segunda-feira, 30 de julho de 2012


rasileiros vão testar marca-passo cerebral contra obesidade

Primeira fase tem previsão para começar em janeiro de 2013; até agosto, cientistas esperam ter implantado o equipamento em seis pacientes

Do Portal Terra
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Usado no controle de sintomas da doença de Parkinson há décadas, o marca-passo cerebral será testado pela primeira vez no Brasil para obesidade mórbida e depressão. Os estudos serão realizados pela equipe do Centro de Neurociência do Hospital do Coração (HCor Neuro, em São Paulo), em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do hospital. Os estudos devem ser realizados pelos próximos três anos, como parte dos projetos de filantropia do HCor.
 
Serão dois trabalhos conduzidos pela equipe do hospital, baseados na estimulação elétrica. Os neurocirurgiões brasileiros responsáveis pelas pesquisas são Alessandra Gorgulho, vice-diretora do HCor Neuro, e Antônio De Salles, diretor do Centro. Ambos voltaram há pouco ao Brasil após uma longa temporada nos Estados Unidos, onde são professores de neurocirurgia na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA, na sigla em inglês).
 
O HCor Neuro vai verificar o potencial da estimulação cerebral profunda para obesidade mórbida. Pacientes terão implantado um marca-passo cerebral para realizar estimulações com baixa intensidade. "É uma indicação nova. O marca-passo cerebral como instrumento é usado desde 1990, mas para outras aplicações, como Parkinson", diz a pesquisadora. Alessandra afirma que o equipamento vai ser usado para estimular o hipotálamo - mais exatamente o hipotálamo ventromedial, um região de 2 mm do cérebro ligada (entre outras coisas) à fome e à saciedade.
 
A cientista afirma que em uma fase anterior do estudo, o aparelho foi implantado em porcos. Oito animais tiveram o marca-passo colocado, mas somente quatro tiveram ele ligado. As cobaias receberam, então, o dobro da ração usual. O resultado foi curioso: com exceção de um espécime, eles comeram todo o alimento, mas aqueles que tinham o aparelho em funcionamento não engordaram. A médica acredita que isso indique que o estímulo elétrico acelerou o metabolismo - os "pacientes" emagreceram sem precisar comer menos.
 
Uma equipe médica da Virgínia, nos Estados Unidos, e outra de Toronto, no Canadá, fizeram estudos nesta linha usando estimulação de alta frequência no hipotálamo lateral. Contudo, sem sucesso. "O desafio é realizar este estudo inédito frente ao cenário mundial na pesquisa em neurocirurgia. A técnica proposta para tratamento da obesidade com neuromodulação é de vanguarda, minimamente invasiva e reversível", afirma Otávio Berwanger, diretor do IEP HCor.
 
Alessandra explica que o estudo ainda tem muito tempo pela frente. A primeira fase tem previsão para começar em janeiro de 2013. Até agosto, ela espera ter implantado o equipamento em seis pacientes com obesidade mórbida. Esse primeiro momento serve principalmente para testar a tolerabilidade do corpo ao marca-passo e seus riscos. Se tudo der certo, os pesquisadores esperam começar a fase 2 no ano seguinte. O projeto é ter outros oito pacientes - todos terão o implante, mas quatro não terão ele ligado (e não saberão disso) para testar a força do efeito placebo e do equipamento em si.
 
Mas a professora da UCLA explica que a luta contra a obesidade não é tão simples. A cirurgia bariátrica, que por um lado salva milhares de vidas, traz diversos problemas para o paciente e aqueles que conseguem emagrecer sem intervenção cirúrgica apresentam uma condição (principalmente psicológica) muito melhor, apesar do caminho mais árduo. O tratamento farmacológico, afirma a cientista, também tem falhado já que o corpo encontra maneiras de driblar os remédios. Ou seja, o caminho para a cura da obesidade ainda parece longe do fim.
 
O marca-passo cerebral poderá também ter eficácia contra outras doenças, como tremor essencial e distonia, doença que compromete os movimentos do paciente, podendo deixá-lo confinado a uma cadeira de rodas e sem nenhuma autonomia. Segundo os médicos, o implante será realizado por uma cirurgia minimamente invasiva e com rápida recuperação. Um dos casos mais conhecidos do uso do aparelho é o ator Paulo José. Sofrendo com anos com o mal de Parkinson, o artista gaúcho conseguiu voltar aos palcos depois que teve o marca-passo implantado no cérebro.
 
De acordo com o hospital, para depressão, o estudo irá testar a eficácia dos impulsos elétricos no nervo trigêmeo. Os eletrodos serão colocados sob a pele do paciente, na altura da testa, e conectados ao marca-passo na região infraclavicular. "Estudo preliminares realizados na Universidade da Califórnia demonstraram alterações do fluxo sanguíneo cerebral, sendo maior o fluxo em áreas ligadas ao humor e ao comportamento e menor em outras áreas relacionadas a diferentes funções", aponta Alessandra.
 
Recentemente, Antônio De Salles, diretor do Centro, ganhou o prêmio de Pioneiro em Medicina, no Canadá, por duas novas técnicas desenvolvidas pelo grupo de pesquisas nos Estados Unidos do qual fez parte: uma delas é a implantação do marca-passo cerebral para pacientes com estresse pós-traumático, e a outra consiste no desenvolvimento de um método totalmente não-invasivo, aplicado à radiocirurgia contra metástases cerebrais e outros tumores malignos e benignos do cérebro e da coluna.
 

Por que a gripe suína volta a assustar

Falhas na prevenção, na adesão à vacinação, e a demora no fornecimento de remédio fazem o País ter sete vezes mais mortos do que em 2011

Monique Oliveira
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MEDO
Em Caxias do Sul (RS), as pessoas correram
aos postos para tomar a vacina
Números do Ministério da Saúde estão revelando uma situação preocupante. O H1N1, vírus causador da gripe suína – também conhecida como gripe A – voltou a atacar com força no País neste ano. No boletim divulgado na última quinta-feira 26, o Brasil já contabilizava, em 2012, 210 mortes provocadas pela doença. O número é sete vezes superior ao registrado durante todo o ano passado (30 óbitos). As mortes não estão distribuídas igualmente pelo País. O maior índice está na Região Sul, responsável por 65% dos casos. Também há uma rápida evolução em alguns Estados. Em São Paulo, o total de mortos dobrou nos últimos 18 dias. Pulou de 14 para 29.

Governo e especialistas descartam a ocorrência de uma epidemia nos moldes da que ocorreu em 2009, ano em que o H1N1 aterrorizou o mundo e, no Brasil, fez mais de dois mil mortos. De fato, é preciso se acostumar com a ideia de que o vírus chegou para ficar. “Vamos assistir à volta do H1N1 sempre. É assim que o vírus de qualquer gripe funciona”, diz João Toniolo Neto, diretor do projeto Vigilância Epidemiológica da Gripe, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mas o índice elevado de mortes deixa claro que falhas importantes estão ocorrendo no esquema de prevenção criado pelo Ministério da Saúde a partir das normas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde. O programa prevê campanhas de prevenção, disponibilização da vacina a grupos mais vulneráveis (gestantes, idosos e portadores de doenças crônicas, entre eles) e acesso ao osetalmivir (nome comercial Tamiflu), antiviral que combate o H1N1 e outros vírus da gripe.

No entanto, o que se observa neste ano é um relaxamento em relação às medidas preventivas que devem ser adotadas no dia a dia (proteger com lenços a boca e o nariz ao tossir e espirrar, por exemplo) e também no que diz respeito à vacinação. De acordo com o Ministério da Saúde, em muitas das cidades que estão enfrentando os surtos o índice de pessoas que deveriam se vacinar ficou abaixo do ideal. Ou seja, parte de quem obrigatoriamente necessita estar protegido não está. Além disso, segundo médicos, também há óbito entre os que não integram os grupos mais vulneráveis e, portanto, não são orientados oficialmente a tomar a vacina. “Boa parte dos óbitos é de adultos jovens”, afirma a infectologista Nancy Bellei, da Unifesp. “Vemos maior circulação do vírus nessa faixa etária.”

É por essa razão que especialistas defendem que a vacina seja dada também a essa população. Outra demanda é que se dê maior atenção para os Estados mais atingidos. “A Região Sul precisa ter uma campanha de vacinação que atenda à maior parte da população”, diz a médica Maria Rita Passos, do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre (RS), instituição referência no tratamento da gripe A.
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No Sul do País, além das baixas temperaturas, que incentivam as pessoas a ficarem em lugares fechados, tornando-as mais suscetíveis à contaminação, a maioria dos óbitos foi em casos de pacientes que receberam o remédio tarde demais. “As pessoas até vão para o hospital, mas voltam para a casa sem o osetalmivir”, diz Maria Rita. Infelizmente, trata-se de um problema frequente em todo o País, grande parte em razão de uma herança do ano da pandemia, em 2009. Naquela ocasião, como o mundo ainda tentava entender como funcionava tanto o H1N1 quanto o Tamiflu, a recomendação era a de que a medicação fosse prescrita com moderação. Temia-se que, se a droga fosse ministrada sem cautela, o vírus poderia se tornar resistente à única arma eficaz contra ele. Três anos depois, porém, o medo se mostra infundado. “Por isso, o medicamento deve ser administrado o mais rápido possível”, afirma Jarbas Barbosa, coordenador da Secretaria de Vigilância em Saúde, ligada ao Ministério da Saúde.

Hoje, orienta-se o fornecimento de Tamiflu para as pessoas que apresentarem febre, falta de ar e tosse, mesmo sem a comprovação de ocorrência de gripe A. Essa é uma das principais mudanças estabelecidas pelo Protocolo de Tratamento do Influenza, emitido pelo Ministério da Saúde em 2011. O problema é que a informação ainda não está disseminada nas unidades básicas de saúde, normalmente a primeira porta de atendimento dos casos. “Ainda há uma resistência quanto à administração do medicamento”, lamenta Maria Rita. 

As consequências da falta de tratamento imediato podem ser terríveis. A própria Maria Rita lembra, por exemplo, do caso de uma criança da qual cuidou. Ela havia sido atendida em outro local, mas foi para casa sem o remédio. Três horas depois chegou ao hospital onde a médica trabalha. Seu estado era tão grave que foi encaminhada diretamente para a UTI. A analista técnica gaúcha Andrea Guerreiro, 42 anos, felizmente teve outra experiência. Ela recebeu o medicamento assim que chegou ao hospital, sem nem mesmo fazer o exame que comprova a infecção pelo H1N1. “Fui atendida em duas horas e saí com o osetalmivir na mão”, diz ela, hoje já recuperada.
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A Ilha da Fantasia

Anfitriã olímpica pela terceira vez, a Grã-Bretanha se exibe ao mundo como um arquipélago de criatividade e eficiência, imune à crise de seus vizinhos do euro

por Luiz Fernando Sá, enviado especial a Londres
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FESTA
Estádio Olímpico de Londres, sexta-feira 27, 20h 59m
e 52seg: começa o maior evento esportivo do planeta
A festa custou R$ 87 milhões, cerca de R$ 29 milhões por hora de espetáculo, dirigido pelo extravagante Danny Doyle, que ganhou um Oscar pelo filme com o sugestivo nome de “Quem Quer Ser um Milionário”. Sobre o gramado do novíssimo Estádio Olímpico de Londres, encravado no coração de um complexo de mais de R$ 20 bilhões, ele construiu uma autêntica paisagem rural britânica, e com o auxílio de mais de dez mil figurantes e até animais vivos fez surgir o que chamou de “Ilhas das Maravilhas”. Por meio delas contou a história de uma nação que, isolada por sua condição natural, promoveu revoluções que romperam seus limites e ajudaram a moldar o mundo moderno. “Sabemos que somos uma ilha climática e de cultura”, disse Doyle dias antes de ter seu trabalho exposto a 60 mil espectadores da plateia e mais de 1,5 bilhão de pessoas através da tevê. “Por isso, independentemente da meteorologia, teremos nuvens sobre o estádio e uma delas providenciará chuva em caso de não chover de verdade”. Assim, na sexta-feira 27, quando a rainha Elizabeth II declarou abertos, na presença de mais de 100 chefes de Estado, os 30o Jogos Olímpicos, a anfitriã Grã-Bretanha exibiu-se ao mundo como uma verdadeira Ilha da Fantasia, um arquipélago de criatividade e eficiência cercado de crise por todos os lados, como se o país da libra não sofresse com as agruras de seus vizinhos do euro, como se o vendaval dos mercados globais não tivesse feito estragos permanentes na city londrina, sede de mais de 250 grandes instituições financeiras.
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CLIMA
Londres está enfeitada, mas os londrinos só mostraram
empolgação com a chegada da tocha olímpica à cidade
As Olimpíadas chegam a Londres pela terceira vez – um feito inédito. Na primeira, em 1908, em função da erupção do monte Vesúvio, na Itália, os ingleses herdaram na última hora a missão de organizar as competições, impossibilitada aos italianos de Roma. Fizeram os inesquecíveis Jogos da Solidariedade. Na segunda, em 1948, mesmo com a cidade devastada pela Segunda Guerra Mundial, assumiram o compromisso de receber as delegações do mundo todo e passar uma mensagem de paz e convivência entre os povos. Eram tempos de escassez, em que não havia como erguer novos estádios e os visitantes traziam, além de atletas, sua própria comida e até as toalhas, já que os anfitriões não tinham como oferecê-las. Ficaram conhecidos como os Jogos da Austeridade. As próximas duas semanas dirão qual será o rótulo que Londres-2012, em meio a uma crise econômica global, levará para a história. A festa milionária de abertura e tudo o que foi vendido aos ingleses e ao mundo nos anos que a precederam permitem chamá-los, temporariamente, de Jogos da Ilusão.
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10.490 atletas de 204 países disputarão 4.700 medalhas em 19 dias
Foram gastos R$ 5,5 bilhões para construir o maior shopping center da Europa, com 250 lojas e 70 restaurantes
Durante 15 dias, mais 10.490 atletas de 204 nações ajudarão a reforçar essa mensagem, atraindo corações e mentes para seus feitos esportivos. Do nadador brasileiro Cesar Cielo ao velocista jamaicano Usain Bolt, do ciclista inglês Mark Cavendish à saltadora russa Yelena Isinbayeva espera-se performances com brilho suficiente para ofuscar a visão dos catastrofistas. A face mais exibida de Londres, metrópole de mais de mil anos de história e monumentos reconhecidos no mundo inteiro, será o impressionante Parque Olímpico, que reúne oito das 34 arenas em que serão disputadas as competições, algumas delas obras-primas da arquitetura, como o velódromo e o parque aquático, desenhado pela festejada arquiteta Zaha Hadid. O parque, com 2,5 quilômetros quadrados de área, é outra ilha da fantasia. Erguido no East End, uma das zonas mais pobres e violentas da cidade, é o maior projeto de revitalização urbana na história recente de Londres. Uma nova e moderna linha de trem foi construída para ligar a região ao centro da capital. Onde hoje está a Vila Olímpica surge um bairro confortável, com 11 mil novas moradias e a expectativa de criação de oito mil novos empregos permanentes. Junto ao Parque Olímpico, uma empresa australiana ergueu, ao custo de R$ 5,5 bilhões, o maior shopping center da Europa. Quem chega aos Jogos de trem não tem como não passar por suas 250 lojas, 70 restaurantes, cinemas e até cassinos. Nas vésperas da abertura olímpica, seus corredores estavam lotados, sobretudo de visitantes. “Estou certo de que a grande maioria das pessoas que vêm aos Jogos parará, dará uma boa olhada e, estamos torcendo, consumirá. Mas, pelo menos estando por aqui, criarão uma ótima atmosfera”, afirma John Burton, diretor da Westfield, companhia dona do shopping.
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ENCONTRO
David Cameron e Dilma Rousseff: na pauta, mais economia do que esportes
Cuidar da imagem foi uma preocupação permanente do governo britânico à medida em que as Olimpíadas iam se aproximando. O primeiro-ministro David Cameron, por exemplo, preferiu não se envolver a fundo nas discussões sobre a crise financeira que levaram países da Zona do Euro, como Grécia, Itália e Espanha, a tomar as mais duras medidas de austeridade desde sua incorporação à Comunidade Econômica Europeia. Estrategicamente, como se não fizesse parte do mesmo bloco, deixou o trabalho duro a cargo dos alemães e franceses. Seus discursos traziam sempre a promessa de um novo impulso econômico provocado justamente pelos investimentos associados às Olimpíadas. Cameron, que esteve com a presidenta Dilma Rousseff na quarta-feira 25 e citou o Brasil várias vezes em seu discurso na quinta-feira 26, usa um número mágico – 13 bilhões de libras (mais de R$ 40 bilhões) nos próximos quatro anos – para dimensionar o impacto positivo dos Jogos na economia britânica. O problema é que quando as luzes da festa olímpica se apagam, não se vê esse brilho. Nas ruas, os ingleses demonstram menos entusiasmo com o evento do que preocupação com sua rotina e seu futuro. Na movimentada estação de Victoria, na zona central da cidade, há bandeiras britânicas decorando todo o teto e placas de publicidade das empresas parceiras dos Jogos. Mas o que faz a multidão parar são os avisos do sistema de som, pedindo que os londrinos evitem circular pela cidade no período das competições, abrindo espaço para os visitantes nos ônibus, no metrô e nos trens. Várias ruas da cidade já estavam fechadas na semana passada e a previsão é de que as Olimpíadas gerassem um adicional de três milhões de deslocamentos por dia. Para quem vive aqui, o sentimento de transtorno chega a superar o de orgulho. Para quem vem de fora, há uma sensação de que a cidade não comprou totalmente a ideia de que está em meio a uma das maiores festas do mundo. Há mais de 200 mil placas de sinalização cor-de-rosa espalhadas para indicar os caminhos para as arenas, mas raramente se vê casas e lojas enfeitadas com motivos olímpicos ou as cores da nação anfitriã. Na Escócia, até mesmo o fato de não haver jogadores locais no time de futebol britânico serviu como munição para separatistas, que querem um referendo em 2014 para votar sua independência do Reino Unido. A maior demonstração pública de entusiasmo com o evento aconteceu na quinta-feira, quando o revezamento da tocha olímpica cruzou as áreas mais turísticas da cidade, como Trafalgar Square, o Palácio de Buckingham e o Hyde Park, sob aplausos de multidões concentradas nas calçadas por todo o percurso. Estrangeiros, em sua maioria. “Esperava uma cidade mais decorada, mais envolvida”, resume à ISTOÉ o ex-ministro brasileiro Marcio Fortes, atual presidente da Autoridade Pública Olímpica da Rio-2016. “No Rio certamente será diferente.”
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AVISO
Londrinos são estimulados a não circular na cidade durante os Jogos
Apenas o estilo mais reservado dos ingleses não é suficiente para explicar essa retração e a desconfiança com o discurso de Cameron. Os ingleses sentem-se traídos com o que chamam de fantasia do orçamento. Em 2005, quando ganharam o direito de organizar as Olimpíadas, o orçamento apresentado foi de US$ 5,1 bilhões. Dois anos depois, o governo aprovou novos números, elevando para US$ 14,4 bilhões. No mês passado, anunciou orgulhosamente que o total gasto ficaria quase US$ 800 milhões abaixo desse número. Mas foi duramente criticado por estar mais de 180% acima da previsão inicial. Na quarta-feira 25, apenas dois dias antes da cerimônia de abertura, foram divulgados números desastrosos mostrando que a economia britânica encolheu 0,7% no último trimestre, lançando o país na maior recessão desde os tempos dos Jogos da Austeridade. O impacto da inesperada notícia causou claro constrangimento ao governo. Na manhã da quinta-feira 26, em um encontro com líderes empresariais do mundo todo, Cameron não conseguiu desvencilhar-se do tema. “O país tem de enfrentar verdades e tomar decisões difíceis”, disse. Terá duas semanas de trégua esportiva. Não há dúvidas de que os atletas entregarão sangue, suor e lágrimas e gerarão a atmosfera de excitação que só as Olimpíadas podem oferecer. Para então deixar de vez a ilha da fantasia.
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O julgamento do século
Depois de sete anos, o STF inicia o julgamento dos 38 réus do mensalão. Como a tendência é pela punição, o clima entre os acusados é de salve-se quem puder
Postada em: 30/07/2012 ás 11:30:52                   Link:  
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Nesta quinta-feira 2, após sete anos de expectativa, o Supremo Tribunal Federal dará início ao julgamento mais emblemático da história política do País. Durante esse tempo, o processo que apura a denúncia do esquema de compra de apoio parlamentar pelo PT ganhou volume e substância. Nas suas mais de 50 mil páginas, há centenas de relatórios de diligências feitas pela Polícia Federal e o Ministério Público, além dos depoimentos de 394 testemunhas.

Os 38 réus, agora na iminência de serem sentenciados e acuados pela crescente pressão da opinião pública, demonstraram nos últimos dias que o instinto de sobrevivência já fala mais alto. Em vez do discurso afinado, quase corporativo, que adotavam no início da ação, os acusados passam a trocar acusações às vésperas do julgamento. As estratégias de defesa definitivamente mudaram. A regra que os advogados devem adotar no tribunal é a do cada um por si.

Apesar dos discursos públicos de confiança na absolvição, os principais réus do processo revelam um estado de ânimo bem diferente em conversas particulares. Há um desânimo generalizado entre eles, decorrente da sensação real de que o espaço para a impunidade está cada vez menor e que o julgamento terá, de fato, consequências. O ex-ministro José Dirceu é um exemplo notório desse pessimismo. Apontado pelo Ministério Público como o “chefe da quadrilha”, Dirceu entrou em profunda depressão, segundo colaboradores próximos e ex-colegas de governo. Ele se tornou a síntese da fragmentação petista. Em conversas com amigos e empresários, Dirceu não esconde sua apreensão.

Tem o semblante cansado e mantém o olhar distante. Em nada faz lembrar o confiante ministro que ditava as ordens na antessala da Presidência da República. Dirceu acha que será condenado e até preso. Acredita que sua sentença será usada para atender aos anseios da opinião pública. “Serei um símbolo desse julgamento”, reclamou com amigos. No decorrer do processo, o ex-ministro da Casa Civil esperava a solidariedade de parte dos réus, especialmente dos integrantes do chamado núcleo político do esquema.

Sua defesa alegará que, depois de ter virado ministro, ele afastou-se da gestão do PT e, portanto, não tem responsabilidade por eventuais desvios do partido. Mas Dirceu não espera mais que esta tese seja endossada pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares e peloex-presidente da legenda, José Genoíno.

Ele sabe que no PT suas alegações acabaram entendidas como uma tentativa de jogar toda a culpa pela montagem e operação do esquema no colo dos colegas e ex-dirigentes do partido. Se até alguns meses atrás tudo levava a crer que os réus iam para o STF com um discurso afinado, o que se observa agora é um cenário de divergências internas que pode resultar numa guerra de versões, conforme apurou ISTOÉ em conversas com advogados, réus e ministros do Supremo.

Segundo um dos ministros do Supremo, “houve notáveis mudanças de argumentos” ao longo do processo. Em sua defesa inicial e nos depoimentos que prestou à Justiça, Delúbio chegou a bancar a tese de que a ideia de fazer caixa 2 para ajudar aliados partiu exclusivamente dele. A versão consta das alegações finais de outros réus, como Anderson Adauto, José Genoíno e do próprio José Dirceu. Mas os advogados de Delúbio concluíram, nos últimos dias, que assumir a culpa não seria a melhor saída, pois sempre se soube que dentro do próprio PT havia uma rígida hierarquia. “Ninguém tomaria uma decisão importante, como a de levantar recursos financeiros, sem autorização de cima”, diz um militante ligado a Delúbio.

Para se livrar da condenação por formação de quadrilha e corrupção ativa, cuja pena máxima é de 15 anos de cadeia, o ex-tesoureiro vai argumentar que houve apenas caixa 2. Ou seja, o dinheiro distribuído pelo publicitário Marcos Valério a políticos de diferentes legendas não seria para comprar apoio dentro do Congresso, mas apenas para quitar dívidas eleitorais. “Delúbio é o símbolo da solidariedade e do sangue vermelho. Mas não há provas de que houve compra de votos”, afirma seu advogado Sebastião Ferreira Leite.

A defesa de Delúbio, portanto, se chocará com os argumentos de Dirceu. O ex-ministro, por sua vez, transfere para o ex-deputado José Genoíno a responsabilidade pelas decisões partidárias. Para se defender, Genoíno dirá que, em 2002, quando o crime supostamente ocorreu, estava em campanha para o governo de São Paulo, o que teria lhe afastado das atividades partidárias. A versão de Genoíno devolve a responsabilidade para Delúbio Soares, que, segundo o ex-deputado, tinha total autonomia sobre as contas da legenda. “Em 2007, Genoino foi acusado nove vezes do crime de peculato, foi absolvido em todas. Ele estava em campanha, ora!”, diz o advogado Luiz Fernando Pacheco.

As divergências e transferências de responsabilidades entre as defesas não se restringirão ao núcleo político dos réus. O advogado do publicitário Duda Mendonça sugere que o empresário Marcos Valério, pivô do esquema, teria feito várias remessas para o exterior, não apenas a Duda. Embora o Ministério Público e a CPI dos Correiros não terem conseguido identificar outros pagamentos, um documento de 16 páginas, assinado pelos advogados Tales Castelo Branco e Frederico Crissiúma, que depois foram substituídos por Luciano Feldens, sustenta a versão das múltiplas remessas.

Enquanto a defesa de Duda complica Marcos Valério, este, por sua vez, repassa aculpa para Delúbio. Advogado do publicitário, Marcelo Leonardo defenderá a tese de que seu cliente desconhecia os motivos dos pagamentos solicitados pelo tesoureiro do PT. Ele afirma que os empréstimos obtidos no Banco Rural e no BMG foram todos regulares e legais, conforme perícia da Polícia Federal.

Esses valores saíram do banco para a conta da SMP&B e foram devidamente registrados no sistema do Banco Central – versão corroborada pela defesa do Banco Rural. Diz ainda que o dinheiro proveniente do fundo Visanet pertencia a uma empresa privada e nunca transitou em contas do Banco do Brasil. “Não há recursos públicos nos valores distribuídos por Marcos Valério a pedido do PT”, afirma.




"DEU ERRADO"

Na sede da CUT, o ex-tesoureiro Delúbio Soares disse que a engenharia montada para quitar dívidas do PT desmoronou. Na casa da família em Minas Gerais, José Dirceu (abaixo) é o retrato do abatimento




Além do jogo individualizado para salvar a própria pele, há outra peculiaridade na atitude dos réus, como já perceberam os ministros que vão julgar o caso. Tanto nas alegações finais quanto nos documentos anexados de última hora, as defesas têm insistido em uma estratégia para desmontar a acusação de formação de quadrilha, que recai sobre nove dos 38 réus. Na avaliação de um dos ministros, se a tentativa de rebater os argumentos do Ministério Público referentes a esse delito for bem sucedida, o núcleo político conseguiria blindar o PT. Isto porque seria possível alegar que, se não houve associação de pessoas para praticar o crime, não houve o mensalão. Pelo menos neste aspecto, os petistas tendem a adotar um mesmo discurso.

Como um último recurso, as defesas de alguns dos réus vão tentar apontar supostas falhas do processo. O advogado de José Dirceu, José Luis Oliveira, alegará que as provas produzidas na fase pré-judicial, apresentadas na denúncia do procurador-geral não foram corroboradas na fase judicial. “A absoluta inexistência de provas aptas a um decreto condenatório tem como primeiro responsável o próprio Ministério Público, que nem mesmo buscou produzir uma prova válida”, diz. No Supremo, no entanto, essas explicações dificilmente serão aceitas. A maioria dos ministros está afinada com a opinião pública. Carmen Lúcia, Rosa Weber, Joaquim Barbosa e o presidente Carlos Ayres Britto têm demonstrado internamente total intolerância com a corrupção. Britto, inclusive, adotou precauções para barrar quaisquer artimanhas dos advogados para adiar o julgamento. Preparou defensores públicos, caso alguém fique sem representante legal, e fez acordo com os colegas para que questões já julgadas, como o desmembramento do processo, sejam decididas em rito sumário.

Conforme apurou ISTOÉ, no entanto, alguns dos integrantes do Supremo vão optar por marcar posição e demonstrar que não se deixarão influenciar pelo apelo popular. Isso deve se traduzir em ponderações mais longas sobre as defesas dos réus, o que não significa relaxamento no ato de julgar. O ministro Marco Aurélio Mello é um deles. Avesso às pressões, ele vai destacar em seus votos os argumentos usados pelos advogados. Mello é um dos ministros que mais vezes falou sobre o caso, sempre ressaltando a necessidade de um julgamento imparcial e “sem atropelos”. Sob essa tese, espera-se que os votos de Cezar Peluso, Luiz Fux e Celso de Mello sejam pela absolvição de réus que tiveram mero papel coadjuvante no esquema. Mesmo assim, apenas Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, ligados ao PT, devem acatar a tese de crime eleitoral, defendida pelo PT, segundo relato de técnicos do próprio Supremo.

Seja como for, por precaução os advogados dos 38 réus resolveram manter seus clientes longe dos holofotes. Nenhum deles deve comparecer ao Supremo até que sejam pronunciadas as sentenças. Nos últimos dias, aliás, a maioria dos réus optou pela discrição. Dirceu, depois de uma temporada na casa da mãe em Passa Quatro, em Minas Gerais, foi para São Paulo, de onde acompanhará o julgamento. Também no centro das acusações, o ex-presidente do PT José Genoíno resolveu tirar dez dias de férias, a partir da próxima semana, para acompanhar o julgamento na capital paulista. Na semana passada, Genoíno cumpriu sua rotina de trabalho normal como assessor especial do ministro da Defesa, Celso Amorim, mas acompanhou de perto todas as notícias a seu respeito. Na quinta-feira 26, reuniu-se com seu advogado Luiz Fernando Pacheco. “Genoíno ficou preocupado com as manifestações dos advogados réus ao longo da semana”, disse um amigo do petista. Marcos Valério, que mora numa mansão de muros altos em um bairro nobre de Belo Horizonte, só saiu de casa, na última semana, para ir ao escritório do sócio Rogério Toletino.

Delúbio optou por acompanhar o julgamento do sítio da família em Goiânia. Mas, ao contrário dos outros réus, o ex-tesoureiro preferiu a exposição pública ao recolhimento. Nos últimos meses, o ex-tesoureiro fez um périplo pelo interior de Goiás e de Mato Grosso para tentar provar sua inocência durante encontros organizados pelo PT. Também fez visitas a Brasília e a São Paulo. Na terça-feira 24, Delúbio apareceu sorridente num ato em sua defesa na sede da CUT, no Setor de Diversões Sul, em Brasília. Para um auditório com mais de 70 pessoas, ele disse que a engenharia financeira que montou para quitar as dívidas do PT e dos partidos aliados desmoronou. “Deu errado, deu essa confusão toda”, disse o ex-tesoureiro. Em conversas reservadas, Delúbio afirma que espera pelo pior. “Dificilmente escaparei”, admite.

Outro réu que preferiu manter-se em evidência nas vésperas do julgamento foi o autor das denúncias, Roberto Jefferson. Ele foi reeleito presidente do PTB na Convenção Nacional do partido, em Brasília, no último dia 19. Há duas semanas, anunciou sua internação no Hospital Samaritano, em Botafogo, no Rio de Janeiro, onde fez uma angiotomografia e cintilografia miocárdia - tomografia computadorizada de tórax e abdômen. Também comunicou que seus médicos marcaram para o sábado 28 a retirada de um tumor no pâncreas que, segundo ele, “não é câncer”. Ao contrário de Delúbio, porém, Jefferson desafia o tribunal: “Não há condição de me condenarem”. Com a palavra, o Supremo.











Golpe certeiro contra a Aids

A liberação da venda do primeiro remédio para prevenir a infecção pelo HIV abre uma nova fronteira para frear a expansão da epidemia

Cilene Pereira, Mônica Tarantino e Monique Oliveira
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Na semana passada, o governo dos Estados Unidos deu um passo inédito na escolha denovas armas para conter o HIV, vírus que causa a Aids. Na terça-feira 17, a agência americana que regula medicamentos, o FDA, autorizou, pela primeira vez, a venda de um medicamento para ser tomado de forma regular e continuada por pessoas saudáveis para protegê-las da infecção pelo vírus. O remédio, que se chama Truvada, acondiciona na mesma cápsula azul duas substâncias já usadas contra o HIV, o tenofovir e a emtricitabina. 

De acordo com o FDA, a droga pode ser receitada a indivíduos altamente vulneráveis ao risco de contrair o HIV por meio de atividade sexual. Pela ampla definição do órgão americano, portanto, estão incluídos trabalhadores do sexo, heterossexuais e homossexuais que têm múltiplos parceiros e companheiro não contaminado em casais nos quais um deles é soropositivo (chamados de casais discordantes). Nos casos em que a seguradora de saúde não assumir o pagamento do remédio, o interessado em tomá-lo precisará desembolsar cerca de US$ 12 mil por ano.
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PREVENÇÃO
O publicitário Danilo participou dos testes com o Truvada no Brasil
Fabricado pelo laboratório Gilead Sciences, na Califórnia, o Truvada já é usado em 93 países como um dos componentes do coquetel de medicamentos dado aos pacientes. A decisão de disponibilizá-lo a pessoas não infectadas foi tomada com base nas conclusões de quatro testes internacionais. O primeiro desses estudos, cujos resultados foram publicados em 2010 pelo “The New England Journal of Medicine” – prestigiada publicação científica –, avaliou o desempenho da medicação entre 2.499 homens que fazem sexo com homens, distribuídos em seis países. O estudo teve a participação de 11 instituições de pesquisa. Entre elas a Unidade de Pesquisa Clínica de São Paulo, ligada à Universidade de São Paulo. O publicitário paulistano Danilo Poveza, 31 anos, foi um dos recrutados. “Achei importante participar”, conta. Homossexual e soronegativo, Danilo tomou a medicação todos os dias por um ano.
Nesse trabalho, ficou demonstrado que o nível de proteção oferecido pela droga variou de 43% a 73%. Outros dois estudos mostraram níveis de proteção similares. O quarto, realizado com mulheres no continente africano, foi interrompido por causa dos resultados ruins e da baixíssima adesão ao tratamento. Os trabalhos foram feitos de forma independente do fabricante do remédio. Receberam patrocínio de entidades como a Fundação Bill e Melinda Gates e do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
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RISCOS
Rosenthal teme a falsa sensação de segurança que a droga pode dar. Kallás (abaixo)
foi um dos coordenadores do trabalho sobre a nova medicação feito no Brasil
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A decisão americana causou impacto. As autoridades da saúde da França, por exemplo, pretendem aguardar novos estudos antes de adotar a estratégia. No Brasil, onde o remédio está aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mas nem sequer integra o coquetel distribuído na rede pública, a posição do governo foi de cautela. “Mesmo que três estudos tenham mostrado bons resultados em populações expostas a alto risco de infecção pelo HIV, ainda há muitas incertezas quanto à sua utilização na vida real”, disse o infectologista Dirceu Greco, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Isso quer dizer, portanto, que por aqui ainda não se sabe se o Truvada será oferecido, seja como tratamento, seja como preventivo.

Até agora, o que existia para conter o vírus era aplicado depois que a pessoa já havia tido contato com ele. Nesses casos, o indivíduo tem até 72 horas após ter se exposto ao risco para começar a receber o coquetel com medicações contra o vírus – o mesmo usado pelos pacientes. Os remédios devem ser tomados por quatro semanas. Por isso, entre os médicos e outros profissionais que atuam no combate à doença, é consenso que, do ponto de vista científico, a aprovação do Truvada como recurso de prevenção deve ser comemorada. “Ele amplia os recursos para prevenir a disseminação do HIV”, afirmou o infectologista Esper Kallás, da Universidade de São Paulo. O médico participou do primeiro estudo com o remédio e agora está concluindo novas análises sobre sua ação. “Estamos observando que os voluntários do estudo que apresentavam quantidade do remédio detectável no sangue, o que significa que tomavam a medicação corretamente, chegaram a ter até 93% de proteção.”
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ATIVISMO
Nunes Neto acredita que o remédio vai beneficiar
casais em que um dos parceiros é soropositivo
Na opinião de Gottfried Hirnschall, diretor do departamento de HIV/Aids da Organização Mundial da Saúde, a profilaxia pré-exposição é um enfoque promissor. “Acreditamos que, provavelmente, seja um instrumento de intervenção a grupos nos quais outras prevenções podem não ser acessíveis ou difíceis de implementar”, disse. Segundo o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos, de São Paulo, o medicamento pode ser um bom protetor, por exemplo, para usuários de drogas injetáveis. “Eles integram um grupo de extrema vulnerabilidade à contaminação pelo HIV”, diz. O ativista Américo Nunes Neto, fundador do Instituto Vida Nova, que atende soropositivos em São Paulo, por sua vez, acredita que o remédio pode ser um bom recurso para os casais nos quais um dos parceiros está contaminado. “Temos muitos casais nessas condições”, afirma. A assistente de responsabilidade social Silvia Almeida, orientadora de mulheres portadoras no Grupo de Incentivo à Vida, compartilha a mesma opinião. “Há muita gente que não se sente segura nem usando a camisinha”, diz. “Dependendo da compreensão do casal, pode haver uma combinação dos dois.”

Uma das principais preocupações entre os especialistas, no entanto, é a de que a liberação do Truvada como remédio preventivo seja a senha para um relaxamento na prevenção. “As pessoas podem se sentir ilusoriamente protegidas e deixar de usar a camisinha”, afirma Timerman. “E os grupos para os quais o remédio é indicado com essa finalidade já são normalmente refratários à utilização do preservativo.” O infectologista Caio Rosenthal, do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, de São Paulo, trata pacientes com Aids há mais de 15 anos. Ele considera a droga um bom instrumento, mas concorda com o colega Timerman. “O remédio pode dar uma falsa sensação de segurança”, diz. “Sou a favor da liberação desse tipo de medicamento para casais discordantes que estejam em relações estáveis”, defende.
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Além disso, há outras ponderações. “O Truvada ou a associação de tenofovir com emtricitabina, uma combinação que está disponível no Brasil há um bom tempo e tem efeito igual, não é um mar de rosas. O bom resultado depende do comprometimento em tomar o remédio todos os dias, pois não pode haver falhas, e de suportar os efeitos colaterais”, explica o infectologista Rosenthal. Entre os efeitos estão náuseas e o risco de desenvolvimento de osteoporose (doença caracterizada pelo enfraquecimento dos ossos). Existe também a possibilidade de o mau uso levar à criação de resistência a um dos componentes do remédio. “Mas os resultados dos estudos feitos até agora mostraram que a ocorrência de resistência é rara”, afirma Kallás.

O consenso é que o Truvada deve ser entendido – e usado – como uma arma de prevenção de fato poderosa, mas que integra um arsenal mais amplo criado com essa finalidade. “Ele inclui outras medidas, como a prática do sexo seguro”, diz o pesquisador Kallás. É por essa razão que todas as iniciativas não medicamentosas adotadas até hoje precisam ser mantidas e aprimoradas. “A base para a prevenção é o diálogo dirigido para cada grupo e o uso do preservativo”, argumenta Zarifa Khoury, coordenadora da Assistência do Programa Municipal de DST/Aids da cidade de São Paulo.
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Na área de tratamentos, a comunidade científica teve outro motivo para festejar na semana passada. Pesquisadores do The Scripps Research Institute, dos Estados Unidos, anunciaram a descoberta de um composto que, em laboratório, praticamente eliminou a presença do HIV de dentro das células. A façanha foi registrada inclusive nas células extraídas dos chamados reservatórios, locais nos quais as medicações costumam não ter efeito, o que inviabiliza, hoje, a eliminação total do vírus do corpo. “O composto teve ação sobre essas células nas quais o HIV se esconde”, afirmou Susana Valente, coordenadora do trabalho.

Foram notícias como essas que aumentaram o otimismo dos principais pesquisadores de Aids do mundo, reunidos também ao longo da semana passada em Washington, nos Estados Unidos, em um encontro sobre a doença – que ainda atinge 34,2 milhões de pessoas no planeta e que provoca a morte de cerca de dois milhões de indivíduos por ano. Um dos mais famosos, o infectologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, por exemplo, fez uma previsão fabulosa. “Se todos os recursos que temos hoje forem disponibilizados amplamente para quem precisa, pode ser possível que tenhamos uma geração livre da Aids”, afirmou. “Isso significa que as crianças de hoje poderiam, um dia, viver em um mundo no qual a infecção pelo HIV e as mortes por Aids sejam raras.”
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100 atletas para ver em Londres - Parte 1

Iziane, Mayra Aguiar, Leandro Guilheiro, Anderson Varejão, Marílson dos Santos, Giba, Maurren Maggi, Cesar Cielo, Robert Scheidt, Marta, Oscar, Alison/Emanuel, Diego Hypólito e mais 87 competidores... vão atrair os holofotes nos Jogos de Londres

Por Amauri Segalla, Mariana Barboza e Rodrigo Cardoso
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Eles são as estrelas maiores de um evento planetário, protagonizado por 10,5 mil atletas de quase 200 países, que terá uma audiência televisiva global estimada em cinco bilhões de pessoas. Nas páginas a seguir, você encontrará o perfil de 100 grandes atletas olímpicos – brasileiros ou não –, seu histórico de conquistas e as chances de vitória de cada um. Fazem parte da lista gênios como Usain Bolt, o homem mais rápido de todos os tempos, e Michael Phelps, que pode se tornar em Londres o recordista de medalhas olímpicas. Mas não estão presentes apenas os supercampeões. Você conhecerá a saga de um judoca da Palestina, a trajetória de um cavaleiro japonês que, aos 71 anos, é o atleta mais velho dos Jogos, e a irlandesa que divide sua vocação entre os ringues de boxe e os gramados de futebol. 

Esta edição especial também preparou uma surpresa: produzimos um ensaio fotográfico exclusivo com os brasileiros que têm mais chances de conquistar medalha. O trabalho é inovador. Pela primeira vez, os atletas foram retratados como praticantes de esportes diferentes daqueles que os consagraram. A ideia foi transmitir o sentido coletivo da Olimpíada: é como se todos fossem um só. Mais do que lutar por uma conquista individual, eles vão às piscinas, aos tatames, às pistas de corrida e aos ginásios defender uma nação. Fotografamos Cesar Cielo, campeão olímpico da natação, como um judoca. Esportista mais vitorioso da história olímpica do Brasil, o velejador Robert Scheidt vestiu roupas de boxe. A saltadora Maurren Maggi se transformou em uma ciclista. Que esse espírito contamine a delegação brasileira e que os atletas voltem de Londres carregados de medalhas.
1
Natação
Cesar Cielo 
(Brasil)
Concentração para o ouro
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O homem mais rápido do mundo nas piscinas tem sido discreto nos últimos dias. Elepouco fala sobre as perspectivas para a Olimpíada, se refere aos adversários com fartos elogios e evita ao máximo a exposição gratuita. Em outras palavras: está concentrado como nunca. Cielo deve disputar quatro provas em Londres, os 50 e 100 m livre, o revezamento 4x100 m livre e o revezamento 4x100 m medley. Nas provas individuais, são grandes suas chances de medalha. Mais do que isso: nos 50 m, será surpresa se não subir ao pódio, mas o que ele espera mesmo é o bicampeonato olímpico. Atual recordista mundial da distância, não tem encontrado adversários capazes de rivalizar com ele nessa prova. Nos 100 m, a história é diferente. Embora detentor do recorde mundial – obtido com os trajes tecnológicos, que melhoram sensivelmente a performance – Cielo está atrás do australiano James Magnussen, que tem dominado com certa facilidade as competições. Mas é bom não duvidar. Em Pequim, ninguém dava nada por ele nessa prova e mesmo assim o bronze veio. Cielo é Cielo. Quando ver: 29 de julho: 8h05 e 16h54 / 31 de julho: 6h e 15h30 / 1º de agosto: 16h17 / 2 de agosto: 6h e 15h30 / 3 de agosto: 8h04 e 16h09 / 4 de agosto: 16h27
2
Vela
Robert Scheidt 
(Brasil)
Prestes a ser o maior de todos
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O velejador Robert Scheidt nunca foi embora de uma Olimpíada sem levar medalha para casa. O paulista é dono de dois ouros (Atenas-2004 e Atlanta-1996) e duas pratas (Pequim-2008 e Sydney-2000). Em Londres, fará dupla com Bruno Prada na classe Star e disputa as regatas na condição de principal favorito da categoria. Se conquistar o tricampeonato olímpico, Scheidt coloca um ponto-final na discussão sobre o maior atleta da história do Brasil fora do futebol: ele, claro. Desde os 11 anos, quando foi campeão sul-americano de Optimist, no Chile, o velejador está acostumado a vencer. Hoje, acumula mais de 160 títulos na carreira. Daqueles tempos, guarda uma superstição: sempre carrega um peão de jogo de xadrez que encontrou antes de uma competição em Florianópolis, em 1984. Acostumado a treinar em Ilhabela, no litoral paulista, Scheidt não deve enfrentar problemas com as condições climáticas da raia britânica de Weymouth. O local é conhecido pelos ventos fortes, exatamente do jeito que ele gosta de velejar.Quando ver: 29 de julho: 8h / 30 de julho: 8h / 31 de julho: 8h / 2 de agosto: 8h / 3 de agosto: 8h / 5 de agosto: 9h
3
Atletismo / Salto em distância
Maurren Maggi
 (Brasil)
Isso é que é volta por cima
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Maurren Maggi vai a Londres de um jeito bem diferente do que chegou a Pequim, em 2008. Naquela época, a atleta voltava desacreditada de uma suspensão de dois anos por ter sido pega em um exame antidoping (foi flagrada, segundo alegou, pelo uso de uma substância presente em um creme cicatrizante). Na competição chinesa, atingiu a marca de 7,04 m no salto em distância e garantiu a medalha de ouro por 1 centímetro de vantagem sobre a russa Tatiana Lebedeva. Numa incrível reviravolta, saiu de Pequim carregando a bandeira do Brasil na cerimônia de encerramento dos Jogos, com a promessa de chegar à Inglaterra como o nome mais importante do atletismo do País. Depois disso, Maurren, hoje com 36 anos, tornou-se tricampeã pan-americana e manteve o recorde sul-americano em sua categoria. Na preparação para a Olimpíada de 2012, sofreu uma lesão leve no quadril e desistiu de competir no Troféu Brasil e no Campeonato Ibero Americano. Mas está recuperada para lutar pelo bi. Quando ver: 7 de agosto: 15h05 /  8 de agosto: 16h05
4
Vôlei
Gilberto Godoy Filho (Giba) 
(Brasil)
O ato final de um craque
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Giba é o jogador mais carismático – e provavelmente o melhor – da história do vôlei brasileiro. Em sua lista de conquistas pela seleção constam duas medalhas olímpicas (ouro em Atenas-2004 e prata em Pequim-2008), três campeonatos mundiais (2002, 2006 e 2010) e oito ligas mundiais (2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010). Em muitas dessas conquistas, era o capitão e alma do time de Bernardinho. Com um histórico de superações na vida – venceu até uma leucemia –, chega a Londres depois de uma sequência de contusões que quase ameaçaram sua participação na competição. Aos 35 anos, o esforço para voltar a jogar em alto nível tem razão de ser. Londres-2012 marcará a despedida de Giba da seleção após a presença em quatro Olimpíadas (sempre como destaque do time nacional) e 16 anos de dedicação permanente. A aposentadoria oficial do vôlei ainda não tem data, já que o atleta seguirá jogando no Cimed Esporte Clube, de Santa Catarina. Quando ver: 29 de julho: 18h / 31 de julho: 18h / 2 de agosto: 16h / 4 de agosto: 18h / 6 de agosto: 18h / Fase final: 8, 10 e 12 de agosto
5
Atletismo / Maratona
Marílson dos Santos 
(Brasil)
Corrida contra os africanos
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Bastam alguns minutos de conversa para simpatizar imediatamente com o maratonista Marílson Gomes dos Santos. Sujeito boa-praça, tímido e humilde nas declarações, ele não parece ser um gigante do esporte brasileiro. Mas nada mais justo do que o colocar nesta lista. Duas vezes vencedor da maratona de Nova York, em 2006 e 2008 (foi o primeiro sul-americano a alcançar o feito), e campeão pan-americano (em 2011), Marílson é o maior corredor de grandes distâncias fora do continente africano. Não é pouca coisa. Em uma modalidade dominada principalmente por quenianos (ele é o único não nascido neste país que está entre líderes do ranking mundial da maratona), o brasileiro tem o desafio de deter os homens que estão quebrando todos os paradigmas nas corridas de longa distância. Mas ele não se dá por vencido: alguns dos africanos escalados para Londres já foram derrotados por ele em outras competições. Quando ver: 12 de agosto: 7h

6
Futebol
Marta Vieira da Silva 
(Brasil)
A maior da história?
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Marta é um fenômeno. Nascida em Dois Riachos, pequena cidade de Alagoas, a atacante levou o futebol feminino a um patamar jamais conquistado no Brasil (País que, a propósito, ainda esconde um ranço machista no esporte da bola). Marta foi a primeira (e por enquanto única) mulher a ter sua marca no hall da fama do Maracanã e ser eleita nada menos que cinco vezes consecutivas a melhor jogadora do mundo pela Fifa, algo que nenhum marmanjo de chuteiras jamais conseguiu. Pela seleção, possui a incrível média de mais de um gol marcado por jogo, conquistou duas medalhas de pratas olímpicas e um vice-campeonato mundial. E isso tudo com apenas 26 anos. Reconhecida internacionalmente – ganhou da revista americana Time o apelido de “Pelé de saias” –, joga atualmente no Tyresö FF, da Suécia. Em Londres, terá a chance de, enfim, gravar seu nome na história da Olimpíada. Quando ver: Fase classificatória 25 de julho: 14h45 / 28 de julho: 10h30 / 31 de julho: 15h45 / Fase final 3, 6 e 9 de agosto
7
Judô
Leandro Guilheiro
 (Brasil)
Preparação com japoneses
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Pergunte a qualquer técnico de judô no Brasil e ele vai apontar o paulista Leandro Guilheiro como um dos maiores nomes do esporte no País. Dono de duas medalhas de bronze olímpicas (Atenas-2004 e Pequim-2008), Guilheiro pode quebrar uma marca em Londres: ser o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas na história dos Jogos. O judoca de 28 anos é favorito ao pódio – para muitos, ao ouro – na categoria até 81 quilos. E com uma vantagem: pela primeira vez, chega a uma competição olímpica sem sofrer com lesões. A equipe brasileira de judô jamais passou por uma preparação tão caprichada. Dois meses antes do início das competições em Londres, Guilheiro foi ao Japão, berço do judô, treinar com a equipe olímpica daquele país. Saiu de lá com a certeza renovada de que pode enfrentar qualquer atleta e está mais pronto do que nunca para chegar ao topo dos tatames. Quando ver: 31 de julho: a partir das 5h30
8
Vôlei de praia
Alison e Emanuel 
(Brasil)
A dupla mais temida
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Parceiros no vôlei de praia por acaso, Alison e Emanuel jamais estiveram juntos em uma competição olímpica. Maior vencedor da história do Circuito Mundial de Vôlei de Praia, Emanuel, de 39 anos, participou de quatro edições dos Jogos com Ricardo e trouxe da experiência uma medalha de ouro (Atenas-2004) e uma de bronze (Pequim-2008). Em 2010, quando iniciava o ciclo de treinamentos para Londres, Emanuel se viu sem o companheiro de longa data, que sofreu uma séria lesão. Foi assim que Alison, 13 anos mais jovem, apareceu na história. A sintonia foi perfeita. Em 2011, os dois passaram a liderar o ranking mundial – e de lá não saíram mais. Todos os prognósticos apontam a dupla brasileira como o time a ser batido. Até os americanos Todd Rogers e Phil Dalhausser, atuais campeões olímpicos, declararam que os brasileiros estão alguns passos (ou cortadas) à frente dos rivais. Quando ver: 28, 29, 30 e 31 de julho: a partir das 5h / 1º de agosto: a partir das 5h / 2 de agosto: a partir das 7h / 3 e 4 de agosto: a partir das 5h / 6 e 7 de agosto: a partir das 14h / 9 de agosto: a partir das 15h
9
Ginástica / Solo
Diego Hypólito 
(Brasil)
Sangue nos olhos
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Uma das cenas mais dramáticas dos Jogos de Pequim foi protagonizada pelo ginasta paulista Diego Hypólito. Depois de cair nos exercícios de solo, erro que custou a medalha dada como certa, Hypólito arregalou os olhos, colocou as mãos na boca e mostrou para o mundo o tamanho de seu desespero. Desde o acidente de percurso, ele perdeu espaço na mídia e passou a ser considerado acabado para o esporte. Os resultados que se seguiram, porém, mostraram que os críticos foram severos demais. Ele continuou frequentando a lista dos melhores do mundo em sua categoria, subiu ao pódio em torneios importantes e, passados quatro anos, não encontrou rivais à sua altura no Brasil. Mais maduro e com a consciência limpa de quem não tem nada a perder, Hypólito sabe que Londres pode representar sua oportunidade definitiva. Aos 25 anos, idade considerada alta para o esporte, ele chega a Londres como sério candidato ao pódio.Quando ver: 5 de agosto: 10h
10
Basquete
Anderson Varejão
 (Brasil)
O maluco da NBA
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Estrela do Cleveland Cavaliers, da NBA, o capixaba Anderson Varejão é uma unanimidade entre a torcida. Não só pela habilidade com que desarma os adversários e consegue rebotes (foi o quarto maior reboteiro da temporada passada na liga profissional do basquete americano), mas pelo carisma marcante dentro das quadras. É da natureza de Varejão atrair os holofotes. A começar pela cabeleira encaracolada. O sucesso nos Estados Unidos é tanto que os torcedores do Cleveland até criaram o “Varejão Day”, dia em que lotam o ginásio vestindo perucas iguais ao cabelo dele – que é natural, por sinal. O pivô foi revelado no tradicional time do Franca Basquetebol Clube, no interior de São Paulo, em 1998. De lá, foi para a Espanha e para a seleção brasileira, até chegar à NBA. Para Londres, é um dos homens de confiança de Rubén Magnano, técnico argentino que tem reconduzido a seleção brasileira ao lugar que merece. Quando ver: 29 de julho: 7h15 / 31 de julho: 12h45 / 2 de agosto: 12h45 / 4 de agosto: 12h45 / 6 de agosto: 16h / Fase final: 8, 10 e 12 de agosto
11
Tênis de mesa
Hugo Hoyama 
(Brasil)
O veterano da bolinha
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Praticamente uma instituição esportiva nacional, Hoyama está com 43 anos e já ganhou 15 medalhas em Jogos Panamericanos desde sua estreia em Indianápolis (1987) – dessas 15, 10 são de ouro, um número impressionante. Londres marcará sua quinta, e talvez última, participação em Olimpíadas. Até agora sua melhor colocação foi um 9º. lugar em Atlanta (1996) e mesmo que agora não tenha lá muitas chances de subir no pódio (tanto de individuais quanto de duplas), Hoyama quer pelo menos melhorar sua posição. Jogando e lutando sempre. Quando ver: (inviduais) 28 de julho: 05h45 e 12h / 29 de julho: 7h / 30 de julho: 6h e 15h / 31 de julho: 16h / 1º de agosto: 6h / 2 de agosto (fase final): 6h // (duplas) 3 de agosto: 15h / 4 de agosto: 6h / 5 de agosto: 6h / 6 de agosto: 10h30 e 15h / 8 de agosto (fase final): 7h
12
Judô
Mayra Aguiar
 (Brasil)
Ela treina com homens
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No Brasil, não é fácil a vida de uma judoca que é grande. Lutadora da categoria meio-pesados (para atletas até 78 quilos), a gaúcha Mayra Aguiar tem dificuldade para se exercitar com mulheres de seu tamanho – elas são poucas. Resultado: Mayra treina principalmente com homens do Clube Sogipa, em Porto Alegre. Mas isso está longe de ser uma desvantagem. Acostumada a encarar, nos treinamentos, atletas mais fortes, a brasileira passou a triturar adversárias no circuito mundial. Em 2010, fez história ao se tornar a primeira brasileira finalista de uma edição do Campeonato Mundial. Ficou com a prata, mas saiu com a certeza de que pode encarar qualquer uma. Em 2011, conquistou a medalha de bronze no mesmo torneio, mas ficou evidente que faltavam pequenos detalhes para chegar ao topo. Em 2012, assumiu a liderança mundial de sua categoria. E isso com apenas 20 anos. Quando ver: 2 de agosto: a partir das 5h30
13
Futebol
Oscar Emboaba Júnior
 (Brasil)
Chega de encrencas
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O ano de 2012 tem oferecido fortes emoções ao meia Oscar, do Internacional. Envolvido em uma disputa jurídica com seu ex-clube, o São Paulo, ele chegou a ficar dois meses sem jogar e até correu o risco de perder a temporada. Depois de uma dura do técnico da seleção, Mano Menezes, Oscar resolveu suas pendências com a equipe paulista e, como se estivesse com a motivação renovada, jogou como nunca com a camisa do Brasil. Em uma série de amistosos preparatórios para a Olimpíada, não só foi o destaque do time como ofuscou por completo o atacante santista Neymar, até então maior craque do futebol brasileiro. Aos 20 anos, vai para a Olimpíada com a missão de ajudar o País a conquistar um título que jamais conseguiu. Seu histórico em competições oficiais é altamente positivo: em 2011, foi o maestro da seleção campeã mundial sub-20. Quando ver:  Fase classificatória 26 de julho: 15h45 / 29 de julho: 11h / 1º de agosto: 10h30 / Fase final 4, 7, 10 e 11 de agosto
14
Basquete
Nenê 
(Brasil)
Um pivô de altos e baixos
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Primeiro jogador brasileiro a ser levado a sério na NBA, o paulista Maybyner Rodney Hilário, o Nenê, tem uma trajetória tão vitoriosa quanto conturbada. Pivô com excelente média de 14 pontos por jogo na liga profissional americana, ele jamais se destacou na seleção brasileira, tendo inclusive pedido dispensa de convocações em diversas oportunidades. Em 2008, afastou-se das quadras para operar um tumor nos testículos, recuperou-se e atingiu logo depois os melhores resultados da carreira. Agora com 29 anos, diz estar focado no sonho de conquistar uma medalha olímpica. Quando ver: 29 de julho: 7h15 / 31 de julho: 12h45 / 2 de agosto: 12h45 / 4 de agosto: 12h45 / 6 de agosto: 16h / Fase final: 8, 10 e 12 de agosto
15
Boxe
Everton Lopes
 (Brasil)
Romance nos ringues
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Ex-lavador de carros, Everton Lopes é o atual campeão mundial dos médios-ligeiros (até 64 kg) e promete se manter focado na briga por medalha – mesmo com a namorada por perto. A amada é a porto-riquenha Kiria Tapia, campeã pan-americana de boxe, que vai competir em Londres por seu país. Em sua segunda Olímpiada, o baiano, que começou a lutar aos 16 anos em São Paulo, quase foi para o Santos se dedicar ao futebol. Por um desses acasos do destino, a mãe não permitiu. Agora, além do treinamento pesado, a preparação inclui espalhar frases motivacionais pelos lugares por onde passa. Quando ver: 31 de julho: 10h45 / 4 de agosto: 10h30 / 8 de agosto: 17h30 / 10 de agosto: 10h30 / 11 de agosto: 17h15
16
Atletismo / Maratona
Paula Radcliffe
 (Inglaterra)
A última chance de um mito


A economista britânica Paula Radcliffe é uma das maiores atletas da história, detentora das três melhores marcas de todos os tempos da maratona e campeã mundial da distância. Apesar de ser um fenômeno do esporte, Paula enfrenta uma sina: jamais ganhou medalha olímpica. Nos Jogos de Atenas, em 2004, desistiu no meio da prova e as imagens dela sentada no meio-fio, aos prantos, correram o mundo. Em Pequim, decepcionou com o 23º lugar. Aos 38 anos, Paula tem em Londres uma última oportunidade de gravar seu nome na memória olímpica. Quando ver: 5 de agosto: 7h
17
Atletismo / Salto em distância
Mauro Vinícius da Silva 
(Brasil)
Virada na carreira
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Primeiro, ele tentou o futebol, mas não deu certo. De tão veloz, migrou para o atletismo e chegou a ser campeão do Troféu Brasil no revezamento 4x100 m. Mas a verdadeira vocação era outra – o salto em distância. O paulista Mauro Vinícius da Silva teve uma participação discreta em Pequim, em 2008 (ficou em 2º lugar) e parecia que ficaria por ali mesmo. Nada disso. Em março, surpreendeu com o título no Campeonato Mundial Indoor na Turquia, o suficiente para a Federação Internacional de Atletismo colocá-lo na lista dos candidatos a medalha em Londres. Quando ver: 3 de agosto: 15h50 / 4 de agosto: 15h55
18
Atletismo / 100 e 200 metros
Jamaica

Esquadrão da velocidade
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Usain Bolt é um mito do esporte, dono das melhores marcas da história nos 100 e 200 m. Yohan Blake é o atual campeão mundial dos 100 m e detém a segunda melhor marca de todos os tempos nos 200 m. Asafa Powell é ex-recordista dos 100 m e faturou o ouro na prova de revezamento em Pequim, em 2008. O que eles têm comum? Todos são jamaicanos e, a não ser que surpresas aconteçam, devem colecionar medalhas nas competições de velocidade em Londres. Não estranhe se, na prova mais rápida do atletismo, os jamaicanos faturarem ouro, prata e bronze. Quando ver: 4 de agosto: 6h e 8h30 / 5 de agosto: 15h45 e 17h50
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Atletismo / 110 metros com barreiras
Liu Xiang 
(China)
O pesadelo acabou


Nos Jogos de Pequim, em 2008, o corredor Liu Xiang comoveu a China ao desistir, por contusão, de disputar uma eliminatória dos 110 m com barreira. Campeão olímpico quatro anos antes e recordista mundial, Xiang era a maior estrela chinesa da competição. Depois, descobriu-se que sua lesão era grave e, para piorar, uma série de cirurgias colocou em xeque a continuidade de sua carreira. Em 2011, voltou, enfim, a apresentar a velha forma. Agora, chega a Londres com a melhor marca do ano, pronto para recuperar o título olímpico. Quando ver: 7 de agosto: 6h10 / 8 de agosto: 15h15 e 17h15
20
Handebol
Ana Paula Rodrigues 
(Brasil)
Explosão nas quadras
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Jogadora rápida e de grande explosão, Ana Paula Rodrigues deu os primeiros arremessos no handebol aos 12 anos, ao mesmo tempo em que jogava capoeira e futebol. A maranhense de São Luís, fã de Ayrton Senna, sagrou-se campeã pan-americana nos Jogos de Guadalajara, no México, e esteve na Olimpíada de Pequim-2008, quando o Brasil conquistou a nona colocação. Com a experiência de quem atua na Europa, Ana Paula, de 24 anos, é a líder da equipe brasileira que tenta a inédita medalha nesse esporte.Quando ver: Fase de classificação 28 de julho: 10h30 / 30 de julho: 15h30 / 1° de agosto: 12h15 / 3 de agosto: 12h15 / 5 de agosto: 7h15 / Fase final 7 de agosto: 6h / 9 de agosto: 13h e 16h30 / 11 de agosto: 13h e 16h30
21
Judô
Leandro Cunha 
(Brasil)
Dá-lhe, Coxinha!
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Coxinha, como ele é conhecido, detém o título de campeão da simpatia entre os integrantes da seleção brasileira de judô. Atual medalhista de ouro no pan-americano de Guadalajara e vice-campeão mundial em 2010 e 2011, o paulista Leandro Cunha criou o hábito de levar para o seu mestre no judô as coxinhas que sua mãe prepara em casa para vender. Daí o apelido do judoca. Experiente, aos 31 anos tem sua chance derradeira de medalha olímpica. É candidato forte ao pódio. Quando ver: 29 de julho: a partir das 5h30
22Atletismo / Maratona
Quênia
Favoritos ao ouro, prata e bronze


Em 2011, as 20 melhores marcas da maratona foram obtidas por quenianos. O recorde mundial é do Quênia. Nos Jogos de Pequim, em 2008, o ouro foi para um atleta daquele país. Quais as chances de um esportista de outra nacionalidade vencer os 42.195 m em Londres? Convenhamos: poucas. Para alguns especialistas, nenhuma. Daí a expectativa para a convocação dos três quenianos para a Olimpíada. Wilson Kipsang (vencedor da última Maratona de Londres, em 2012), Abel Kirui (bicampeão mundial) e Emmanuel Mutai (recordista da Maratona de Londres) foram os eleitos. O anúncio trouxe surpresas: a confederação local se deu ao luxo de esnobar o recordista mundial Patrick Makau.Quando ver: 12 de agosto: 7h
23
Badminton
Lin Dan 
(China)
Até agora, ele foi imbatível
Ok, badminton (espécie de vôlei jogado com raquetes) não é um esporte popular no Brasil, mas se você gosta de ver craques em ação vale a pena assistir aos jogos do chinês Lin Dan. Tetracampeão mundial e campeão olímpico em Pequim, é o único jogador da história a ter vencido os nove principais torneios de badminton do planeta. Dan detém ainda a impressionante marca de 75 vitórias consecutivas, algo jamais repetido na modalidade. Considerado o maior jogador de todos os tempos, vai tentar ser em Londres, aos 29 anos, o primeiro bicampeão olímpico. Quando ver: 5 de agosto: a partir das 5h
24
Esgrima
Valentina Vezzali 
(Itália)
Em guarda
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A Itália é celeiro de belas e sedutoras mulheres – no esporte não é diferente. Habituée das listas de musas olímpicas, a esgrimista Valentina Vezzali, de 38 anos, prova que beleza também pode conviver com força. Olhos claros, cabelos tratados e corpo esguio formam o conjunto da atleta, que tem em seu currículo cinco medalhas de ouro. Mais: ela foi a primeira na história a conseguir três medalhas de ouro na esgrima individual (Sidney-2000, Atenas-2004 e Pequim-2008). Casada com um jogador de futebol, é mãe de dois filhos. Quando ver: 1º de agosto: a partir das 9h10
25
Vôlei
Destinee Hooker 
(EUA)
Ela bota para quebrar


Para ela, cortar uma bola acima do bloqueio é uma ação tão corriqueira quanto uma enterrada  para um pivô de basquete. Destinee Hooker herdou  a impulsão do berço: A ponteira-oposto é filha de um ex-jogador da NBA e praticou salto em distância antes de se firmar no vôlei. Em 2012, Hooker, que nasceu na Alemanha e se naturalizou americana, foi campeã da Superliga pelo Sollys/Osasco. Também foi notícia ao lesionar a mão direita após dar um soco na mesa de casa em discussão por telefone com o namorado. Na quadra ou fora dela, essa craque de 24 anos bate forte. Quando ver:Fase classificatória 28 de julho: 16h / 30 de julho: 12h45 / 1, 3 e 5 de agosto: 16h / Fase final 7, 9 e 11 de agosto
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