Lição 1 –
O que é culto
Texto
Bíblico: Romanos 12.1
Introdução
Pela graça de Deus,
estamos iniciando uma abençoadora caminhada, refletindo sobre princípios para o
culto cristão. Um passo necessário é definir o que entendemos por culto.
Há diversas definições
de culto, que competentes estudiosos registraram. Selecionamos uma, de Nelson
Kirst, que diz que “culto é o encontro da
comunidade com Deus e liturgia é o conjunto de elementos e formas através dos
quais se realiza esse encontro” [1].
Essa definição nos
ajuda a compreender algo muito importante: culto
é a essência e liturgia, a forma, os elementos.
Embora as formas de
culto possam ser variadas, a sua essência deve permanecer inalterada. O culto
de anos atrás, quando as igrejas tinham menos recursos – algumas utilizavam
lamparinas, inclusive – é o mesmo de hoje, com vários instrumentos, boletim, multimídia
etc. O que mudou de lá para cá? Os recursos, as formas, ou seja, a liturgia, mas
não a essência que caracteriza um verdadeiro culto cristão.
Se essa essência foi
mudada, alguma coisa está errada. Será preciso rever o valor do culto e a
importância dos seus elementos.
O
que não é culto
Lamentavelmente, não
basta definir o que é culto, também se faz necessário dizer o que não é culto.
Denise Frederico afirmou
que “o culto cristão não é um show, como se vê na televisão, com um
apresentador famoso lá na frente, tentando ganhar pontos no Ibope para a sua
emissora. Não é uma performance, com
atrações variadas, apresentações pessoais e coletivas para abrilhantar e fazer
a plateia sair satisfeita por ter usado bem seu tempo e seu dinheiro” [2].
A pluralidade deste
tempo tem dominado as mentes. As pessoas estão sendo “engolidas” pela febre do
imediato, do descartável e do clientelismo. Essa visão de mercado, se não
houver cuidado, acaba chegando aos membros da igreja. São aquelas pessoas que
se acham no direito de serem clientes dos cultos das suas igrejas, para
usufruir bons produtos “sacros”.
O pior de tudo acontece
quando a liderança acredita e transforma o culto em show. Esquece-se de que se
deve agradar ao Senhor e passa-se a agradar aos “clientes”. Aí acaba valendo
tudo e, por conseguinte, “não tem nada a ver”. Que desastre!
Culto
é sacrifício vivo
O apóstolo Paulo
exortou os romanos – e a nós, também – a se apresentarem integralmente a Deus,
“como sacrifício vivo, santo e agradável” (Romanos 12.1). Esse é o culto
espiritual!
Aqui, vale a pena
destacar duas nuances do culto: a individual e a coletiva. Ao longo dos
estudos, faremos destaques desses dois aspectos.
Prestamos
culto a Deus na individualidade. O culto pessoal não
tem intervalos, é contínuo, dura a vida toda. Como servos do Senhor, todos os
nossos pensamentos e atitudes se constituem em culto, ou seja, devem glorificar
a Deus.
É colocar o nosso corpo,
a nossa vida, por inteiro, à disposição de Deus. É um oferecimento
ininterrupto. É como diz o hino 543 do Hinário Para o Culto Cristão: “em
palavras, ações e atitudes refletirei sua luz”.
Refletindo Cristo,
cultuamos a Deus, exaltando a sua pessoa e testemunhando os seus feitos
poderosos e inigualáveis.
Prestamos
culto a Deus na coletividade. Somos família de
Deus, integramos o corpo de Cristo. A dimensão do culto é tanto individual
quanto coletiva.
A Bíblia é clara ao
recomendar: “não abandonemos a prática de nos reunir, como é costume de alguns,
pelo contrário, animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se
aproxima” (Hebreus 10.25). Deus sempre externou o seu desejo de ver o povo
reunido para cultuá-lo: “deixa o meu povo ir para que me cultue” (Êxodo 7.16).
O culto litúrgico
sempre reúne pessoas. A própria palavra liturgia significa “ação do povo”. É
uma resposta coletiva ao amor de Deus, que nos faz próximos em Cristo Jesus.
O domingo é um dia
muito esperado por nós, pois nele a comunidade de fé, a família espiritual se
ajunta para adorar a Deus.
Não devemos vir para o
culto coletivo com o rosto fechado, com o semblante caído, como quem é forçado
a fazer algo indesejável. Não! A vinda para o ajuntamento solene é motivo de
festa, de regozijo espiritual, pois é o próprio Deus, o Rei dos reis, o
Criador, quem nos convida.
Servir a Deus e
pertencer à sua família é um privilégio que deve ser valorizado ao extremo.
Pra
que serve a liturgia
“A liturgia serve para
moldar o culto cristão, ou seja, ‘desenhar’ o culto”.[3] Dela fazem parte todos os
elementos que são usados para se ordenar o culto.
Denise Frederico diz
que “fazer liturgia é como projetar uma casa”[4] e sugere imaginar-se como um
arquiteto que vá desempenhar um projeto para um cliente. Uma das necessidades
primeiras é conhecer bem o cliente. Se a condição financeira for boa, o
arquiteto poderá até projetar uma casa grande, mas, se não for, será colocado
no papel o mínimo essencial. Logo, assim como no processo de construção de uma
casa, na construção de uma liturgia há coisas que poderão ser descartadas e
outras não.
Na igreja, no início,
não havia uma forma de culto, mas os cristãos foram criando formas próprias de
culto, ao mesmo tempo em que frequentavam o templo. A Bíblia era o único livro
litúrgico utilizado (parte do Antigo Testamento e, mais tarde, o Novo
Testamento). Entre os primeiros cristãos não havia regras litúrgicas precisas.
Apenas era mantida uma tradição comum.
A busca da liturgia nas
páginas do Novo Testamento será pouco produtiva, pois a igreja primitiva não sacralizou
uma liturgia. Entretanto, nas páginas do Novo Testamento, observa-se que a
ênfase no culto não está nos feitos dos homens, mas nos feitos de Deus.
Esse assunto não agrada
muito, pois, como característica humana, as pessoas querem ser invocadas e
aplaudidas. O culto não é para isso. Nele são enfatizados os feitos de Deus.
Resumindo, liturgia é o
somatório de todos os elementos que constituem a ordem do culto cristão.
Para
pensar e agir
Cultuar a Deus é
privilégio e compromisso do cristão. Quando cultuamos, reconhecemos quem Deus é
e quem somos.
Uma tendência daninha
tem sido difundida por alguns, ensinando o erro de se exigir de Deus o
atendimento das vontades humanas. É justamente o contrário. Deus é o Senhor e nós
nos adequamos à sua vontade. Ele manda, nós obedecemos.
Cultos que não celebram
a Deus e os seus feitos devem ser repensados. É possível idolatria numa
celebração evangélica, basta tirar o foco de Deus. Às vezes, pensamos que
idolatria só acontece diante de uma imagem, mas a questão é muito ampla. Quando
os feitos humanos roubam a cena dos feitos de Cristo, a celebração é idólatra.
Por isso, a
recomendação paulina deve estar sempre viva em nossas mentes, pois culto é
“sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. É para Ele e por Ele que
cultuamos.
Não gastemos tempo com
questões secundárias, mas aproveitemos bem cada oportunidade de celebrar a
Deus, com vida santificada e agradecida pela bênção da salvação.
Leituras
Diárias
Segunda: Salmos 1 e 2
Terça: Salmos 3 e 4
Quarta: Salmos 5 e 6
Quinta: Salmo 7
Sexta: Salmo 8
Sábado: Salmo 9
Domingo: Salmo 10
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