Da Vinci, ao lado do polonês Copérnico (1470 -1543) e do italiano Galileu Galilei foram os precursores da Ciência Moderna. Os três ficaram famosos por terem estabelecido, contra a vontade da Igreja, a Teoria Heliocêntrica (a Terra gira em torno do Sol, não é o centro do Universo), em contraposição à Teoria Geocêntrica (a Terra é o centro de tudo, tudo gira em torno dela).
Mesmo assim, Galileu quase foi parar na fogueira da Inquisição. Por fim, teve também enorme importância para o estabelecimento da Ciência Moderna o inglês Isaac Newton (1642 - 1727), que coroou o trabalho de seus antecessores com a Lei da Gravitação Universal.
Em linhas gerais, as realizações artísticas (que agora tinham duas características importantes: a naturalidade e a humanidade) e intelectuais do Renascimento contribuíram poderosamente para emancipar a Cultura da tutela eclesiástica, do domínio e interesses da Igreja.
O Renascimento foi um importante elo no processo de libertação da Razão, completamente tolhida durante quase mil anos pelo regime imposto na Idade Média. Essa libertação culminou na Filosofia Iluminista e na constituição da Sociedade Burguesa e Capitalista; isso foi fruto da nova "experiência social" experimentada a partir do Renascimento, um universo novo em cujo centro se encontrava o ser humano, e não Deus.
Não se negava que Deus tivesse criado a Natureza e os Homens. Mas o que importava agora era a compreensão racional tanto da Natureza quanto da Sociedade. Essa mudança de perspectiva fez toda a diferença, porque não é errado - em si mesmo — procurar o por quê das coisas, uma vez que Deus nos fez dotados de inteligência.
A língua foi algo que mudou um pouco também nesta época. Os escritores Medievais exprimiam-se em Latim - a língua falada pelos antigos Romanos e que a Igreja preservou como idioma oficial. Petrarca, autor de "Cancioneiro", a mais apreciada de suas obras, a qual reúne 366 poemas, fez dele o primeiro poeta lírico moderno, mas é preciso mencionar que sua obra foi escrita em italiano, algo inédito! "A Divina Comédia", de Dante, seguiu o mesmo caminho, sendo por isso considerada vulgar.
O Latim continuou sendo a língua adotada pela Igreja, bem como pelos intelectuais. Era o idioma nobre, em contraposição às línguas faladas no dia-a-dia, pelo povo, como o italiano, o francês, o português etc...: as línguas vulgares.
Tanto Dante quanto Petrarca valorizaram a língua vulgar, fazendo do italiano uma língua literária. Isso quer dizer que qualquer um, alfabetizado, poderia ter acesso a obras e conhecimentos antes completamente inacessíveis. Isso, sem dúvida, era mais uma pequena "paulada" na soberania da Igreja.
Também contribuiu para a transformação do italiano em linguagem literária o escritor G. Boccaccio, autor de "Decamerão", um livro com cem histórias que se tornou modelo da prosa italiana. Logo o uso e a valorização da linguagem vulgar difundiram-se por toda a Europa; foi nesta língua que produziu suas obras o autor Shakespeare (Inglaterra: 1564—1616), considerado um dos maiores dramaturgos de todos os tempos, mas que foi desprezado por seus contemporâneos uma vez que suas obras foram consideradas "vulgares" demais. Bem, que se há de fazer, né? Assim foi com tantos artistas que morreram na miséria e somente depois foram projetados como ícones, sublimes, perfeitos, avançados para a época etc... etc... etc...
Shakespeare escreveu, dentre outras, as famosas "Romeu e Julieta", "Hamlet" e "Macbeth". Cervantes (Espanha: 1547 - 1616), é autor da obra-prima Dom Quixote; Rabelais (França: 1494 - 1553) escreveu Gargântua e Pantagruel; todos eles também difundiram o italiano para uso da obra literária. No Século XVI, a Itália nos deu um pensador político de grande importância: Maquiavel (1466 -1527), autor da célebre obra "O Príncipe", em que a arte de governar é considerada sob a ótica puramente humana.
E até engraçado pensar como isso aconteceu, uma vez que a Itália era muito mais uma mera "posição Geográfica" do que um País, pois desde o Século XI da Idade Média ela era composta por uma multidão de cidades-Estado independentes - com o Estado da Igreja - e assim continuou até o Século XIX.
Mas na época do Renascimento, algumas destas cidades-Estado destacaram-se pela sua riqueza e pela proteção que dispensava aos artistas e intelectuais. Foi assim com Florença, Milão e Veneza. Florença se converteu no principal centro renascentista e nela trabalharam os mais célebres e artistas e intelectuais da época, como o já citado Da Vinci, mas também os artistas plásticos Michelangelo e Rafael que trabalharam para os Papas na pintura religiosa e deixaram aquele legado para a Humanidade!
Fora da Itália, brilhava o Humanismo Cristão do Holandês Erasmo de Roterdã (1466 -1536), autor de "O Elogio da Loucura", obra na qual são satirizados os abusos cometidos pelos clérigos em nome da Igreja. Na Inglaterra, Thomas Morus se consagrava com "A Utopia", na qual ele descreve uma Sociedade Imaginária, fraterna e sem desigualdades.
A difusão dos valores do Renascimento em muito se deve à invenção da Imprensa. Na época dos copistas Medievais, uma obra demorava muito para ser reproduzida, mas a partir da invenção da prensa com tipos móveis ,essa tarefa ficou muito mais facilitada. Isso deu impulso à produção e divulgação dos Conhecimentos Humanos. Dá até um alívio pensar que aquela "Era das Trevas" estava terminando...
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