sexta-feira, 12 de julho de 2013



A QUEDA DA BABILONIA
Apocalipse 17 é para muitos um enigma; mas deixa de sê-lo, feitas as combinações indicadas. Com dramática intuição o profeta pinta com palavras o seu quadro. Uma mulher está sentada sobre uma besta escarlate. “Em sua cabeça estava um nome com significado secreto”. Ela estava vestida de púrpura real e de um escandaloso escarlate; seu título: “Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da Terra.”
Esta linguagem é impressiva; contudo podemos formular a pergunta: Quem é esta mulher chamada “Mistério, a grande Babilônia?” Não pode haver dúvida quanto a sua identidade. Mulher em profecia representa Igreja. A mulher do capítulo 12 é um belo símbolo da Igreja verdadeira de Jesus, mas esta mulher do capítulo 17, de caráter corrupto e natureza enganadora, contrasta em todo sentido com aquela. Deus compara o Seu povo a uma mulher “formosa e delicada”, ou “uma mulher dedicada ao lar” (margem). Jer. 6:2. Mas esta não é uma mulher caseira. Ao contrário, ela corteja reis em vive em relação ilícita com o mundo. Não está vestida de “linho fino” que é a “justiça dos santos” (Apoc. 19: 8), mas está prodigamente ataviada em púrpura e escarlate, e adornada com ouro e jóias de alto preço. João viu que ela estava também embriagada com o sangue dos mártires de Jesus. Ele contemplava esta igreja apóstata subsequente aos séculos de perseguição. Ela sustentava em sua mão um cálice de ouro cheio de “abominações”. Na Escritura as palavras “abominação”, “mentira”, “imagem de escultura” e “falsos deuses” são usados como sinônimo. Veja I Reis 11:7, 2, 3; Isa. 44:15, 19, 20. Este não é o cálice da salvação pelo qual Davi no passado orava (Sal. 116:13), mas está cheio de falsos deuses e abominações mentirosas, como a contrafação doutrinária do sacerdócio – um falso sacerdócio que se arroga o poder de perdoar pecados e decidir casos. Santo Alfonso e Liguori, escrevendo com imprimatur papal, diz: “O sacerdote tem a posse das chaves, ou o poder de livrar do inferno os pecadores, de torná-los dignos do paraíso, e de mudá-los de escravos de satanás em filhos de Deus. E o próprio Deus está obrigado a manter o julgamento de seus sacerdotes, de perdoar ou de não perdoar”. – Dignity and Duties of the Priest, p. 27.
Blasfêmia incrível! Milhões de almas sinceras, porém, crêem nisto e vivem em harmonia com esta crença.
E a mulher tinha na mão “um cálice de ouro”. Uma das doutrinas mais importantes desta igreja apóstata é o sacrifício diário da missa. A hóstia no ostensório de ouro eles dizem ser Jesus vivo. Sagrada como seja a doutrina da transubstanciação para o católico romano devoto, é sem dúvida idolatria dizer que esse pedaço de pão é na realidade o Criador do Céu e da Terra.
A aplicação desta profecia à Igreja de Roma é praticamente universal.
A besta que a mulher cavalgava, como as outras bestas da profecia, representa o poder político ou civil. Sustentada pelo poder do Estado, esta mulher, símbolo da igreja apóstata, é vista conduzindo e controlando as nações. Ela o faz para os seus próprios fins. Estudantes de História reconhecem nisto o padrão do catolicismo romano durante os últimos 15 séculos, pelo menos onde ela tenha sido suficientemente forte para obter o controle.
Por ocasião do jubileu do papa Leão XII foi cunhada uma medalha, trazendo de um lado a efígie do papa e do outro um símbolo da igreja católica romana. Nesta medalha vemos uma mulher sustentando em sua mão esquerda uma cruz, e na direita um cálice, com esta legenda em torno: “Sedet super universum” (O mundo todo é sua sede). Este positivo cumprimento da profecia é apenas um dos muitos que poderiam ser mencionados. A apostasia e o anticristo que o apóstolo predisse haveriam de surgir, e se assentariam no templo de Deus, querendo parecer Deus (II Tes. 2:3, 4), não é alguma coisa para o futuro – está no mundo hoje.
Ela trazida escrito o nome “Mistério, a grande Babilônia”. Quando os cultos misteriosos da antiga Babilônia entraram na igreja, foram postos os fundamentos para o mistério da iniquidade. Os mistérios tomaram a forma de religião apenas pouco tempo depois do dilúvio, tendo sido uma definida tentativa de destruir o conhecimento do verdadeiro Deus na mente dos homens.
Ninrode, “poderoso caçador diante da face do Senhor” (Gên. 10:9), fundou o reino de Babilônia, e a lenda diz que depois de sua morte, a rainha, depravada e licenciosa, ávida por manter sua influência sobre o povo, instituiu certos ritos em que era adorada com Rhea, a grande “mãe” dos deuses. Esta rainha caldéia é um apropriado protótipo desta mulher do Apocalipse, em cuja testa está escrito o nome “Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da Terra”. Quando João a viu, ela estava embriagada. Mas sua devassidão estava no fim; ela estava aguardando julgamento. João se admirou do que via, e não era sem motivo. O anjo, desdobrando ante ele o mistério de tudo, disse: “A mulher que viste é a grande cidade, que reina sobre os reis da Terra”. Apoc. 17:18.
Nove vezes no Apocalipse encontramos a expressão “grande cidade”, como aplicada a este sistema apóstata. A mulher representa o poder eclesiástico; a besta o poder político. Neste símbolo encontramos completa união da igreja e do Estado, e todos cujos nomes “não estão escritos no livro da vida” ficam admirados ao testemunhar o surgimento e influência deste tremendo poder político-religioso descrito com “a besta que era, e que já não é, e há de vir”. verso 8.
Tendo recebido reconhecimento político estatal em 538 pelo efetivo decreto de Justiniano, este poder apóstata em Roma começou o seu domínio, que devia durar 1260 anos. Mas recebeu um “ferida mortal” nas guerras napoleônicas, e o próprio papa foi levado prisioneiro. Isto ocorreu em 9 de agosto de 1798.
Em 1929 o papa recebeu o reconhecimento o soberano governador. Assim alguns interpretadores sustentam que se pode dizer que a besta, ou poder político do papado era de 538 a 1798; já não era de 1798 a 1929; e agora é.
Ao tempo em que esta profecia teve sua especial aplicação, 5 das 7 cabeças da besta já haviam “caído”. Embora possa não ser sábio mostrar-se dogmático sobre a identificação dessas cabeças, é significativo que há 7 diferentes e distintos poderes introduzidos nas Escrituras pelos símbolos proféticos. Estes estão claramente indicados: Babilônia (o leão, Dan. 7:14); Pérsia (o urso, verso 5); Grécia (o leopardo, verso 6); Roma pagã (a besta com 10 chifres, verso 7); Roma papal, ou eclesiástica (a besta com 7 cabeças de Apoc. 13; também a ponta pequena que falava grandes coisas e proferia blasfêmias, Dan. 7:8; Apoc. 13:2, 5); republicanismo ou democracia (a besta com 2 chifres, verso 11); e a última grande confederação do mal (a besta escarlate, Apoc. 17:3).
Ao tempo em que esta profecia de Apoc. 17 tem sua especial aplicação, 5 desses grandes poderes já haviam caído. Eram eles Babilônia, Média-Pérsia, Grécia, Roma pagã e Roma papal – sendo que a ferida mortal foi infligida ao papado em 1798.
Com a eleição do Papa Pio XII agora no passado, e a lembrança da aprovação quase universal que ela recebeu, o lugar do papado nos negócios mundiais parece situar-se em condição mais favorável agora do que em qualquer época de sua longa existência.
Sim, “muita água já passou por baixo da ponte da política internacional”, e o fundamento está sendo lançado para o súbito ressurgimento do papado para um domínio de amplitude mundial. Mas o anjo declarou: “Quando vier, importa que dure um pouco de tempo”. Apoc. 17:10. Nunca mais este poder dominará por séculos como aconteceu no passado. Este poder será grande, mas só durará pouco tempo.
Uma diferença significativa entre a besta semelhante ao leopardo de Apoc. 13 e a besta cor de escarlate de Apoc. 17 deve ser posta em destaque. Cada uma delas tem 10 chifres, mas enquanto os chifres no leopardo tem 10 coroas, nenhuma coroa é mencionada na descrição da besta escarlate. Esta última besta é descritiva de um certo período na História em que coroas e monarquias, até certo ponto, estão fora de moda: os 10 chifres, disse o anjo, representam 10 reis, embora sejam reis sem coroa; possuem, porém, poder dominante, e podem ser melhor chamados ditadores.
Agora o profeta fica sabendo que esses assim chamados reis “tem um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta” – verso 13. Isto quer dizer que eles abandonam à besta o seu poder, prova de sua confiança neste reino restaurado. Mas esta grande nova confederação de poder político e eclesiástico tem pouca duração. Eles reinam como reis juntamente com a besta “por uma hora” – verso 12. Alguns interpretam a expressão “uma hora” como real medida de tempo, ou seja, 1/24 de um dia; e 1/24 de um dia profético ou ano literal seriam 15 dias. Em qualquer caso, é sem dúvida um período breve de tempo, mas suficiente para que este ressurgido poder mostre-se blasfemo e arrogante ao dizer: “Estou assentada como rainha, não sou viúva”. Apoc. 18:7. Para gravação do pecado, esta confederação maligna, dita sentença de morte a qualquer que recuse render-lhe homenagem. Quem quer que se identifique com ela, a besta, receberá o seu sinal. Apoc. 13:16.
Este poder restaurado do papado realmente constitui outra cabeça; e quando, por um breve tempo, a besta e o falso profeta unirem seus poderes, formarão então outra cabeça, isto é, “o oitavo rei”. Mas esta oitava cabeça “procede dos sete”. Apoc. 17:11.
Ela diz que não é “viúva”. Enviuvara quando foi despojada de seu poder temporal em 1798, mas antes do fim do tempo ela será completamente reintegrada, e todos, “povos, e multidões, e nações e línguas” lhe renderão homenagem. Apoc. 17:15. Os reis da Terra cometerão com ela adultério espiritual. Em outras palavras, estarão com ela em aliança ilegítima. Apoc. 18:3. Esta será a maior união de igreja e Estado que o mundo já conheceu.
A fim de que o Seu povo esteja preparado para esta tremenda crise, Deus está enviando Sua última mensagem de misericórdia. Todo o mundo será iluminado com a glória desta mensagem (verso 1) que declara Babilônia, ou a igreja caída, como havendo-se tornado “morada de demônios, e coito de todo espírito imundo, e coito de toda ave imunda e aborrecível” (verso 2). A pomba é o emblema do Espírito Santo, mas os emblemas de Babilônia são aves imundas e aborrecíveis, abutres que se alimentam no monturo. Por suas feitiçarias ela enganou as nações (verso 23), e agora estas, embriagadas com o seu vinho, estão vivendo em aliança espúria com ela, enquanto os mercadores estão enriquecendo com o seu comércio. Babilônia não é uma igreja. Em Apoc. 17:5 ela é chamada “mãe das meretrizes”; tem filhas – as outras igrejas – e estas participam da mesma natureza não santificada e são achadas bebendo o vinho de Babilônia e ensinando suas doutrinas que não estão em harmonia com a Bíblia.
“Sai dela, povo meu”. Apoc. 18:4. Este é o chamado de Deus hoje. “Apesar das trevas espirituais e afastamento de Deus prevalecentes nas igrejas que constituem Babilônia, a grande massa dos verdadeiros seguidores de Jesus, encontra-se ainda em sua comunhão. Muitos deles há que nunca souberam das verdades especiais para este tempo. Não poucos se acham descontentes com sua atual condição e anelam mais clara luz. Debalde olham para a imagem de Jesus nas igrejas a que estão ligados. Afastando-se estas corporações mais e mais da verdade, e aliando-se mais intimamente com o mundo, a diferença entre as duas classes aumentará, resultando, por fim, em separação. Tempo virá em que os que amam a Deus acima de tudo, não mais poderão permanecer unidos aos que são ‘mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela’.
O capítulo 18 de Apocalipse indica o tempo em que, como resultado da rejeição da tríplice mensagem do capítulo 14, versos 6-12, a igreja terá atingido completamente a condição predita pelo segundo anjo, e o povo de Deus, ainda em Babilônia, será chamado a separar-se de sua comunhão. Esta mensagem é a última que será dada ao mundo, e cumprirá a sua obra. Quando os que ‘não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade’, forem abandonados para que recebam a operação do erro e creiam a mentira, a luz da verdade brilhará então sobre todos os corações que se acham abertos para recebê-la, e os filhos do Senhor que permanecem em Babilônia atenderão ao chamado: ‘Sai dela, povo Meu’. Apoc. 18:4. – O Grande Conflito, p. 389.
Os juízos de Deus estão prestes a cair na forma das 7 últimas pragas, e todos os que se recusarem a separar-se de Babilônia e de seus pecados serão destruídos com ela. “Fugi do meio de Babilônia”, foi a mensagem de Deus a Israel quando a antiga Babilônia estava para cair. Jer. 51:6. Essas pragas vem “num dia”. Apoc. 18:8. Trata-se aqui de um dia profético, ou um ano literal. Quando os que puseram sua confiança neste grande poder mundial testemunharem o completo colapso de toda esta confederação política, econômica, financeira e educacional, exclamarão perplexos: “Ai! ai daquela grande Babilônia, aquela forte cidade! Pois numa hora veio o seu juízo”! – verso 10. Quatro vezes encontramos a expressão “uma hora”. É somente por “uma hora” que as potências do mundo reinarão com ela (Apoc. 17:12) em “uma hora” vem os seus juízos (Apoc. 18:10); suas riquezas se tornam em nada em “uma hora” (verso 17); e em “uma hora” é posta em desolação (verso 19).
Como os edificadores da antiga Babel, cujos esforços para constuir uma torre cujo topo alcançaria os céus foram frustrados, sendo eles espalhados pela mão divina, assim esta moderna estrutura babilônica, cujos pecados “se acumularam até os céus” (veso 5), também entrará em colapso. Os mercadores que enriqueceram com a abundância nela existente acabarão por voltar-se contra ela e destruí-la. Apoc. 17:6. Mercadores do mar e negociantes de preciosidades, agricultores e industriais, escultores e artesãos, todos lamentarão a sua ruína. Apoc. 18: 9-17. Havendo posto nela sua confiança, veem suas esperanças dissipar-se ao testemunharem sua destruição.
Seis vezes lemos que ela não será mais – versos 21-23. Sua música, sua indústria, suas finanças, seu comércio, não serão mais. Sua destruição será completa, e Deus a responsabiliza pelo sangue “de todos os que foram mortos sobre a Terra” (verso 24) – um tremendo quadro das cenas finais que se verão quando da vinda do reino de glória! No momento em que toda a confederação do mal declara guerra a Deus e Seu povo, a promessa é que “o Cordeiro os vencerá… e os que com Ele estão, chamados por Sua graça. Ele nos elegeu para sermos povo santo; compete-nos a nós sermos fiéis. “Bem está, servo bom e fiel”. Mat. 25:21.
“Vindas são as bodas do Cordeiro!” Que tema para o cântico da multidão! E João ouve-os proclamando louvores. É na verdade um grito de triunfo. O grande sistema do mal e do engano está vencido. A grande e orgulhosa Babilônia está agora em desolação, e os santos estão prestes a receber sua final recompensa. Do trono ali presente ecoa uma ordem festiva, convocando os servos de Deus e a todos os que O temem, tanto grandes como pequenos, fazerem ouvir suas vozes em louvor. Esse coro é como o som “de muitas águas” e como “a voz de grandes trovões”. Eles clamam, em triunfo: “Aleluia, pois já o Senhor Deus Todo-poderoso reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-Lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a Sua esposa se aprontou.” Apoc. 19:6, 7.
Em Apoc. 21:9, 10 a esposa é claramente definida como sendo a Santa Cidade, a Nova Jerusalém. Em outros textos, porém, é a Igreja chamada “esposa”. No Apocalipse mesmo, a esposa é mencionada como ataviada em “linho fino, puro e resplandecente, sendo isto chamado “a justiça dos santos” – uma figura dificilmente aplicável a uma simples cidade material. Apoc. 19:8. Há qualquer contradição aqui? Absolutamente, não. A cidade é a esposa, mas uma cidade sem habitantes é apenas um aglomerado de edifícios e ruas. É o povo que ocupa a cidade, que reside em seus edifícios, que faz a cidade o que ela é. E a Nova Jerusalém, com seus muros de jaspe e ruas de ouro, toda radiosa com a glória de Deus, deve ficar repleta de justos de todas as eras. E mais, a Cidade Santa não é apresentada no Apocalipse como esposa até que todos o santos a estejam habitando.
Por esta esposa, ou a Igreja, o esposo celestial pagou um dote muito mais valioso do que ouro ou pedras preciosas. Este dote foi o Seu próprio sangue, por Ele livremente derramado.
Após Seu sacrifício veio o intervalo de separação, quando Ele voltou para a casa de Seu Pai, tempo durante o qual a esposa devia preparar-se. Ela devia ser vestida de “linho fino, puro e resplandecente”, que é a “justiça dos santos”. Apoc. 19:8.
Antes que Ele deixe as cortes de glória, depois de haver concluído Sua intercessão, virá perante o Pai, o Ancião de Dias, sendo-Lhe aí dado o “domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas O servissem”. Dan. 7: 13, 14. Então é feito o anúncio: “Alegremo-nos, e regozijemo-nos, e demos-Lhe a glória, porque são vindas as bodas do Cordeiro, e já a Sua esposa se aprontou”. Apoc. 19:7.
Se consideramos a Santa Cidade como esposa, então sabemos que ela está pronta. Mas resta aos habitantes dessa cidade preparar-se, pois logo o Esposo surgirá com toda a autoridade do Céu, ao vir como Conquistador para reclamar o que Lhe pertence.

Nenhum comentário:

Postar um comentário