Lição 3 –
Adoração extravagante, 1
Texto
Bíblico: Lucas 7.36-38
Introdução
Estamos diante de um
gesto de adoração bastante incomum. Os quatro evangelhos registram o gesto
extravagante de Maria ao ungir os pés de Jesus. O fato de cada evangelista
ressaltar um aspecto do episódio tem levado estudiosos a pensar que houve dois
casos da unção. Eles podem estar certos, embora as duas situações apresentem
pontos comuns.
Mateus mostra o evento
dizendo que ele se deu “estando Jesus em Betânia, casa de Simão, o leproso”
(Mateus 26.6). Ressalta, também, que o vaso de alabastro estava “cheio de um
bálsamo muito caro” (v.7).
Marcos também faz
menção da casa de Simão, mas destaca mais a bênção que Jesus dirigiu à mulher.
Lucas apresenta um relato mais detalhado. Informa que Simão era fariseu e que a
mulher era uma pecadora (Lucas 7.36,39), deixando a entender que era uma
prostituta.
João informa também que
o episódio ocorreu em Betânia, mas ascrecenta que o banquete foi realizado na
presença de Jesus e de Lázaro, a quem ressuscitara (João 12.1,2). O nome da
mulher é citado – Maria – e o efeito do perfume, destacado: “e a casa se encheu
com o perfume do bálsamo” (João 12.3).
Somadas as informações
dos quatro evangelhos, temos diante de nós uma “história na íntegra”. Cornwall,
ao analisar o episódio, assim sintetizou: “um fundamentalista a quem Jesus
havia curado de lepra resolveu dar uma festa para celebrar a ressurreição de
Lázaro. Era uma espécie de comemoração pela volta dele. O relato dá a entender
que Lázaro estaria sentado à cabeceira da mesa, no lugar de honra, enquanto
Jesus era apenas um dos convidados” [1].
Os registros bíblicos
deixam claro que Jesus não foi alvo de nenhuma das atenções geralmente
dirigidas aos convidados. Era comum lavar os pés dos convidados ilustres, ungir
a sua cabeça e saudarem com um beijo (que no Oriente corresponde ao nosso
aperto de mão).
Lucas registra,
inclusive, a repreensão de Jesus: “E, voltando para a mulher, disse a Simão:
vês esta mulher? Entrei em tua casa, e tu não me deste água para os pés; mas
ela os molhou com suas lágrimas e enxugou-os com seus cabelos. Não me
cumprimentaste com beijo; ela, porém, não para de beijar-me os pés, desde que
entrei. Não colocaste óleo sobre a minha cabeça; mas ela derramou perfume sobre
os meus pés” (Lucas 7.44-46).
1.
Lágrimas de arrependimento e gratidão
a)
contexto joanino
Considerando o relato
do quarto evangelho, ninguém poderia estar mais feliz de ver Lázaro
ressuscitado e recebendo os seus amigos do que Maria, sua irmã.
A morte do “homem da
casa” era um risco enorme para as mulheres. Certamente, o padrão de vida
cairia. Seria muito difícil para Maria manter propriedades e valores que
partilhava com seu irmão. A injustiça era grande com as viúvas, mas também com
as solteiras que dependiam dos seus falecidos irmãos.
O retorno de Lázaro à
vida e, consequentemente, à família, era muito significativo. Era o retorno da
estabilidade no lar de Maria e Marta.
b)
contexto sinótico
Mateus, Marcos e Lucas
são chamados evangelhos sinóticos, por terem uma mesma forma de apresentação. E
o relato deles evidencia que Jesus estava sendo ignorado pelo anfitrião. O
desprezo foi tamanho que a honraria partiu de uma mulher desprezada pela
sociedade.
A pecadora, com a
desenvoltura de uma mulher que conhece os homens no que têm de pior, foi
abrindo caminho entre os presentes – alguns certamente lhe opunham resistência
– e chegou até onde Jesus se encontrava reclinado à mesa. Aos pés de Jesus,
chorou intensamente.
As lágrimas da mulher
corriam pelos pés de Jesus, molhando-os a ponto de serem lavados. Lágrimas
brotavam como uma fonte.
Simão se lembrou da
antiga vida daquela mulher. Ela também, podendo até estar diante de alguns dos
seus antigos clientes, talvez tenha recodado a sua vida pregressa. Certas
recordações, em comparação com a mudança operada pela graça redentora de Jesus,
tendem a levar às lágrimas.
Vale destacar que ela
chorou muito, mas chorou diante de Jesus. Não foram lágrimas de remorso, foram
lágrimas de gratidão, extravasando emoções de amor.
Nós também, motivados
por orgulho, rebeldia e iniquidade, nos mantivemos longe do amor do Senhor, até
que Deus nos mostrou tais condições, chamando-as de pecado.
Pensando na mulher
pecadora, suas lágrimas podem ser denominadas, também, de lágrimas de alívio,
por ter se arrependido dos seus pecados e desfrutado do perdão de Jesus.
Nem sempre um choro
será de arrependimento, mas, diante de
Jesus, o ideal é que nossas lágrimas demonstrem arrependimento e gratidão. Arrependimento porque sabemos que somos
pecadores e gratidão porque a Bíblia nos dá a certeza do perdão, que nos coloca
na condição de libertos da condenação (Romanos 8.1).
Ver-se como alvo do
amor de Deus é algo tão maravilhoso que é difícil conter as lágrimas. Ainda bem
que na presença de Jesus não precisamos reprimir as lágrimas, mas podemos
extravasá-las, desde que sinceras.
Jesus valorizou as
lágrimas daquela mulher, pois Deus valoriza as lágrimas dos seus adoradores:
“Tu contas minhas aflições; põe minhas lágrimas no teu odre; não estão elas
registradas no teu livro?” (Salmo 56.8).
Deus tem o poder de ver
o choro de tal forma, discernindo-o como demonstração de força, e não de
fraqueza. E chorar também não é necessariamente evidência de descontrole
emocional.
A Bíblia também
registra que Jesus chorou e, ainda mais, que tal reação demostrou o seu amor
por Lázaro (João 11.35,36). Uma amizade tão especial que as lágrimas foram
inevitáveis.
Assim como a mulher
pecadora chorou prostrada aos pés de Jesus, não se importando com as pessoas
que estavam a sua volta, Jesus também chorou diante do túmulo de Lázaro,
independentemente do que poderiam dizer.
O exemplo de Jesus deve
ser seguido por nós. É apreciável ter amigos e demonstrar o valor devotado às
amizades. O exemplo da pecadora chorando aos pés de Jesus também deve ser
seguido por nós, pois Ele merece toda a nossa demonstração de arrependimento e
gratidão.
Para
pensar e agir
A próxima lição será a
continuação desta, mas não podemos concluir uma reflexão sem alguns
compromissos de aplicação à vida. É essencial, diante da Palavra de Deus, tomar
decisões que nos levem a imitar Cristo no dia a dia.
O fato de termos
alcançado o perdão de Jesus não nos leva, de imediato, para o céu. A vida
continua neste mundo. Se estamos estudando esta lição, é porque ainda estamos
peregrinando por aqui.
Vivemos neste mundo,
sujeitos às tentações e continuamos pecadores. O que nos distingue daqueles que
ainda não tiveram um encontro com Jesus, reconhecendo-o como Salvador e Senhor,
é que não temos mais prazer no pecado. Quando pecamos, logo nos arrependemos,
porque nos machuca entristecer a Deus.
Uma
vez que continuamos pecadores, o arrependimento deve ser nosso companheiro na
jornada cristã. É muito difícil lidar com alguém que
não se arrepende dos seus erros. De igual forma, é muito difícil a caminhada
cristã sem o arrependimento, pois os frutos não aparecerão.
Reconhecer nossos
pecados e nos arrepender deles é condição essencial para uma adoração
verdadeira.
Assim
como o arrependimento, a gratidão também deve ser companheira inseparável do
cristão. Não somos ingratos, pelo contrário, somos
agradecidos por tudo o que Jesus fez por nós.
“Arrependimento e
gratidão” é uma receita básica demonstrada nas lágrimas da mulher pecadora na
casa de Simão. Colocando-a em prática, comprovaremos a bênção de uma vida em
dia com Jesus.
Leituras
Diárias
Segunda: Salmos 23 e 24
Terça: Salmos 25 e 26
Quarta: Salmos 27 e 28
Quinta: Salmos 29 e 30
Sexta: Salmo 31 e 32
Sábado: Salmos 33 e 34
domingo: Salmo 35
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