O espírito, a alma e o corpo depois da queda
Adão vivia pelo fôlego de
vida que se fez espírito nele. Por meio do espírito, recebia Deus, conhecia a
voz de Deus e tinha comunhão íntima com Deus. Era profundamente consciente de
Deus. Mas, depois da queda, seu espírito morreu.
O que é realmente a morte?
Segundo a definição científica, a morte é «o afastamento da comunicação com o
meio ambiente». A morte do espírito é o afastamento de
sua comunicação com Deus.
A morte do corpo é
a interrupção da comunicação entre o espírito e o corpo. Assim, quando dizemos que o espírito está morto, não
implica que já não haja espírito. Só queremos dizer que o espírito perdeu sua sensibilidade para Deus e
por isso está morto para Ele. A situação exata é
que o espírito está incapacitado, é incapaz de ter comunhão íntima com Deus.
Exemplificando: Uma pessoa muda tem boca e pulmões, mas há algo que falta em suas
cordas vocais que o impede de falar. No que se refere à linguagem humana, sua
boca pode ser considerada morta. De igual maneira, o espírito de Adão morreu
por causa de sua desobediência a Deus. Ainda tinha seu espírito, mas estava morto
para Deus porque tinha perdido seu instinto espiritual. E continua sendo assim.
O pecado destruiu o profundo conhecimento intuitivo que
o espírito tinha de Deus e tem feito o homem espiritualmente morto. Pode
ser religioso, moral, erudito, capaz, forte e sábio, mas está morto para Deus.
Inclusive pode falar de Deus, raciocinar a respeito de Deus e pregar sobre
Deus, mas continua estando morto para Ele. O homem não pode ouvir ou perceber a
voz do Espírito de Deus. Em conseqüência, Deus, no Novo Testamento, chama
freqüentemente mortos aos que estão vivos na carne.
Após o que, o espírito de
Adão (assim como o espírito de todos seus descendentes) caiu sob a opressão da
alma, e, pouco a pouco, se fundiu com a alma e as duas partes ficaram
fortemente unidas. O escritor de Hebreus afirma em 4:12 que a Palavra de Deus
transpassará e separará a alma e o espírito. A
separação é necessária porque o espírito e a alma se tornaram um. Enquanto
estão intimamente unidos, submergem o homem em um mundo físico. Tudo se
faz seguindo os ditados do intelecto ou do sentimento. O espírito perdeu seu poder e sua sensibilidade,
como se estivesse totalmente adormecido. O instinto que ainda tenha para
conhecer e servir a Deus está completamente paralisado. Permanece em coma, como
se não existisse. É a isto que se refere Judas 19 quando diz «natural, sem
espírito» (literal).* Claro
está que isto não significa que o espírito humano deixe de existir, porque
Números 16:22 afirma claramente que Deus é «o Deus dos espíritos de toda
carne». Todo ser humano continua possuindo um espírito,
embora esteja obscurecido pelo pecado e impotente para ter comunhão com Deus.
Ao ceder às exigências de suas paixões e desejos carnais, a
alma se converteu em escrava do corpo, de maneira que o Espírito Santo não tem
oportunidades para lutar com o objetivo de recuperá-la para Deus. Por isso a Bíblia afirma: «O meu Espírito não
permanecerá para sempre no homem, porquanto ele é carne» (Gn. 6:3). A Bíblia diz da carne que é a combinação da alma não
regenerada e da vida física, embora a maioria das vezes assinale o pecado que
está na carne. Uma
vez que o homem está sob o domínio da carne, não tem nenhuma possibilidade de
libertar-se. A alma substituiu à autoridade do espírito. Tudo se faz
independentemente e segundo os ditados de sua mente. Inclusive em assuntos religiosos,
na mais apaixonada busca de Deus, tudo se leva a cabo com a força e a vontade
da alma do homem, carente da revelação do Espírito Santo. A alma não é
simplesmente independente do espírito, mas, além disso, está sob o controle do
corpo. Lhe pede que obedeça, que execute e que satisfaça os desejos carnais, as
paixões e as demandas do corpo. Assim, todo filho de Adão não só está morto em
seu espírito, mas sim também é «da terra, um homem do pó» (1 Co. 15:47).
Isto é o que se expõe no
Judas 18 e 19: «escarnecedores, andando segundo as suas ímpias
concupiscências.. Estes são os que causam divisões; são sensuais, e não têm o
Espírito.». Ser anímico é contrário a ser espiritual. O espírito, nossa parte
mais nobre, a parte que pode unir-se a Deus e que deveria governar a alma e o
corpo, agora está sob o domínio da alma, essa parte de nós que é mundana em
seus motivos e em suas metas. O espírito foi destituído de sua posição
original. A condição atual do homem é anormal. Por isso é descrito como se não
tivesse espírito. O resultado de ser anímico é tornar-se escarnecedor, perseguir
paixões ímpias e criar divisões.
1 Coríntios 2:14 fala destas
pessoas não regeneradas da seguinte maneira: «O homem natural (anímico) não
recebe os dons espirituais de Deus porque para ele são loucura, e não pode
compreendê-los porque se discernem espiritualmente.» Estes homens se encontram
sob o controle de suas almas e com seus espíritos reprimidos contrastam
totalmente com as pessoas espirituais. Podem ser portentosamente inteligentes, capazes
de apresentar idéias e teorias com autoridade, mas não admitem as coisas do
Espírito de Deus. Não estão capacitados para receber a revelação do Espírito
Santo. Esta revelação é absolutamente diferente das idéias humanas. Os homens
podem pensar que o intelecto e o raciocínio humanos são todo-poderosos, que o
cérebro pode compreender todas as verdades do mundo, mas o veredicto da Palavra
de Deus é: «vaidade de vaidades».
No entanto o homem carnal
pode controlar outra coisa além da alma: também pode estar sob a direção do
corpo, porque a alma e o corpo estão fortemente entrelaçados. Como o corpo do
pecado abunda em desejos e paixões, o homem pode cometer os pecados mais
espantosos. O corpo vem do pó e por isso
sua tendência natural é para a terra. A introdução do veneno da serpente no
corpo do homem converte todos seus desejos legítimos em desejos carnais. Uma
vez que a alma cedeu diante do corpo, ao desobedecer a Deus, encontra-se
obrigada a ceder sempre. Os baixos desejos do corpo podem desse modo
expressar-se através da alma. O poder do corpo se torna tão entristecedor que a
alma não pode fazer outra coisa que converter-se em uma escrava obediente.
O pecado deu morte ao
espírito: por isso a morte espiritual alcança a todos, porque todos estão
mortos em pecados e transgressões. O pecado tornou a alma independente: em
conseqüência a vida anímica não é mais que uma vida egoísta e obstinada.
Finalmente o pecado deu plenos poderes ao corpo: por conseguinte, a natureza
pecadora reina por meio do corpo.
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