Cristo e jogo na defesa do evangelho. Deus usa minha vida para defender o evangelho. Nós temos de defender o evangelho de Cristo. O apóstolo Paulo está dizendo assim: eu estou nas algemas porque estou militando em defesa do evangelho.
Você pode ser insultado, agredido, as pessoas podem ofender você, e você pode contar até 10, andar a segunda milha. Mas você não pode contar até 10 quando o evangelho for desrespeitado. Quando o evangelho for insultado, você está na defesa do evangelho, Deus conta com você para defender o evangelho. Significa que os valores do evangelho precisam ser alvo da sua atitude de defesa. Você pode dizer: “sou marido, sou namorado, sou amigo, sou sócio, sou patrão, sou empregado, mas antes de ser tudo isso, existo para defender o evangelho de Cristo”.

CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo diz: “Estou aqui, e eu não estaria aqui nesta cadeia se não estivesse defendendo o evangelho”. Minha pergunta para você é a seguinte: você tem defendido o evangelho de Jesus Cristo na sua vida? Paulo está construindo um conceito teológico. Nos versos 13 a 18 do capítulo 1 ele afirma: “De maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares; E muitos dos irmãos no SENHOR, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor. Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade. Uns, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas outros, por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho. Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda.”

LEITURA DIÁRIA
SEGUNDA-FEIRA – Filipenses 3.20,21
TERÇA-FEIRA – Salmo 91.5
QUARTA-FEIRA – Jó 4.6
QUINTA-FEIRA – Provérbios 19.1
SEXTA-FEIRA – Mateus 11.5
SÁBADO – Salmo 7.8
DOMINGO – Atos 14.7