quarta-feira, 1 de maio de 2013



Lição 4 – A universalidade do evangelho

Texto bíblico: Gálatas 2.1-10
Texto áureo: Mateus 24.14

As últimas instruções do Cristo ressurreto aos discípulos, antes de ascender aos céus, sugere à missão cristã um projeto de alcance ousado: da Judeia (centro judaico), passando por Samaria (território hostil) até os confins da terra (mundo gentílico), todos deveriam ouvir o evangelho e receber uma oportunidade de salvação (At 1.8).

Para a igreja cristã, entretanto, nascida num berço judaico, esse não foi um caminho fácil de ser percorrido. A mentalidade exclusivista dos judeus (At 10.28) e o apego à lei de Moisés (At 15.1) faziam com que os primeiros cristãos corressem o risco de se tornarem um novo tipo de judeus.

Atento a tudo isso, Deus dirigiu a história da igreja para realizar a missão em toda a sua plenitude (Rm 2.11; 3.29). Assim, ele garantiu a universalidade do evangelho, fazendo com que o nome de Jesus fosse anunciado por todo o Império Romano. Estava montada a plataforma para a tarefa evangelística mundial.

Quais as condições para a universalidade do evangelho? Quais os principais resultados da primeira reunião apostolar? Esse caráter global do evangelho significa que todos serão salvos?

O alcance mundial da proclamação do evangelho depende, entre outros fatores, das seguintes condições:

1ª condição: pessoas experientes na fé

As ruas eram menos perigosas há 30 anos, na cidade onde cresci. Eu e as crianças do bairro nos reuníamos durante o horário das novelas, para nos socializarmos. A minha predileção era o 3 x 3. As atividades eram variadas, mas, ali, face a face, medíamos forças, debatíamos assuntos cotidianos, competíamos. Quanto mais competentes eram os participantes, melhor era o resultado final.

A lembrança remete ao 3 x 3 ocorrido em Jerusalém, naquela conferência informal, mas, também, urgente para a evangelização do mundo. De um lado, três dos apóstolos de Cristo: Pedro, Tiago e João. Do outro, três notáveis evangelistas: Paulo, Barnabé e Tito.

Havia catorze anos que Paulo cumpria sua missão de pregar o evangelho entre os gentios. Em momento algum do seu ministério, até essa ocasião, ele foi convocado ou chamado a explicar-se perante os doze apóstolos. Paulo tomou a iniciativa do encontro, em obediência à orientação de Deus (Gl 2.2).

Paulo descreve os apóstolos que o antecederam como “colunas” da igreja (Gl 2.9a), pessoas de autoridade, principalmente, no campo da exposição do evangelho da salvação (At 8.4). Apesar disso, Paulo não considerava sua compreensão do evangelho em nada inferior à dos primeiros apóstolos (Gl 2.6).

Nessa conferência amigável, Paulo foi acompanhado por Barnabé e Tito, dois de seus mais importantes colaboradores.

Barnabé (sobrenome que significa “filho da consolação”) é um indivíduo de valor no campo intelectual e que possuía boa formação bíblica (At 13.1-3). Ele chamava-se José, era da descendência da tribo de Levi e natural da ilha de Chipre. Lucas retrata-o como alguém despojado (At 4.36,37), com visão espiritual aguçada (At 9.27) e grandemente respeitado no círculo cristão de Jerusalém (At 11.22-24).

Tito, certamente, um cristão gentílico (Gl 2.3), é um dos filhos na fé de Paulo e seu grande colaborador (Tt 1.4; 2Co 8.23). Para aquela reunião, Tito representava a prova viva do poder do evangelho entre os não judeus.

Os primeiros apóstolos reconheceram a autoridade apostolar de Paulo e Barnabé para expor o evangelho, ao oferecer-lhes a destra da comunhão (Gl 2.9b). Desse modo, tornaram-se instrumentais à universalidade do evangelho.

Hoje, a igreja do Deus vivo continua convocada para realizar a tarefa missionária em escala mundial. Sua nobre condição de coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15) revela, entre outros, os procedimentos seguintes:
● a conversão a Cristo é o ponto de partida da missão (Jo 15.16; Tg 1.18);
● a Palavra de Deus compõe o instrumento preciso para a tarefa missionária (At 12.24; 13.48; 15.35);
● à igreja compete respeitar e honrar aqueles que, em caráter ministerial, dedicam-se com amor à palavra e ao ensino do evangelho (1Tm 5.17).

O caráter apoteótico dos shows evangélicos mostra-se muito atraente aos cristãos. O mesmo não se pode dizer, pelo menos quantitativamente, dos cultos doutrinários e dos estudos bíblicos dominicais na EBD. O que isso revela em relação às futuras gerações cristãs?

2ª condição: uma estratégia missionária

Em Gálatas 2.7-9, pode-se perceber a inicial ordenação geográfica do testemunho evangélico. Pedro recebeu o encargo do evangelho da circuncisão, isto é, de pregar aos compatriotas judeus. Já a graça de Deus na vida e na vocação de Paulo, reconhecida pelos apóstolos, abriu-lhe as portas para o apostolado dos gentios (o evangelho da incircuncisão).

Da reunião de Paulo com os apóstolos, resultou um consenso: “o mesmo evangelho deveria ser pregado tanto aos judeus como aos gentios, baseado nas mesmas condições, ainda que houvesse diferentes esferas de serviço”.  Esses termos refletem o que denominamos universalidade do evangelho.

Alguns acontecimentos dirigidos por Deus permitiram a concordância mútua, dentre os quais, destacamos:

1) O encontro entre Pedro e o gentio Cornélio. Nessa ocasião, por meio de uma visão, Deus revelou ao apóstolo que devia quebrar a barreira étnica e anunciar o evangelho (At 10);

2) A aprovação pelos demais apóstolos da atitude de Pedro em relação a Cornélio, que os levou a glorificar a Deus por sua graça concedida aos gentios (At 11.1,18);

3) O surgimento da primeira igreja gentílica, em Antioquia da Síria, onde os discípulos foram pela primeira vez chamados “cristãos”. Para averiguar a mistura religiosa entre judeus e gentios, a igreja de Jerusalém enviou Barnabé, que muito se alegrou (At 11.19-26);

4) A reunião de Barnabé e Paulo em Antioquia. Durante um ano inteiro trabalharam ali, fortalecendo a fé daqueles irmãos e, assim, fazendo daquela igreja um centro avançado de apoio missionário (At 13.1-3).

É o intento divino salvar todo aquele que crê, sem distinção de etnia, cor ou origem (Rm 10.12). Para tal, Deus agiu e ainda age estratégica e eficazmente (Gl 2.8; 1Ts 2.3b).

A igreja precisa acatar as orientações do Senhor e lançar mão das oportunidades que ele oferece. Em nível local, algumas estratégias usadas por Deus para capacitar seus filhos são as conferências, os congressos e os encontros de caráter missionário. Em escala mundial, a soma de forças pelas igrejas, em prol de uma Junta Missionária, possibilita o melhor avanço do cristianismo.

O despreparo na Palavra de Deus afeta diretamente a missão evangelística. Como mudar esse quadro negativo?

3ª condição: persistência diante das dificuldades de percurso

É comum o mesmo perfume apresentar cheiros diferentes quando aplicado em pessoas diferentes. Isso acontece porque os odores corporais são únicos e resultam de vários fatores, como a alimentação, as características pessoais, os lipídios e ácidos graxos que a pele exala.

Essa verdade aplica-se ao “bom perfume de Cristo”, que revela em todo o mundo a declaração de intenções para salvar, da parte de Deus (1Tm 2.4). A fragrância do conhecimento de Deus reage diferentemente de pessoa para pessoa. Ainda que o evangelho manifeste em todo o mundo essa fragrância, muitos optam por não acolher essa proposta amorosa e, por isso, não podem ser salvos (2Ts 2.10).

Aquele que se propõe evangelizar não pode frustrar-se a cada ato de resistência. Isso representará perda de foco e, com o tempo, trará para o pregador um desânimo perigoso. Para isso, é preciso uma postura humilde, a atitude de quem está apto para entender a honra de ser o instrumento das insondáveis riquezas de Cristo, pela pregação (Ef 3.8).

O que podemos depreender da leitura de 1Coríntios 3.6,7, no que se refere à eficácia da pregação do evangelho?

Conselhos úteis


O fato de o evangelho dirigir-se a todas as pessoas não significa que todas as pessoas serão salvas. A razão disso é simples: o pecado também tem alcance universal (Rm 3.9-12). Nem todos os pecadores reagem conforme o esperado – arrependimento e fé – trazendo para si a condenação (1Co 1.18; 2Co 4.3). Mas isso em nada diminui a necessidade da pregação do evangelho, a tempo e fora de tempo (Cl 4.5).

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