Lição 2 –
Cultuar é necessário
Texto
Bíblico: Salmo 100.2
Introdução
Tem crescido o número
daqueles que defendem que o culto coletivo não é necessário. Eles afirmam que o
culto útil a Deus é aquele que se traduz em serviço ao próximo. É uma espécie
de culto “indireto”, ou seja, Deus é adorado por intermédio do serviço prestado
aos outros.
Não há dúvidas de que a
prática das boas obras é uma ação da fé cristã que glorifica a Deus, quando
nascidas na sinceridade do coração, mas não é razão para apagar da “agenda” do
cristão o culto da comunidade de fé. É um erro de interpretação bíblica tal
concepção! Uma coisa não pode ser elevada em detrimento da outra.
O culto é necessário.
Refletiremos sobre quatro justificativas dessa necessidade[1].
1.
O culto é necessário por ter sido instituído por Jesus Cristo
Cristo não só instituiu
mas também ordenou o culto. Quando a igreja celebra o culto, simplesmente
obedece à ordem de Jesus. Culto não é invenção da igreja, mas odediência:
“Fazei isto em memória de mim” (Lucas 22.19; 1Coríntios 11.24,25).
A igreja se reúne para
reviver a memória do sacrifício perfeito, da entrega suficiente, da morte e
ressurreição do Salvador. Cultuar é anunciar o sacrifício e a volta de Jesus,
envolvidos no memorial da ceia do Senhor (1Coríntios 11.26).
Relembrar o sacrifício
de Jesus na cruz e o túmulo que ficou vazio faz da nossa adoração uma
demonstração de gratidão, que gestos e palavras não dão conta de expressar.
Um
culto que não começa e termina em Jesus está carente de propósito,
podendo até ser transformado numa reunião social.
O chamado de Jesus ao
culto envolve a comunhão com o Pai e entre os irmãos, ambas possíveis pela
mediação dele. Em Jesus, as nossas individualidades e preferências dão lugar à
coletividade e ao bem comum. O cristão que pensa que o culto é para ser
realizado do seu jeito está muito enganado. Há outros que se comportam como se
estivessem sozinhos no templo ou como se Deus apenas olhasse para eles. Pobre
raciocínio. Quem não aprende a viver em comunhão evidencia que não ouviu o
chamado de Jesus para o culto.
2.
O culto é necessário porque é suscitado pelo Espírito Santo
Negar a necessidade de
culto é contestar a ação do Espírito Santo na vida do salvo (2Coríntios 1.22).
É o próprio Espírito que “dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos
de Deus” (Romanos 8.16).
O culto é uma
celebração de gratidão daqueles que estão sendo preparados por Deus, na
garantia do seu Espírito (2Coríntios 5.5).
A ação de graças
daqueles que foram alcançados pelos milagres de Cristo, conforme registram os evangelhos,
são notáveis exemplos da necessidade de culto suscitada pelo Espírito Santo: o
paralítico, curado, voltou para a sua casa gloricando a Deus (Lucas 5.25); a
mulher enferma, curado por Jesus num sábado, se endireita e dá glória a Deus
(Lucas 13.13); o leproso, que diferentemente dos outros nove, compreendeu o
significado da sua cura, retonou “glorificando a Deus em alta voz” (Lucas
17.15); o cego de Jericó, curado, decide seguir a Jesus, dando louvores a Deus
(Lucas 18.43). Não só aqueles que foram alvos das ações miraculosas de Jesus
foram movidos a render graças, mas todos que alcançaram a salvação em Cristo. A
própria confissão de que Jesus é o Senhor é pelo Espírito Santo (1Coríntios
12.3).
Cultuando
a Deus, rendemos graças pelo seu perdão, que nos restituiu a capacidade de
adorar, perdida por causa do pecado. Aquele que tem a
presença do Espírito Santo de Deus na vida é movido a cultuar.
3.
O culto é necessário porque é um dos meios de efetivação da história da salvação
O fato de Jesus ter
morrido de uma vez por todas pela salvação do mundo não significa que toda a
humanidade está salva automaticamente. Para que o ser humano seja salvo é
necessário arrependimento dos pecados e fé em Jesus Cristo como único e
suficiente Salvador. É assim que tem prosseguimento a história da salvação.
O Espírito Santo nos
convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16.8), passamos a fazer parte
do corpo de Cristo – a igreja – e nele somos mantidos.
No
culto, celebramos a Palavra da salvação, relendo a narrativa
bíblica. O ser humano, criado por Deus à sua imagem e semelhança, pecou e foi
separado de sua glória (Romanos 3.23). A recompensa do pecado é a morte
(Romanos 6.23). Deus mesmo providenciou o meio de reconciliação e o fez conhecido
na sua encarnação (João 1.14). Em Jesus, todos têm acesso a Deus. Esse caminho
de retorno é celebrado no culto cristão e efetivado por obra do Espírito Santo
na vida do pecador que se arrepende.
Portanto, afirmar que o
culto não é necessário ao salvo equivale a desprezar a fonte da graça e a esquecer
as palavras de Jesus.
4.
O culto é necessário porque o reino de Deus ainda não se manifestou em todo o
seu poder
A igreja terrena é
militante. Somente no céu a igreja será triunfante. Quando estivermos no céu,
não precisaremos congregar nos templos, pois o santuário será o próprio Senhor
Deus, o Todo-Poderoso, e o Cordeiro (Apocalipse 21.22). Enquanto na terra, é
necessário o ajuntamento do povo de Deus para o culto.
O reino de Deus já está
presente entre nós, mas não em sua plenitude. Os que se comportam como se tudo
na terra já fosse o reino de Deus erram por não considerar a dimensão
escatológica da igreja no mundo. Noutras palavras, este mundo passará e a
igreja, santa e purificada, continuará viva na eternidade de Deus.
O
culto celebra a esperança da volta de Jesus, reafirmando, de contínuo, que não
estamos sozinhos na caminhada, mesmo que enfrentemos
lutas e privações, tão naturais à realidade humana.
No céu, não
precisaremos nos ajuntar para o culto, porque sempre estaremos juntos e em
culto diante do Cordeiro de Deus, gloricados por Ele, definitivamente livres da
presença do pecado.
Para
pensar e agir
Cultuar é necessário,
mas não como quem “bate cartão” por obrigação numa empresa, mas com voluntária
alegria (Salmo 100.2).
Li uma história narrada
por um pastor, como verídica, que dizia o seguinte: “ao final do ano, um irmão
(daqueles “cheios de cargos”) disse ao pastor que não assumiria nenhum cargo ou
ministério para o ano seguinte, pois queria um tempo de “descanso, sombra e
água fresca” (aspiração de quem está prestes a se aposentar, mas de
“impossível” aplicação na igreja de Cristo). Mesmo orientado pelo pastor, o
irmão manteve-se irredutível em sua decisão. Poucos dias após, exatemente no dia
31 de dezembro, o dito irmão faleceu (como qualquer mortal), mas o pastor
observou alguns fatos curiosos: o irmão descansou exatamente no último dia dos
“compromissos assumidos”; seu sepultamento deu-se à sombra de uma frondosa
amendoeira, e, como só acontece em casos especiais, num calor de 40 graus, ao
término do sepultamento, caiu uma pesada chuva (daquelas que, nem correndo, dá
tempo de não se molhar) e regou abundantemente a sepultura. Curioso, – deduziu
o pastor – o irmão teve seu pedido atendido integralmente: descansou, foi
sepultado à sombra de uma frondosa amendoeira e recebeu água fresca em
abundância”.
Não percamos tempo, abrindo mão de participar
do culto coletivo por motivos infundados. Valorizemos as oportunidades,
priorizemos as celebrações. Cultuar é necessário. Façamos a nossa parte.
Leituras
Diárias
Segunda: Salmos 11, 12 e 13
Terça: Salmos 14 e 15
Quarta: Salmos 16 e 17
Quinta: Salmo 18
Sexta: Salmo 19
Sábado: Salmos 20 e 21
Domingo: Salmo 22
[1]
Para este estudo, tomamos emprestados os tópicos das justificativas levantadas
por VON ALLMEN, J. J. O Culto Cristão:
teologia e prática. São Paulo: Aste, 2005, p. 109-114.
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