Educação Cristã começa
Em casa
Muito antes de existir escola,
já havia educação; muito antes de existir igreja, já havia educação cristã. A
educação acontece sempre que há relacionamentos e interesse ou necessidade de
aprender ou ensinar algo. Engana-se quem pensa que a educação só acontece entre
quatro paredes, onde há a figura de um professor. O ensino informal vai muito
além disso e produz um efeito muito mais duradouro.
Nos tempos antigos, por exemplo, a educação da criança era uma
tarefa exclusivamente doméstica. As meninas eram instruídas para lavar,
cozinhar e cuidar da casa, aprendendo tudo
com a mãe, seguindo seu exemplo; os meninos, por sua vez, eram
ensinados a caçar e trazer o sustento para casa, seguindo o exemplo dos pais.
Era, na verdade, uma educação de reprodução de valores sociais.
Pensando em educação cristã, o texto bíblico mais claro e tema central do
Antigo Testamento é Deuteronômio 6.4-9. Eugene Peterson, na Bíblia “A
Mensagem”, com uma linguagem mais contemporânea, escreveu assim: “Atenção,
Israel”! O Eterno, o nosso Deus, é um e único! Amem o Eterno,
o seu Deus, de todo o coração. Amem o Eterno com tudo que há em
vocês e com tudo que vocês são! Escrevam no coração os mandamentos que estou transmitindo
a vocês.
Apropriem-se deles e levem seus filhos a se apropriar deles. Que
eles sejam o assunto de
sua conversa, onde quer que vocês estiverem – sentados em casa ou andando
pela rua. Que eles sejam repetidos desde a hora em que vocês se levantam, de
manhã, até a hora de cair na cama, à noite. “Que eles estejam amarrados na mão
e na testa de vocês, como lembretes, e até escritos no batente da porta das
casas e nas portas das suas cidades”.13
Esse texto é chamado pelos judeus de Shemá, sendo usado como
confissão de fé. Eles o recitam diariamente e os mais devotos o fazem por, pelo
menos, quatro vezes ao dia. Os judeus levam a educação muito a sério e reconhecem
o lar como o fundamento educacional para o desenvolvimento moral da criança.
Para eles, a educação deveria começar assim que a criança aprendesse a falar
para não correr o risco de chegar outros ensinamentos na frente, resultando em
desinformação na frente. Sua educação era pautada na memorização, por isso, a
orientação de repetir os mandamentos em casa.
Após as primeiras instruções familiares, a criança entrava na
escola judaica para memorizar o Pentateuco, os cinco primeiros livros do Antigo
Testamento.
Aos dez ou onze anos, se já tivessem atingido esta memorização,
passavam a estudar e, possivelmente, memorizar todo o Antigo Testamento, os
trinta e nove livros.
Nosso texto-base ainda fala de um ritual que até hoje é usado
pelos judeus: o uso de filactérios e mezuzah.
Os filactérios eram caixinhas de couro presas a correias para
serem amarradas no braço esquerdo (próximo ao coração) e nas testas para serem usadas
nos momentos de oração.
Dentro dessas caixinhas havia tiras de papel escritas a mão, com
os textos de Êx 11.13,21; 13.1-10; 13.11-16; Dt 6.4-9; a mezuzah é uma caixa
tubular de madeira, vidro ou metal, contendo um pedaço de pergaminho com as duas
passagens que descrevem este mandamento, Dt 6.4-9 e 11.13-21 e era fixada do
lado direito da porta. A educação judaica não serve de parâmetro para a nossa,
entretanto, temos muito a aprender com ela. Os judeus interpretaram esta passagem
de forma literal e acabaram se perdendo em seus rituais que se tornaram mais importantes do que a própria Palavra de Deus. A
mensagem principal do texto é vincular a Palavra à nossa vida diária e mostrar
a responsabilidade dos pais no processo educacional dos filhos.
Com o aparecimento das escolas, a família foi, aos poucos, se
eximindo de seu papel, terceirizando, assim, a educação dos filhos. Por
mais que haja esforços para que os pais trabalhem em parceria com a escola,
muitos relutam e se omitem e, em alguns casos ainda dizem: “Estou pagando a
escola pra isso!”. No âmbito eclesiástico não é muito diferente. Desde que foi instituída
a Escola Bíblica Dominical, os pais também estão se esquivando da educação cristã de seus filhos. A igreja tem sim a
responsabilidade de ensinar às crianças o caminho do Senhor,mas o mandamento
bíblico continua valendo. A igreja deve ser uma agência de ensino, porque isso
faz parte de sua missão, mas o lar continua sendo o principal pilar da
educação, tanto a secular quanto a cristã.
Se para a educação secular é preciso contar com a ajuda dos pais,
que nem sempre estão dispostos a participar do 14processo, quanto mais para
educação cristã. Aparentemente, saímos
em desvantagem, primeiro porque o ensino bíblico, muitas vezes, julga-se não
ser relevante, pois não contribuirá para um futuro melhor, pensando-se no
sentido material da vida. Depois porque os encontros acontecem uma vez por
semana e em apenas uma hora. Os pais que delegaram à igreja o papel de ensinar
os princípios cristãos para os seus filhos precisam reconhecer que a igreja não pode fazer muito. A maior parte do
tempo eles passam com a família; por isso a educação no lar é tão importante. Aqueles
pais que “pegam no pé” dos seus filhos para levarem o estudo a sério, porque
disso depende o futuro deles, precisam se preocupar também com a vida
espiritual, porque disso,também, dependerá o futuro deles, a vida eterna ou a
morte eterna. A educação no lar acontece, principalmente, pelo exemplo. Por
isso que o mandamento é feito primeiro aos pais e seguindo uma escala: amar a
Deus, pensar constantemente sobre seus mandamentos, ensiná-los aos filhos e
viver diariamente essas
instruções. Não é à toa que o texto de Provérbios 22.6 diz:
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não
se desviará dele”. Ensinar “no caminho” é diferente de ensinar “o caminho”. É preciso
caminhar junto no processo!
Se você ama, verdadeiramente, a Deus, não pode se omitir de apresentá-lo
a seus filhos e de se esforçar para que eles também nutram esse amor por Ele,
por intermédio de um relacionamento pessoal. Mais do que a educação secular, o
ensino da Palavra de Deus deve ser uma tarefa altamente prioritária dos pais.
Não é simplesmente atribuir à igreja tão grande responsabilidade, mas aceitá-la
como parceira nesse processo. .Você não precisa copiar os rituais judaicos, mas
criar estratégias que façam valer este mandamento em sua casa. Você conhece sua família e sabe a melhor maneira de alcançá-la. Então,
não perca mais tempo! Interesse-se pelo que seus filhos estão estudando na EBD,
exija que façam suas tarefas de
casa e ajude-os a estudarem a lição e os textos bíblicos diários.
Crie um ambiente de adoração dentro do seu lar com o culto doméstico, para que seus
filhos sejam sempre lembrados das verdades bíblicas aprendidas. Sobretudo,
lembre-se de que maior exemplo é você. Os seus filhos amarão a Deus à sua medida, estudarão a Bíblia à sua
medida, valorizarão a EBD à sua medida, e assim por diante. A propósito, como está
sua vida com Deus? Avalie-se, pois este é o primeiro passo para uma educação
cristã que dá certo. O futuro do seu filho depende quase que exclusivamente de você. Faça a sua parte!
Edilene Oliveira - Educadora Religiosa.
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